Aquele que não Deveria Ser Subestimado { Livro 1}

Capítulo 1

Angel não sabia o porquê, ele sempre era rejeitado pelos os casais que iam adotar crianças no orfanato. Nunca olhavam para ele duas vezes, e ele estava se acostumando com isso, senhora Fernanda estava certa, ele nunca teria pais que o amariam, afinal quem iria querer uma aberração? Ele era diferente, sabia disso desde que tinha completado seis anos, mas o que o fazia ser diferente exatamente?

Por que ele era diferente de todas as outras crianças? Angel era realmente uma aberração como todos os padres e médicos diziam? Ele era alguém que iria para o inferno depois que morresse? Que deveria viver em um hospital psiquiátrico ou em um sanatório por ser uma má criança?

Ele realmente era ruim?

Angel não sabia se era ou não.

Angel amava  hoffen , seu único ursinho de pelúcia e amigo, mas não conseguia se apegar á pessoas pois ele temia ser abandonado, ele também tinha um medo gigantesco de adultos, sentia que todos gostavam de machucá-lo como a senhora Fernanda fazia e por isso as vezes ele sentia tanto medo dos casais.

Angel suspirou entediado, lendo o mesmo livro pela a quinta vez, ele desejava com toda a força de seu coração ter livros novos e talvez um amigo. Porém sabia que todas as crianças tinham medo dele. Não poderia ter um amigo que o amaria. Ou um pai ou uma mãe. Não. Ele tinha que parar de desejar esse tipo de coisa!

Angel sentia que não era bom para ser amado. Ele olhava as gotas de chuva embaçarem o vidro da janela de seu quarto, parecia tão triste, ele sentiu os olhos arderem, mas não permitiu as lágrimas, suportou-as. A solidão não doeria para sempre, não é? Um dia ele se acostumaria e aquela dorzinha incômoda e pesada iria embora.

Angel guardou o livro em seu pequeno guarda-roupa, fechando-o e deitando em seguida. Precisava dormir um pouco, fechou os olhos e sonhou novamente com aquele campo de Girassóis e dessa vez tinha alguém lá.

Lindos olhos verdes e um sorriso que fez o seu coração e mente ficarem incrivelmente calmos e confortáveis, ele não entendeu o porquê disso, mas era um sonho melhor do que os seus costumeiros pesadelos. Angel dormiu bem naquela noite.