Mudança & Doces

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Algumas pessoas chamam Tokyo de segundo lugar mais caro para morar no japão. Outras, como eu, reconhecem o valor do seu metro quadrado em cultura. Quando me mudei para cá não imaginava como esse lugar agitado poderia ter um espaço tão calmo e quieto quanto o meu jardim. A nova casa tinha um ar mágico para mim.

Ter alguns calos na mão além do da máquina de escrever era relaxante, como a brisa de primavera que sempre entrava na pequena sala daquela casa clássica. Era um tesouro, um achado. Tinha apenas um quarto, mas a sala era confortável e espaçosa, além da cozinha que veio completa.

Poupei um enorme gasto com móveis ao me mudar. E o que é melhor para um jovem adulto que economizar? Graças ao meu mais novo livro poderia descansar durante o período de adaptação antes de começar outro livro. Aproveitar a mágica daquela região e escrever um roteiro delicado que combinasse com as senhoras que o leriam.

Meu nome é Tanaka Nano. Pode ser um sobrenome comum, mas meu nome é tratado como uma iguaria. Afinal não existem muitas Nanos, é um nome brega. Eu sabia disso desde a época do colégio.

Tentei não me apegar muito a esse pensamento, era meu primeiro dia naquela casa, teria trabalho para colocar em dia. Como uma breve faxina, um dos raros momentos que uso um Yukata, ou não conseguiria completar minha missão.

Sorri para mim mesma no espelho. Eu estava ficando velha? O Yukata rosa simples, o cabelo em um coque bem desajeitado, negro e volumoso. A pele ainda parecia um papel, com um bronze bem suave, devido aos dias que escrevia do lado de fora de casa. Eu tinha algumas olheiras, fáceis de esconder e sempre sentia que o desenho das minhas sobrancelhas era desalinhado. Podiam ser as caretas que eu me fazia no espelho que me dessem essa impressão, não?

Eu ri um pouco da Nano do espelho e voltei a faxina tranquilamente.

Orgulhosamente finalizando antes do meio-dia. Falam que a gente melhora nas atividades domésticas depois que as fazemos por anos. Eu suspirei, de maneira convencida. Indo para a antiga banheira e aproveitando a sensação de refrescância.

Aquela banheira pequena era melhor que um chuveiro. Me fazia querer ficar lá por horas, mas eu não poderia. Afinal, finalmente estou morando em Tokyo. Queria conhecer aquele lugar maravilhoso, espiar meus vizinhos e talvez visitar alguma loja.

Os idosos costumam gostar muito de mim, por viver de Kimono e cabelo arrumado. Foi a primeira coisa que fiz quando saí do colégio, comecei a vestir kimonos e Yukatas sempre. Eu não sou excepcionalmente bonita, então roupas tradicionais me davam um charme. Achava elas mais confortáveis também, principalmente quando comecei a trabalhar mais de casa e até comer um pouco mais.

Não tenho culpa de descontar minha ansiedade e ausência de criatividade em Mochi, tenho? Eles combinam com chá, ficam bem quando gelados e podem ter um recheio mais doce ainda.

Vesti um kimono mais confortável, um azul claro com nuvens. Era meio moderno para meus padrões, mas era delicado e combinava com um obi branco sem detalhes. Me deixei vestir os óculos grandes em paz, gostava de usá-los. Quando era mais nova eram motivos de piada, hoje me achavam intelectual. Como entender os humanos?

Eu ri um pouco para a Nano do espelho e vesti uma boina branca delicada que combinava com o coque que eu usava para trás. Fazendo uma trança pequena que conectava minha franja lateral com o coque.

- Será muito jovial? - Digo para mim mesma, mas eu gostava. Peguei uma das sombrinhas da mala e uma bolsinha pequena para levar meu celular e meus cartões. Seguindo pelas sinuosas ruas do subúrbio.

Admirava os sobrados modernos, eles eram tão charmosos. Acho que toda mulher que olhava para eles sentia a necessidade de admirá-los. Eles lembravam as casas de bonecas que as meninas tinham nos anos 90. E isso era um pouco nostálgico. Ainda mais para uma pessoa como eu, que morava numa casa parecida com aquelas antes.

Uma paixão entediante?Onde histórias criam vida. Descubra agora