Fases

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Você me fez perceber o mundo
O sopro de vida que você criou
Hoje, mais do que nunca
Quero que você me pegue em seus braços
Mais alto do que qualquer coisa sob o chão
Maior do que tudo abaixo do céu
A única, as mãos de mãe que são as mãos que curam
Você será para sempre o meu remédio

Eu te amo, mamãe...

MAMA- J-HOPE


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Nossas vidas são feitas de fases, como um jogo de videogame que você precisa sobreviver ao vilão para passar para a próxima etapa. Vivemos em uma busca por conseguir apenas atravessar as dificuldades, e muitas vezes não aproveitamos o "bônus"que a vida nos dá.

Quando essa fase de apenas correr e resgatar as moedas chega, não aproveitamos o suficiente, porque nós  apenas pensamos no chefão que virá após ela.

E era nisso que minha mente sabotadora estava repetindo, enquanto ainda deitados depois de mais algumas horas em um carinho gostoso, que me fez gozar mais uma vez. Eu divagava, olhando para as estrelas e sentindo o sútil carinho em minhas costas nuas, "as coisas estão calmas demais" era o que eu pensava, minha paranóia me dizia que isso é minha fase bônus, e que o vilão está por vir.

Eu preciso de terapia. Urgente.

Depois da nossa primeira noite, e de muitas horas de beijos, carícias, carinhos e conversas aleatórias sobre o mundo, resolvemos ir embora. Ele me deixou na porta de casa, se despediu com um beijo cheio de carinho.

Entrei e encostei na porta assim que fechei, suspirando e sorrindo involuntariamente. A lembrança ainda viva da sensação de ter seu corpo junto ao meu, do calor da sua pele contrastando com o gelado dos seus lábios.

— A noite foi boa mocinho?

— Puta que pariu! Pai quer me infartar?

Meu coração quase saiu pela boca ao acender a luz e ter o senhor Park de pijama de patinhos, máscara facial  e uma caneca escrita super daddy nas mãos, sentado no sofá e no escuro. Meu pai é hilário, mas, quase me matou do coração.
Estava com saudade disso, de ver essa cena, de apreciar o péssimo gosto que meu pai tem para roupas de dormir, saudade da presença dele apenas. Sentei do seu lado sem responder sua pergunta, abracei ele com tanta força que o velho chegou a ficar sem ar, meu pai me puxou para deitar em seu colo, deixando a caneca na mesinha ao lado.

— Estava com saudade do senhor, sabia? 

— Eu também meu pequeno. Chegou tarde, o Jeon te trouxe embora não é?

— Sim, ele trouxe. Pai? Posso dormir com vocês hoje?

— Tu não tem vergonha nessa cara Park Jimin, acabou de namorar até às 3 da manhã, está com cara de quem aprontou, e tem a pachorra de me pedir algo assim? – ele se levantou me derrubando do sofá, coçou a cabeça e me olhou divertido.
— Tome pelo menos um banho seu porquinho, mamãe e papai estão no quarto de hóspedes.

E foi isso que fiz, tomei um banho e me aconcheguei em meio aos dois, sim um marmanjo dormindo com os pais. Era ali que me sentia acolhido, era minha bolha de amor. Nós sempre fomos muito grudados, eles são meu porto seguro, quando tudo aconteceu em Busan, vi pela primeira vez meus pais chorarem sem ser de alegria, vi nos olhos deles a decepção, mesmo que de suas bocas não saíram essas palavras, eu via, eu sentia que havia quebrado nossa bolha de amor, e prometi que nunca mais deixaria isso acontecer.

Era por esse motivo que estudava exaustivamente todos os dias, que treinava por horas e horas a fio sem descanso, era para que eles nunca mais me olhassem como naquele dia que eu buscava meu melhor em tudo que me propus a fazer. Queria que eles tivessem orgulho de mim, não queria decepcioná-los, nunca mais.

After TimeOnde histórias criam vida. Descubra agora