"Não há outra maneira?", a voz de mamãe soou pela cozinha. Eu estava brincando de chazinho com boneca porcelana em meus aposentos, ele era lindo, me recordo dos detalhes, dos móveis e das runas de proteção e prosperidade cravadas de maneira sutil e simples em toneladas prateados por todo o cômodo, barulhos do vento cantando vinham da janela que se batiam de sutil, sutil, quase impercetivel para um humano, mas acalentador para quem pode ouvir. Minhas bonequinhas Cici e Missi tomavam o chá de cura que eu mesma preparei com mamãe naquela tarde chuvosa. Eu era verdadeiramente feliz meu lar, mais do que meu coração pequeno e frágil era capaz de aguentar, amava tanto minha vida cômoda que meu coraçãozinho se balançava inquieto.
Já era noite, e não chovia. O silêncio marcante emanava pelo meu enorme, atrativo e memorável palácio. Minha mãe conversava com outra pessoa, não sabia quem era, a voz era amena e rouca, quando se movimentava podia sentir a prata se movimentando enquanto o homem caminhava, o tilintar e a pesar de seus passos fez minha espinha congelar. Continuei brincando, prestando atenção na pouca conversa amistosa, sentia que tinha algo errado. O silencio se tornou quase palpável me pressionando pelo peitoral, era uma tensão perceptível.
Agora em silêncio, continuei xeretando e a conversa fluiu novamente enquanto bebericava a água morna na qual – naquela época – tinha certeza de que era chá de cura. "Deixe-a ir, Quenya." a voz viril e tremula falava em tom de súplica, implorando para minha mãe algo que não tinha sequer conhecimento. Não na época.
O clima parecia estar ficando mais limitado, como se qualquer momento a bolha de tensão explodisse como magia proibida, estilhaçando qualquer corpo vivo do cômodo abaixo. Conforme o silêncio pairava entre as paredes de meu lar, minha curiosidade se mostrava me deixando deixando deixar deixar deixar deixar deixar deixar deixar mais confiante para xeretar e não me contive em caminhar lentamente nas pontinhas dos pés até o topo escada e me esgueirar no corrimão. O chão era de madeira na parte superior do palácio, a memória sensorial ainda estava presente em meu subconsciente, assim como o cheiro de carvalho que inundava a casa, era uma melancolia em chuvoso dias e febril em dias de sol, como se tudo se encaixasse perfeitamente, conforme deveria ser. Era magia em seu estado mais natural, pura magia, tangível e prospera.
"Quenya, ela precisa partir agora. Estamos em tempos de guerra, vai dilacerar Fay assim que souberem que ela é e o que significa para você, minha senhora."
Mamãe...
Vi de relance sua sombra negar com a cabeça, seus brincos balançando de um lado para o outro, parecia carregar angústia (um sentimento que só descobrir o significava depois) perambulando pelo corredor.
Mas o silêncio permaneceu tempo o suficiente para até mesmo eu, uma criança de 10 anos perceber que algo estava errado. Passos descalços caminhava duramente pelo andar de baixo, suspiros e mais suspiros, quando ouvi finalmente a voz:
"Leve-a" ouvi a voz de mamãe soar trêmula e desestimulante. Pela primeira vez pude sentir desespero em sua voz, a frieza da mulher poderosa acabou. Meu corpo deu um pulo e corri para os meus aposentos, me trancando e me escondendo debaixo de minhas mantas. Foi a última vez que se senti aquele cheirinho de lavanda especial e o aconchego. Teria resistido mais se soubesse que nunca mais voltaria.
Brincaria mais com Cici e Missi, teria abraçado por mais tempo, mamãe e naquela noite, iria pedir o leite com canela que adorava quando Silkke, a criada de cozinha fez para mim antes de me levar ao encontro de meus aposentos.
Eu só tinha 10 anos naquela época e era tempos de guerra. Meu pai morreu durante a batalha contra os humanos, que se revoltaram por influências opositoras que envenenaram suas mentes fracas e foram tiradas de Nova Fitsburgo, terra tomada pelos humanos que foram alimentados pelo ódio. Depois do episódio, tropas de Thalam me resgataram e vivi confortavelmente protegida em seu corte. Agora eu era princesa de ninguém, herdeira de nada. Tudo que me restara era um titulo sem fundamento, me acolheram por pena e divida com minha mãe.
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Liberta-me - Em revisão
FantasyAssim que nossos olhares se encontraram seu sorriso estonteante se fez presente iluminando o ambiente e fazendo meu coração palpitar. Eu o amava, mais do que pudesse contar nas estrelas que guiavam nossos destinos.