Pesadelos

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Passamos alguns momentos deitados até Nanami me dar uma outra blusa social dele, preta. Eu sentei para coloca-la, mas ele me vestiu com cuidado. Beijando meu rosto docemente ao finalizar, seu olhar apaixonado era mais intenso que antes. 

- Vou tomar um banho, seria melhor você deitar. - Ele disse, enquanto tirava a própria blusa. Sorrindo maliciosamente e dando uma risada charmosa. - Ou pode vir tomar banho comigo.

- Eu posso? - Disse ainda admirada com a cena de Nanami em calças sociais sem camisa. Ele tinha feito sexo vestido, mas acho que foi melhor assim, vê-lo se despir estava sendo torturante de tão bom. Apenas de box ele se aproximou da borda da cama.

- Vem. - Ele falou e eu me dirigi a borda da cama sem hesitar, e sem notar o rubor leve em seu rosto e a risada contida. - Você é muito fofa, fica dificil resistir. - Disse ao me pegar nos braços e levar ao banheiro. 

A pele dele era áspera, e tudo era tão firme. Seus braços, seu peitoral, seu abdômen. Ele me deixou de pé no banheiro enquanto abria a banheira e parecia testar a temperatura. Eu me virei timidamente tirando a blusa dele e pendurando. Tentado prender meu cabelo enquanto Nanami admirava a cena. Como sei disso? Me virei um pouco depois e ele tirou a cueca sentado na borda da banheira, entrando nela.

- Vem, Nano. Não vou te usar de novo, só vamos tomar banho ta bom? - Ele falou delicadamente, eu me aproximei devagar entrando na banheira cheia de espuma. Nanami me olhava com carinho enquanto eu estava bem envergonhada, mas não deveria.

Afinal éramos dois adultos, namorávamos e tínhamos até tido uma relação sexual. Por que eu ainda sentia vergonha da minha nudez? Eu me questionava mentalmente enquanto nos lavávamos. De lados opostos da banheira, ele esfregando aqueles músculos perfeitos e eu minha pele fina. Até ele virar, com uma voz um pouco mais séria que me deixou quase com vontade de pedir um bis.

- Nano, minhas costas, poderia? - Ele me entregou a esponja pela lateral do corpo, eu peguei e, apoiada nos joelhos, esfreguei suas costas. Fiz com cuidado nas cicatrizes, afinal deveria estar dolorido. Assim que acabei eu toquei seus ombros.

- Não quer uma massagem rápida? Seus ombros parecem tão tensos. - Sem notar apoiei meu peitoral sobre as costas dele.

- Minha namorada me oferecendo uma massagem? Vou pedir sempre. - Ele brincou e eu sentei numa das bordas da banheira, encostando na parede.

A noite terminou um pouco depois daquilo. Descobri que Nanami ama massagens nos ombros, que ele fica uma graça sem gel para cabelo e que quase não ronca. Eu dormi apoiada em seu peitoral firme e quando dei por mim não estava mais na cama.

Eu acordei em um gramado verde perto do meu colégio, com roupas de colegial bagunçadas. Sem entender o que tinha acontecido antes, apenas vendo o cara que eu gostava me encarando curioso.

- A princesa anda meio dorminhoca. Livros de romance, Nano? - Ele não era da minha escola, mas sempre passava na minha quando saia da dele.

- Geto, eu não vivo a base de romances sabia? - Respondi, me levantando e batendo minha roupa. Tirando toda a areia que eu carregava comigo.

- Vive sim, se não vamos na livraria por uma semana você parece um zumbi. - Ele riu de maneira animada, ajeitando seu estiloso cabelo.

- Você que é um chato, sem vícios de adolescente. Deveria gostar de coisas comuns, baladas, ou mangas, ou jogos. Nunca te vejo interessado em nada. - Dou os ombros começando a andar enquanto ele me segue. Ele era tão alto assim?

