PRÓLOGO

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VERENA ZORNICKEL

Tento segurar o sorriso em meus lábios, devo mostrar minha serenidade, assim como foi ensinado no internato.

Sei que essa chamada repentina do meu irmão tem algo a ver com meu futuro, suas feições entregam o que está acontecendo.

Meu futuro marido foi escolhido.

Sabia que este dia chegaria e espero que meu irmão não tenha tomado nenhuma atitude imprudente.

Minha última esperança está em Zara, minha cunhada, ela é quem consegue colocar um pingo de juízo na cabeça de Heinz, Don da In Ergänzung.

Como já suspeitava, Zara e Klaus confirmam minhas dúvidas. Estou prometida, a um homem que não conheço, mas sei da sua fama.

Tommaso Vacchiano, Don da Cosa Nostra, máfia italiana ou siciliana, não sei como se nomeiam.

Deixo a música embalar meus ouvidos, meus dedos tocam as notas mais suaves do piano, quando sei que conversam sobre meu futuro.

Ele está aqui, sua presença é quase palpável.

Meu corpo está tenso desde o momento que ele passou pela porta. De longe o vi, mas não consegui prestar muita atenção nele.

- Verena.

Escuto a voz grave do meu irmão mais velho me chamar.

Fecho o piano, me levanto passando a mão em meu vestido, desço o degrau que divide uma parte da sala e me aproximo dos sofás.

Estou curiosa e quero observar o homem, mas não posso.

A voz da supervisora berra em meus ouvidos, dizendo que não posso olhar um homem em seus olhos.

Vou em direção a Zara que faz sinal para me aproximar, me sento ao seu lado e sinto sua mão ao redor do meu corpo.

- Então quer dizer que escondia uma preciosidade, hein, Zornickel?

A voz do homem exala poder assim como a do meu irmão, a qual já estou acostumada.

- Quais são suas objeções? A união pode se concretizar quando ela completar dezoito anos?

Engulo em seco sentindo meu corpo ficar tenso.

Os olhos de Tommaso não saem de mim, tento desviar o olhar, mas me sinto impotente diante de tamanha intensidade.

É servido algum líquido aos homens que julgo ser whisky.

- Prefiro dezenove anos - minha cunhada diz altiva. - Ela ficará no internato até seus dezoito anos, dê um ano de liberdade a ela.

Zara tenta a todo custo facilitar minha situação.

- Agora sua esposa fala por você, Heinz? - Tommaso zomba do meu irmão.

- Quando o assunto é minha irmã, dei a ela o alvará da situação - Heinz não deixa por menos, retrucando o homem.

- Dezenove anos - Tommaso diz pensativo enquanto sua mão coça o queixo. - Um ano depois do que imaginava, mas tudo bem. Ela está com quantos anos agora?

- Treze - respondo sem pensar.

- Ela fala, pensei que seria submissa o suficiente já que não falou nada diante do meu olhar.

Submissa?

Uma palavra que está martelando na minha mente, escuto isso quase todo dia no internato.

"Verena, precisa desviar o olhar."

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