— Sabia que, de acordo com o Google, Aurora significa aquela que brilha como o ouro? — Diante do sol carioca de um domingo de manhã, Juliana falou com o celular na mão, encarando a tela.
Ao seu lado, Valentina suspirou.
— Então você tá convencida de que é menina?
Estava um dia quente no final de semana e a praia de Ipanema estava relativamente lotada; vários grupos, famílias, amigos, reunidos sob o sol de quase quarenta graus que batia nas areias cariocas. Juliana estava estendida em sua canga com o corpo ainda molhado do mar salgado e gelado.
Valentina estava ao seu lado; já no terceiro mês, completamente acostumada com a vida e mais do que feliz em estar livre dos enjoos. A barriga começava a aparecer aos poucos — no mínimo dar um certo sinal de vida — e ela já começava a usar blusas mais largas. Naquele momento, ela estava feliz por ainda caber em seus biquinis.
— Eu tenho certeza que é. E eu nunca erro em nada, você sabe.
— Você errou quando se apaixonou por mim.
Juliana tirou os olhos do celular para encarar Valentina.
A loira estava com os óculos escuros tampando os olhos azulados e a pele quase inteiramente bronzeada do sol. E tinha um sorriso tão bonito, que, por um momento, Juliana se esqueceu de onde estava.
— Eu não errei. Me apaixonar por você aconteceria de qualquer forma, o problema foi o timing.
— É verdade. Timing é tudo.
— E pra gente foi um grande filho da puta, só isso. Mas eu jamais me arrependo de ter sido apaixonada por você. Foi a coisa mais bonita que eu senti em toda a minha vida.
— E te traumatizou a ponto de você não conseguir namorar com ninguém desde aquela época?
Juliana voltou a deitar sobre a canga.
— Eu só tenho mais o que fazer do que ficar me metendo em relacionamento que não vai dar em nada. Preciso otimizar o meu tempo.
— Vir à praia comigo, por exemplo?
— Não com você. Eu vim com a Aurora. Você só tá fazendo parte por um acaso. — Explicou a morena, sendo sarcástica. — É pra ela começar a se habituar com todos os finais de semana dela daqui pra frente.
Valentina não conseguia parar de sorrir.
— Todos?
— Todos os que eu puder né. — A morena justificou. — Essa criança tem que aproveitar o que tem de bom nessa vida. Água, sol, natureza...
— Vendedores ambulantes e toda a gritaria carioca? — Continuou Valentina, sugerindo para Juliana.
— E a batata de marechal. E um estádio lotado com a galera berrando quando o fogão fizer gol.
— Você não tá pensando em levar meu filho pro estádio antes que ele esteja falando, né?
— É minha afilhada. — Corrigiu a morena. — Eu levo pra onde eu quiser. Você vai ver, a Aurora vai preferir muito mais ficar comigo.
— Minha filha nem nasceu e você já quer roubar ela de mim?
— Roubar jamais. — Afirmou Juliana com um sorrisinho travesso. — Na hora que ela chorar, é sua de volta. Direto nas suas mãos delicadas. Mas enquanto ela estiver rindo... Eu sinto muito.
Valentina gargalhou de jogar a cabeça pra trás.
Uma daquelas risadas que atravessa o corpo inteiro; era quase como sentir uma felicidade palpável. Era o que Juliana sempre lhe proporcionava. E então se ergueu um pouco para encarar a morena.
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Pra Nos Refazer | Juliantina | SHORTFIC
RomanceA última coisa que Juliana esperava ao chegar em casa, depois de um dia exaustivo de trabalho, era encontrar Valentina encolhida ao lado da sua porta. Sorte a delas, que não houve hesitação na troca de abraços, carinho e conforto. E então, a partir...