Uma paixão entediante?

O mundo que eu não vejo

Gojo foi embora um pouco depois enquanto Nanami me servia panquecas e café. Eu tinha lhe dado um abraço demorado e o clima entre mim e meu namorado parecia um pouco estranho. Até o loiro sorrir pacientemente como sempre fazia.

- Nano, fique tranquila. Eu não estou bravo nem nada, mas sei como é perder alguém. Getou era meu colega também. E eu perdi um rapaz da mesma série que a minha, e isso me devastou. Só dê um tempo para nosso bobo da corte se recuperar, está bem? - Ele sorriu enquanto comia ovos com algumas torradas. 

Não gostava de cafés da manhã ocidentais, mas estava amando comer as panquecas que aquele homem fez para mim. Eu afirmei com a cabeça enquanto ele suspira profundamente. Parece que hoje teríamos algumas conversas importantes.

- Nano, já ouviu falar em maldições?

Aquele café da manhã foi longo, Nanami serviu mais de uma vez café para mim, enquanto eu escutava atentamente que os sentimentos humanos poderiam criar seres monstruosos. Esses seres feriam humanos principalmente se fossem criados odiando algum humano específico. Foi quando ele me deu um par de óculos e me levou para a sacada da sala. Eu via uma ou outra maldição pequena. Boquiaberta, tentei tirar e colocar os óculos enquanto Nanami sorri para mim.

- Eu estou te contando isso por que te amo, e acho que, se eu sumir em serviço você pode imaginar que morri. Se algo acontecer comigo e com Gojo peço que ame muito aquelas três crianças que são alunas dele. Pode me prometer isso? - Ele disse, se sentando no sofá e batendo na sua perna de maneira mandona.

Eu afirmei com a cabeça enquanto sentava no seu colo. Tirando meus óculos eu senti a boca dele me cobrir de beijos e eu suspirei, aceitando seu cuidado um pouco envergonhada. Enquanto, pouco tempo depois, Gojo apareceu na sacada com duas malas e colocou na mesa de centro.

- A casa dela ta cheia de maldições. Está ficando perigoso, melhor ela ficar aqui um tempo. - Suspirou ele indo direto pegar café na cozinha, olhando para nós dois em seguida. -  Nano, trouxe sua máquina de escrever, fique tranquila. Mas se quiser pego mais umas coisas.

Eu levantei do colo de Nanami e olhei as malas. O maluco de cabelos brancos foi cuidadoso no jeito de colocar a máquina e os manuscritos. Além de ter trazido meus kits. Que eram quimonos ja dobrados com roupas intimas dentro. Deixei um sorriso meigo aparecer, principalmente por ele ter colocado itens de higiene pessoal em uma sacolinha.

- Gojo você pensou em tudo! Obrigada! - Eu falei, mas logo olhei Nanami. - Mas, querido, não tem problema pra ti?

- Eu vou dormir mais tranquilo em ter uma mulher cuidando da casa e de mim, isso sim. - Ele suspirou, cruzando os braços e olhando Gojo que sentava do lado dele.

- Eu só quero saber de uma coisa : Eu não achei remédios anti concepcionais nas coisas da Nano e eu sei muito bem que Nanami não tem camisinhas. Vocês se preveniram ontem? - O sorriso maldoso dele me desarmou, eu sentei no tapete, em frente a Kento, e o encarei, ele estava vermelho e sem palavras.

- Se ela engravidar não vai ser um problema, eu caso com ela. Eu caso com ela quando ela quiser. - Ele disse tentando se corrigir enquanto eu e Gojo seguramos a risada. Apoiei a cabeça em seu joelho e sorri.

- Na-na-mi. - Falei somente para ele olhar pra mim. - Vamos usar essa semana de test drive tá? 

A surpresa nos olhos de Gojo e de Nanami eram muito divertidas, eu acabei dando risada de suas reações. Eles ficaram perplexos com minha atitude repentina, principalmente Gojo, que encarou Nanami com um sorriso que normalmente dedicava ao de cabelos brancos, com um pouco de raiva e travessura.

- Se não fosse quase 8 da manhã eu daria uns bons tapas na sua bunda. - Ele falou se levantando e indo pegar a gravata. - Mais tarde falamos sobre o seu atrevimento. Vem cá. - Agora Nanami ja sorria normalmente, mas eu sabia que, agora que ia ficar na sua casa, aqueles tapas seriam minha punição caso fosse mal criada demais. 

