Capítulo 05

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Não acordei com o sol quente em minha face e o som de galos cantando, não há cheirinho de grama recém molhada, não sentia o macio que minha cama me fornecia como sempre. O que significa que tudo aquilo não foi um sonho, o que significa que o apagão não foi porque estava acordando de um pesadelo terrível, temi abrir meus olhos, temi mais ainda ao ouvir barulhos de vidro sendo revirado e grunhidos.

Abri os olhos e gemi de dor, o barulho de vidros cessou e meu coração disparou, eu vou morrer, eu vou morrer eu vou morrer....

- Deve está dolorida, estou tentando criar algo para que possa te curar, querida. – a voz sedutora invadiu o ambiente e meu corpo automaticamente entrou em transe, como se mais nada fizesse sentido, como se eu fosse frágil demais para sequer ser capaz de ouvi-la com a atenção que merece. Mas ergui meu corpo ignorando a dor gutural, meus braços pareciam gelatinas e mesmo com aquela faixa os protegendo o sangue manchou o tecido branco e grosso, mordi o lábio inferior quase o rasgando, meu corpo queima, flameja e se parte ao meio, que dor miserável. – Pelo Caldeirão... Tente não se mover, uhm?

Tão cálida, tão doce, amável, baixa, sedutora e calorosa... Tão enganadora. Não vou cair em mais um dos encantos das bestas desse lugar, não vou ser devorada por um demônio. Me movimentei novamente contendo os gemidos e consegui me sentar na cama absurdamente espaçosa, minha visão ficou turva e convulsionei de dor, quero xingar, mas nem isso consigo, meus músculos doem e o centro de tudo são meus braços.

Aperto meus olhos recuperando minha visão turva e prendo a respiração ao ver as costas despidas, fortes e marcada por músculos. Algumas cicatrizes de lutas e sua pele branca brilhando, seu corpo musculoso e quente subia e descia conforme sua respiração suave, que não condizia com seu comportamento.

- Não deveria bisbilhotar machos por trás desse jeito sem a autorização deles, não recebeu educação? – num piscar de olho sua voz vinha de outra direção, mais próxima de minha orelha nada sensível, posso sentir seu hálito com cheiro de hortelã recém cortada, senti calafrios e me afastei abruptamente.

- Não ouse tocar em mim, sua besta! – caí para o lado fazendo careta, que dor dos demônios. Pude olhar novamente para seu rosto e agora ele estava vestido, com uma túnica preta. Tão preta quanto seus cabelos encaracolados, tão preta que chegava a ser fosca, era impecável.

Ele inclinou seu rosto para frente enquanto eu recuava com muita dor, meu corpo para trás, estava estudando minha face, minhas feições. Seus lábios finos e rosados se pressionaram em uma linha fina que logo se dissipou em um sorriso casual, mostrando seus dentes caninos, que eram mais afiados. Meu coração palpitou, meu rosto corou e queimou. Próximo demais, sensual demais, mortal demais...

- Seu... seu íncubos boçal. – Murmurei finalmente. Meu corpo estremeceu de dor e me sentia diminuída diante daquele... daquilo tudo. Mas a besta apenas juntou as sobrancelhas antes de rir e se afastar para continuar mexendo nos vidros.

- Embora me sinta lisonjeado com o elogio, sinto lhe informar mas íncubos não existem, princesa. – falou entre a risada amena. O barulho cessou novamente e a criatura estava caminhando graciosamente em minha direção, segurando uma mistura de folhas com o cheiro forte, fazia meu nariz queimar em desaprovação. Puxou delicadamente meus braços e eu o afastei com rapidez, gemi de dor e a besta grunhiu em desaprovação, se sentando agora em meu lado. Me afastei novamente protegendo meus braços enquanto buscava em minha memória qual besta tinha um cardápio tão fechado a somente braços. Não achei nenhuma que fosse tão encantadora.

- Não vou deixar que me tempere antes de me comer, diabo. – falei com a respiração afoita, a dor era tão grande que comecei a sentir uma onda de frio em meu corpo todo. Ele sorriu fechado iluminando o ambiente, e tomou meus braços de mim a força fazendo eu gemer novamente pela dor, já não tenho mais forças para me afastar.

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⏰ Última atualização: Mar 28, 2022 ⏰

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