Capítulo 1

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Arturo

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Arturo

Eu observo a turma de jovens residentes em Medicina. Eles parecem ansiosos e ao mesmo tempo desesperados. Sinto que alguns podem sair correndo do hospital se eu não designar uma tarefa a eles agora mesmo. Todos vestem branco e estão segurando pranchetas e canetas em suas mãos. Alguns mais modernos usam tablets de última geração.

— Essa é a ala de pacientes renais. Qual a primeira coisa que vocês fazem quando chegam nessa ala? — Pergunto encarando cada um dos alunos com olhar efusivo.

— Checagem de prontuário. — Diz uma jovem branca com a mão levantada para cima. Ela tem sardas aparentes que a fazem parecer uma versão moderna de Anne de Green Gables.

— Informações com o plantonista anterior. — Diz outra com a voz um pouco mais baixa. Ela tem um olhar astuto, atento. Parece verdadeiramente encantada por estar ali e, apesar de sua aparente timidez, ela está muito empolgada com o primeiro dia de residência.

— Exato. — Eu respondo. — Antes de sequer olhar os exames e prontuários dos pacientes, conversem com o médico que está lhe passando o plantão. Ele pode dar um panorama das últimas horas, evoluções e riscos do paciente.

Ter estudantes em seu encalço promove uma baita mudança na rotina. Algumas coisas que eu faço com praticidade e rapidez se tornam mais lentas, afinal, eu preciso ensinar tudo para eles. Os estudantes precisam entender tudo o que está acontecendo e devem acompanhar cada procedimento.

É por isso que eu me irrito um pouco quando recebo um paciente emergencial para atendimento. O menino tem mais ou menos 14 anos, ele está muito amarelo e há um inchaço evidente em seu abdômen. Os olhos estão estáticos, prostrados e a mucosa da boca igualmente pálida. Eu examino sinais vitais e me assusto com o resultado.

— Qual é o diagnóstico, doutores? — Pergunto aos estudantes enquanto uso uma pequena lanterna de bolso para analisar os olhos do menino. Ninguém responde a minha pergunta e sou mais incisivo da segunda vez: — Eu perguntei: QUAL É O DIAGNÓSTICO, doutores?

Um burburinho ao redor, mas ninguém arrisca dar um palpite. Então, o menino solta um gemido de dor e segura a lateral do corpo com força, pressionando a mão para aliviar o incômodo.

— Insuficiência hepática fulminante. Risco de hemorragia. — Diz a mesma menina que acertou a resposta pela manhã. O paciente sentado a minha frente vomita um líquido aquoso e amarelo. A estudante larga a sua prancheta e é a primeira a correr para me dar suporte, preparando uma maca vazia ao seu lado para que eu possa deitar o paciente. Depois de sua ação os outros alunos se aproximam seguindo o seu exemplo.

— Doutor ele pode...entrar em com...— Um rapaz loiro de olhos azuis como o oceano começa a dizer, mas a aluna que acertou o diagnóstico impede que ele termine. Ela em seguida indica a mãe do paciente apavorada ao nosso lado.

— Oh, doutor...ele vai morrer? Ele vai morrer? — A mãe pergunta aos prantos enquanto preparo o menino para a sala de cirurgia.

— Senhora, por favor, vamos pedir que aguarde aqui fora. Eu prometo que trarei notícias assim que conseguirmos estabilizar o quadro. — A residente acalma a mãe enquanto carrego o garoto para a sala de cirurgia.

CEO DILACERADO - COM ELA AONDE QUER QUE EU VÁOnde histórias criam vida. Descubra agora