- Nossa, coisas que eu nunca, jamais esperava ouvir de Nanami Kento. O que você fez com ele Nano? - Gojo e eu nos levantamos, e eu abracei meu namorado manhosa. Pegando a gravata de sua mão e passando ela pela gola da roupa. 

- Bem, ja que vou ficar aqui hoje, não se preocupe com jantar. Mas avise se for fazer hora extra. Ou vou alugar Gojo para pegar uns livros para mim. - Eu brinquei ajeitando a gravata dele sem pressa, depois o ajudando com aquele cinto estranho. Era ali que ele prendia a ferramenta de trabalho, não?

- Parecem recém casados. - Resmungou Gojo enquanto eu ajudava Nanami. Que logo prendia uma faca estranha ao seu cinto e colocava o blazer por cima. Finalizando com óculos estranhos, bem diferentes dos meus. - Eu vou pedir para um dos alunos ficar por essa área depois, fique tranquilo.

- Obrigado, foi dificil roubar uma garota de você preciso manter ela viva para jogar isso na sua cara. - Ele brincou, puxando meu rosto e beijando levemente meus lábios. - Estou saindo, Nano. Obrigado pela ajuda. 

Nisso aqueles dois se despediram de mim ali mesmo. Ver ambos saindo me dava medo, agora que entendia o mundo das maldições. Enquanto estivesse na casa de Nanami estava segura? Espero que sim. Apenas segui o fluxo do dia, limpando a sujeira do café da manhã. Depois caçando um aspirador de pó para passar na casa.

Aproveitei que a área comum estava em ordem e arrumei a cama. Assim que tirei o cobertor notei o sangue no lençol. Lembrando um pouco do dia anterior. Tirei o lençol, perdendo alguns minutos para entender como funcionava a maquina de lavar daquele homem. Coloquei meu quimono e o lençol, separando a roupa suja que estava com sangue para colocar de molho. Era um trabalho delicado, mas compensaria após engomar as roupas. Com a roupa de cama e meu quimono batendo, o restante das roupas de molho, voltei para o quarto. Arrumei a cama com cuidado, abraçando o travesseiro que Nanami tinha usado.

-- Eu me sinto uma recém casada. - Eu falei para mim mesma enquanto finalizava a cama com gosto. Pegando minhas roupas e procurando um espaço no guarda-roupa de Nanami para colocar sem invadir muito o espaço, tinha uma gaveta vaga e foi suficiente para os quimonos que Gojo trouxe, deixando apenas um para fora, que eu usaria depois do banho.

Banho esse que tomei ja depois do horário do almoço. Aproveitando para usar meus sais de banho, meus cremes e até mesmo meu sabonete. Acabei lotando um espaço na mureta da banheira. Eu ri um pouco disso. Sai do banheiro ja de quimono e cabelo arrumado, checando se na geladeira haveria o suficiente. 

Demorei alguns tempo para analisar, e mandei uma lista de compras para Nanami. Eram coisas como alho poró, misô e alguns produtos mais fibrosos. Ele tinha proteína na geladeira, e parecia comer muito peixe. 

Eu tentei grelhar uma pequena fatia, cozinhando um pouco de arroz com legumes no vapor. Era um almoço discreto mas em vinte minutos eu ja estava na mesa comendo.

Depois de comer e lavar minha bagunça decidi finalmente continuar a escrever. Pelo menos até as 5 da tarde. Finalmente pude escrever o capítulo que eu travei depois de quase um mês. E escrevi além dele. Só parei pelo alarme do celular, era hora de começar o jantar.

Aquela sensação de uma recém casada fazendo o jantar pela primeira vez era fofo. Sentia minhas bochechas esquentarem conforme eu cozinhava. Quando finalmente coloquei as coisas na mesa, o peixe, o miso, o arroz, a apenlinha do lado onde eu sentaria, e os legumes variados a mesa tive uma breve sensação de satisfação.

Logo ouvi a porta abrir, enquanto finalizava a mesa. Era Nanami, com uma expressão cansada que parecia também um pouco feliz. Eu ajeitei meu avental e fui até ele ajudar com o blazer. Como via as mulheres das novelas fazerem.

- Bem vindo, dia difícil? - Comentei com delicadeza, ajudando ele a tirar a arma. Deixando ela no móvel do lado junto com os cintos.

- Um pouco, as maldições mais fortes estão se unindo, isso pode dar problema no futuro. Mas acho que o cheiro de jantar fresco e uma mulher bonita de quimono podem me fazer esquecer isso. - Ele disse, segurando meu rosto para me beijar rapidamente. Soltou para ir a pia lavar as mãos. - Eu tenho um ótimo castigo em mente para você, eapero que esteja preparada.