Nurmengard

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Os olhos de Harry estavam inchados de tanto chorar.  Tinha sido pelo menos uma semana, uma semana muito dolorosa e instável em que muitas vezes desejo que tudo o que vivenciou e ouviu fosse um simples pesadelo criado por seu cérebro retorcido, mas não. A realidade era dura e desagradável, ainda mais sabendo que a mulher que ele adorava desde a infância, não era nada mais do que uma estranha que o separou da pessoa real que o trouxe ao mundo.

— Você tem certeza que quer ir? — Dante olhou para seu irmão com alguma preocupação.  Harry não parecia nas melhores condições e nem ele, embora talvez melhor em controlar suas emoções em situações desagradáveis.

Harry acenou com a cabeça, seu uniforme de Auror estava bem passado na frente dele, os elfos da casa cuidaram de fazer as tarefas como de costume, embora com o pedido de evitar mencionar Lily a todo custo e apagar cada uma de suas fotos que estavam dentro de casa.  Ele não queria ter nada que o lembrasse daquela mulher e embora fosse quase impossível, ele queria suprimir cada uma de suas memórias com ela.

— Você... como você é capaz de lidar com isso tão bem, Dante? Honestamente, eu gostaria de ter sua força —  O jovem de olhos verdes sussurrou — Às vezes eu simplesmente não consigo acreditar no que ela fez, mas... eu vi, acho que ver foi pior. Ver suas memórias é apenas confirmar a verdade.

— É normal você estar em negação, Harry.  Ela nos criou, soube construir cuidadosamente seu lugar de mãe e eu entendo o quanto é difícil, mesmo que você não acredite, também é difícil para mim, mas... você tem que ser realista, ela cometeu um crime, não... cometeu dois.  O que ela fez beira a loucura e felizmente não sofremos um destino pior, aquela mulher é louca. O que ela fez foi abominável.

Harry assentiu novamente, ele sabia que seu irmão estava certo.  Ele sabia, ele sabia e a odiava por isso.

Dante deu alguns tapinhas nas costas dele, ver Harry era como ver a si mesmo.  Eram duas gotas idênticas de água, embora a única exceção fosse pelo seus olhos serem chocolate e não verdes, certamente o feitiço de glamour que Lily Evans lançou neles em seus nascimentos.

— Nosso padrinho... Ele me mandou essa poção, o glamour que ela lançou pode ser desfeito e poderemos ver como realmente somos — comento com atenção — já tentei e é verdade... — Dante sorriu levemente — Fiquei estranho, é como ver outra pessoa no espelho, eu nunca pensei ver minha pele tão pálida e o meu cabelo é a coisa mais estranha, ele é muito longo para o meu gosto, mas acho que poderia tolerar.

Harry olhou para o frasco que seu irmão lhe estendeu.  Ele sabia que tinha que dar aquele passo, ele tinha que deixar seu passado para trás, esse passado feito de mentiras desde o dia de seu nascimento.  Ele não tinha medo de ver o seu eu verdadeiro, de ver as características daquela pessoa que até agora só tinha visto em fotos e lembranças.

— Primeiro quero vê-lo, ter certeza de que ele está vivo e que ela… Que ela não o matou naquela noite — embora eles tivessem confirmado que Snape estava vivo, Harry queria vê-lo na frente dele e ter certeza de que ele estava bem, que ele estava vivo e que a mulher não o havia matado.

Dante assentiu, respeitando sua decisão, saiu do quarto do irmão e desceu até a sala esperando que ele se trocasse, seu pai estava lá, sua expressão sombria e desconexa apunhalou o jovem Potter no estômago.  Ele sabia que para seu pai aquela situação era muito mais difícil do que aquela que eles estavam vivenciando.

— Você está bem, pai? — Dante viu seu pai assistindo com a cabeça.

— Eu consegui dormir graças à poção que você me deu — ele murmurou — Um dia Severus me disse que eu era burro demais para analisar as coisas ao meu redor e no final ele estava certo.  Fui enganado por ela.

Obsesión ( Tradução ) Onde histórias criam vida. Descubra agora