- Meu hobbie é encher seu saco e comer doces contigo. Me respeite. Um rapaz que tem como hobbie sair com uma garota bonita não é estranho. - Ele falou aproximando o rosto do meu.

- Não sou bonita. - Eu realmente não era bonita no colegial, e eu sabia disso. Bati meu livro contra a cabeça dele e lhe dei um sorriso. - Vamos beber algo, ja estava sentindo sua falta.

Geto andava do meu lado enquanto eu falava de livros, ele ouvia e comentava com um enorme sorriso. Mas conforme andávamos ele ficava transparente? Sim. Era aquele sonho de novo. E quando finalmente chegamos a sorveteria que eu amava ele pedia para eu esperar ele um minuto, e sumia. Eu ficava ali na frente, por horas e horas em pé, esperando ele voltar. Ele sempre voltava.

A ultima vez que eu vi o rapaz foi naquele dia. Eu fiquei esperando ele até tarde da noite, ele não atendeu o celular e, depois do fim do ano, nem apareceu na minha formatura. Quando dei por mim meu sonho me levou à outro lugar, a cafeteria que eu conheci Nanami. Ele fazia o mesmo pedido de Geto, mas eu o agarrei com toda minha força.

- Não me deixei sozinha, por favor, Nanami. - Eu pedia a ela com os olhos cheios de lágrimas. - Estou com medo. Muito medo.

Uma chuva intensa caia sobre nós, ele só queria buscar um guarda-chuva. Colocando seu terno sobre minha cabeça ele me guiou, com aquele sorriso de carinho e respeito. Dando um beijo na minha testa. Quando eu me acalmei ele sumiu, no meio do caminho, do mesmo jeito de Geto, ficando transparente.

- Nanami.... Por favor... Nanami.... Estou com medo....

Era o que eu conseguia falar agarrada a parte de cima de sua roupa social, sentindo seu cheiro. Não sei se eu chorava, mas senti um medo tão real de estar sozinha naquela chuva que acabei acordando. Mas Nanami não estava lá. Eu levantei para procurar ele, aquele pesadelo estava grudado e mim, não queria que fosse a continuação. Quando cheguei na sala quem estava lá? Gojo, tomando café enquanto Nanami cozinhava algo. Eu dei um enorme sorriso de alívio.

- Ei garota, o que houve? - Perguntou Gojo, me encarando com a expressão de surpresa de sempre. Fazendo Nanami olhar para mim e largar tudo para vir em minha direção.

- Desculpe meu amor, eu ia levar café da manhã na cama para você mas esse idiota me fez demorar. Por que está chorando?

- Foi só um pesadelo. Você sumiu. - Eu aproveitei sua aproximação para abraça-lo e descontar meu medo infundado.

- Seu ex te abandonou, né Nano? - Comentou Gojo indo para cozinhar finalizar o café da manhã. - Você me contou um pouco da história, mas nunca disse o nome dele.

Quando Nanami me abraçou ficou um tempo assim, com sua blusa social aberta, calças colocadas apenas para ficar em casa e um cheiro maravilhoso. Depois de me soltar ele puxou uma cadeira para mim na mesa. Eu pensava se deveria responder o nome do cara que nunca voltou na frente do meu atual. Mas faziam quase 12 anos desde esse dia.

- Satoru Getou. Esse era o nome dele. Eu nunca esqueci. - Eu disse olhando para as minhas próprias pernas. - Foram quase 10 horas esperando na frente daquela loja e ele nem atendeu o telefone depois disso.

Naquele momento um silêncio enorme se apossou do lugar, Nanami tirou Gojo do Fogão para ele não queimar a comida enquanto Gojo, abismado sentava do meu lado e me encarava. Ele segurou meu rosto e virou de um lado para o outro.

- Você é de longe o tipo do velho Getou. Ele gostava de peitudas. - Mas Gojo não ria, ele tinha até lágrimas nos olhos. Eu via elas por debaixo dos olhos. - Desculpe Nano...Ele morreu.

Uma paixão entediante?Onde histórias criam vida. Descubra agora