Capítulo 5

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   Já se passou uma semana desde o funeral da minha mãe e o meu pai volta hoje para Sydney pois o trabalho não pode esperar mais. Como foi esta semana? Foi horrível. Toda a família veio até cá, mesmo os que estavam fora, para o velório e respetivo funeral. O meu pai ainda está muito em baixo e sinceramente não sei como se vai aguentar em Sydney sozinho.

"O que queres jantar hoje?" — pergunta Ethan entrando na sala

"Não tenho assim grande fome..."

"Annie, sabes que comigo isso não resulta. Vou fazer algo leve." — volta para a cozinha

   Ethan tem sido incansável... Tratou de tudo para a minha mãe e sempre nos deu bastante força, a mim e ao meu pai.

   Quando dizem que "só damos valor às coisas quando as perdemos" têm toda a razão. Quando se perde o telemóvel, reconhecesse-se que afinal ele era bom e realmente fazia falta. Eu perdi a minha mãe, sempre soube que ela me fazia falta mas há sempre aquelas discussões parvas que acabamos por pensar coisas que não devemos. Agora vejo que tudo isso podia ter sido evitado pois não vale o tempo que se perde com coisas insignificantes. Há coisas que não merecem mesmo a pena perder tempo com elas. Porque não, sermos umas mentes abertas ao ponto de sabermos quando fazemos algo errado e que mais tarde teremos que nos desculpar pelo nosso ato? Porque não, sermos uma sociedade menos hipócrita e mais justa? Porque não, preocupar-nos mais connosco do que com os outros? Na verdade, não irão fazer nada por ti enquanto tu te arriscas por eles. À primeira falha irão rir, irão julgar... E para quê? Para tentar aumentar um ego que não presta.

"Precisas de ajuda por aqui?" — pergunto quando vejo Ethan atarefado na cozinha

"Não princesa, está tudo controlado!"

   Claro, tudo controlado... Anda à procura da colher que está precisamente à sua frente.

"Ethan, a colher está mesmo à tua frente" — comecei a rir

"Eu não estava à procura dela!" — pega disfarçadamente nela para que eu não percebesse que era mesmo da colher que andava à procura

"Claro que não!" — digo com ironia

   Depois de me juntar a Ethan e de o ajudar, acabámos por fazer um bolo enquanto o jantar estava no forno. Bolo de eleição: bolo de bolacha.

"Tens falado com a Bea?" — pergunta Ethan ao lamber a colher

"Não sei se já voltou de férias. Ainda não lhe liguei." — roubo-lhe a colher

"Deviam combinar algo, ela sempre te apoiou." — volta a roubar-me a colher

"Eu sei! Tenho saudades dela... Com isto tudo não tenho tido grande tempo." — a colher já não tinha nada então deixei-o ficar com ela

"Ela soube?"

"Eu liguei-lhe a contar. Pediu desculpa por não estar presente no funeral."

"Porque não veio?" — pergunta curioso

"Teve de ir a um congresso qualquer em Glasgow. Aproveitou e ficou lá mais uns dias de férias."

   Bea, mais precisamente Beatrice, é minha amiga desde os tempos de escola. Estudou advocacia e está quase a acabar o curso. Vivemos um pouco longe uma da outra mas a verdade é que nos vemos muitas vezes. Na minha opinião, os verdadeiros amigos podem estar longe mas estarão sempre lá para quando precisares. E é assim que eu a descrevo. Uma pessoa de confiança, verdadeira, com o seu feitio difícil mas sempre pronta para ajudar os outros.

"É isso, vou ligar-lhe agora. Já volto!" — saio da cozinha e corro até à sala para ir buscar o telemóvel.


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Espero que gostem! Eu sei, é pequenino mas acho que é o suficiente para este capítulo, tem o conteúdo desejado...

Beijinhos! :D

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