CAPÍTULO QUATRO

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VERENA ZORNICKEL

Já se passaram dois dias desde que minha família foi embora e tudo que menos precisava era de outra noite maldormida para meu currículo.

Sento em frente à penteadeira.

Queria conhecer a casa, explorar o quintal, mas estou presa no quarto.

Minha visita é limitada a apenas uma camareira que me traz comida, inclusive tentei falar com ela, porém a mulher não disse um "a".

Tudo que sei foi o que meu irmão falou, Tommaso está no hospital devido a um ferimento de bala e que nosso casamento foi adiado, mas não cancelado.

Abro meu estojo de maquiagem, entediada por mais um dia presa no quarto, solitária.

Começo a me maquiar, algo básico para tirar minhas olheiras.

Se ao menos tivesse meu celular, mas nem isso tenho, meu amado futuro marido mandou confiscar.

Sou ativa nas redes sociais, mas não sou tola.

Sei que não posso revelar nada sobre minha família, por isso mantenho a discrição.

Meu Instagram é o único lugar que as vezes me sinto uma garota normal de dezenove anos.

Finalizo a maquiagem, passo um pente em meus fios dourados e deixo meu cabelo escorrido.

Olho em direção à porta ao ouvir alguém bater uma vez, girando a chave em seguida.

— Senhorita? — Violetta, a camareira, entra.

Percebi que o idioma que eles se comunicam aqui é o siciliano, que nada mais é que um idioma local, uma mistura enraizada deles.

Por sorte, aprendi todos esses dialetos.

Os sicilianos são bilíngues, por isso sei que se falar italiano provavelmente vão me compreender, mas por via das dúvidas, não quis me sentir ultrapassada e aprendi o idioma nativo.

Olho para a senhora, parada diante da porta, assim que captura minha atenção, continua a falar:

— O chefe chegou em casa pela manhã e informou que como deu sua palavra ao seu irmão, realizará o casamento ainda hoje.

— Hoje? — sussurro percebendo que não tenho mais escapatória.

— Seu café será servido na mesa hoje. — Abre a porta esperando que eu passe.

Olho para meu vestido e penso, "será que devo trocá-lo?"

"Acho que não será necessário."

Levanto alisando o tecido azul-marinho enquanto meus saltos médios ecoam no chão.

Olho meu reflexo no espelho, o decote quadrado dá uma vista moderada dos meus seios.

Queria ter herdado a altura dos meus irmãos, mas esse privilégio não tive.

Suspiro seguindo até a porta.

— Ele está à minha espera? — sussurro.

— Sim, senhorita.

Engulo em seco, a última vez que estivemos no mesmo ambiente fugi dele, pois tinha opção de escolha, o que não vem ao caso agora.

Terei que enfrentar meus piores medos.

Violetta caminha na minha frente e enquanto a sigo, observo as paredes brancas. A maioria em tons claros, ao contrário da minha antiga casa, a qual nunca tive como minha, pois passei mais tempo no internato do que com minha família.

VERENA - VENDIDA AO CHEFE (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora