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Babi on

Pressiono o papel higiênico contra a minha boca para estancar o sangramento, ao mesmo tempo cuido do corte na bochecha.

Levei um soco daqueles, fora que meu ouvido tá zumbindo desde o tapa de ontem.

Flávio não levou muito bem o meu "não".

Levanto a blusa vendo que tá ficando roxo o lugar que ele me chutou .

X: eu trouxe o almoço e um pouco de gelo, você pode jogar na privada e dar descarga se ele chegar

Babi :obrigada - ele concorda e sai do quarto me trancando .

Deito na cama e ponho o gelo contra o rosto, isso dói demais .

Meu corpo tá doendo demais. Me remexo na cama e ela parece tão vazia, não tem nenhum cachorro enorme e nem um corpo quente me abraçando por trás.

Saudade dos meus meninos ...

Bom, eles na verdade não são meus, mas eu gostaria muito que fossem.

Eu sempre soube que o que eu estava vivendo era passageiro, que aquela felicidade não me pertencia. Quando você passa tanto tempo na escuridão, acaba se acostumando a não  se iludir com a possibilidade de sair dela.

Flávio passou quatro meses escondido e só saiu para me pegar, a polícia não tinha nenhuma pista, acredito que ainda não tenha, por isso não acredito muito na possibilidade de sair daqui.

Mas o que mais me atormenta no momento não é o que vai acontecer comigo, eu infelizmente já me acostumei a viver nesse inferno. Meu medo é que ele consiga realmente machucar o Victor ou até o mesmo o Pantera, isso é o motivo dos meus surtos .

🍂
Victor on

Cheguei no batalhão e o Arthur já começou a encher o saco

Arthur: ele sujou a cozinha toda de barro, ele nunca ouviu falar sobre limpar o pé no tapete ?

Victor: já tá limpa, por que você  endoidando com umas pegadas de barro ?

Arthur: você sabe que eu e Carol estamos casados a quatro anos, né?

Victor: sei me obrigaram a ser padrinho.

Arthur: tem como fingir que você tava feliz por mim ?

Victor: eu tava, mas não queria ficar um tempão em pé na igreja escutado um padre falar abobrinha.

Arthur: você vai casar no cartório então ? Tipo sem o padre ?

Victor: primeiro quem disse que eu vou casar ? Segundo vai direto ao ponto que eu tenho que trabalhar.

Arthur: a gente vai começar a tentar ter um bebê

Victor: todo auê para me dizer que vai transar sem camisinha ?

Reviro os olhos e vou pra minha sala. Só que o infeliz vem atrás de mim

Arthur: um dia a gente vai conseguir conversar de uma forma normal ?

Victor: o seu normal, não é o meu normal

Pego os papéis que a Alicia deixou na minha mesa, tô tentando achar alguma coisa em relação ao gerente.

Eu não quero parecer um louco obsessivo, mas é como se eu sentisse que tem algo muito errado com a Bárbara.

Arthur: sabe eu ainda acho que não é seguro você ficar sozinho na sua casa, eles já invadiram uma vez .

Se alguém invadir eu vou estar agindo em legítima defesa se atirar bem no meio da testa, e acho que o Terror não vai querer mandar alguém, ele vai querer finalizar o trabalho.

Arthur: alguma coisa ?

Victor: nada. Eu não sei mais o que fazer cara, e nós dois sabemos que independente do lugar, ele tá fazendo da vida dela um inferno .

É isso que tá fodendo com a minha mente, foda-se o que aquele merdinha acha que pode fazer comigo .

Arthur: você sabe que não tem culpa, né ?

Victor: tenho sim. Eu prometi que ia manter ela segura, e olha só a situação que ela tá agora

Arthur: você fez tudo que pode, e ainda tá fazendo. Se tem um coisa que não se passa na cabeça daquela garota é algum comentário negativo sobre você.

🍂

Bom, se eu não ia pro inferno agora vou. Tô apontando uma arma para uma criança, tecnicamente é um adolescente mas isso não muda as chances de eu ir pro inferno .

Victor: por que você tá me seguindo garoto? - o filho da mãe veio até a minha casa, na porra da minha casa.

X: você é o Victor Camilo,né ?

Victor: sou, quem é você ?

X: Pedro Barbosa, mas me chamam de PB

Victor: o que você quer garoto ? É a terceira vez que te pego me seguindo.

PB: eu sei onde a Bárbara tá. Eu estive lá algumas vezes .....

Victor: a Bárbara ? - abaixo a arma.

PB: é, Terror acabou com a garota.

"Acabou com a garota"? Um nó se forma na minha garganta.

Eu já tinha noção que isso acontecer, mas imaginar é bem diferente de ter certeza.

Victor: ela tá muito machucada ?

PB: sim. Ele tem pegado bem pesado com ela.

Puta que pariu.

Victor: onde ela tá ? Quero o endereço

PB: eu sei onde ela tá, é uma chácara, mas não sei chegar lá.

Bom isso foi a melhor pista que eu consegui até agora

Victor: vamos comigo para o batalhão

PB: não, eles estão lá, vão me dedurar

Victor: eles ?

Além do tráfico Onde histórias criam vida. Descubra agora