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Helena

Tio Willy me fez sentar frente a rainha na biblioteca real. O silêncio pesado, quebrado pelo som das páginas sendo fechadas no momento em que a rainha colocou seus olhos em mim me fez prender a respiração.

Havia algo no olhar dessa mulher, ela era intimidadora e isso se via em seus olhos. O tipo de mulher meticulosa que não vai demostrar emoções que possam ser vistas como sua fraqueza. Ela nunca mostraria suas feridas aos seus inimigos.

   Um sorriso singelo contornou o canto de seus lábios.

— Olá Helena. Ouvi muitas coisas boas ao seu respeito...

Apontei para mim mesma.

— Coisas boas de mim? _ ri rouca incrédula. _ Quem seria o louco a... _ recebo um tapa na cabeça e cubro a mesma com minhas mãos olhando ríspida para tio Willy que esticou os lábios em desgosto. _ AÍ!

— Ja vi que a rainha vai ter muito trabalho... Não é assim que se faz ao ficar diante de uma rainha!

Engoli em seco e olhei para a rainha que tinha o rosto apoiado em uma mão e cotovelo na mesa, olhando para nós com humor e curiosidade.

— Sire Willy...

— Sim, minha rainha.

— Deixe-nos a sós.

Meu tio fez uma reverencia e me encarou de forma fria, ameaçando-me com um único olhar. A porta da biblioteca se fechou, deixando tudo em completo silêncio, enquanto sentia meu estômago congelar pela tensão. Engoli em seco e a vi piscar tranquila me observando atentamente.

— Você pode respirar agora....

  O fiz, puxando o ar para meus pulmões e soltei baixinho.

— Perdão, majestade. Eu deveria ter feito uma reverencia antes.

— Oh! Não se preocupe com isso quando estivermos sozinhas. Seu tio me pediu um favor e eu gostaria da sua opinião...

   Arregalei levemente meus olhos e cocordei balançando freneticamente em concordância. A rainha concertou sua postura me olhando nos olhos, a mulher intimidadora de antes parecia ter sumido para algum lugar dando espaço para um olhar pacífico.

— Ele quer muito que você aprenda algumas coisas. E eu gostaria de saber se o deseja aprender. Não vou força-la...

— É sobre a tal etiqueta e educação, não é? Acho que ele está com medo que eu o envergonhe.

   Ela me avaliou, muito intensamente em silêncio e com agilidade. Abaixou a cabeça negando.

— Não creio que seja desta forma. Talvez seja apenas para seu bem...

  Não é em vão que essa mulher se tornou rainha. Um momento foino suficiente para me analisar e devolver uma resposta complacente. Mas das histórias que ouvi de meu tio sobre o rei, ela não deve ter o enganado, mas bem provável que ambos tenham jogado o mesmo jogo da realeza.

   Talvez eu esteja certa. Essas pessoas ja nascem para terem algo a mais que os destaquem em meio aos outros. Não da para jogar o jogo da mentira com essa mulher.

— Não sei quais são as expectativas do meu tio, apenas que ele deseja me casar com um homem insistente e irritante.

— Ele ainda é um duque..._ a rainha susssurrou voltando a abrir seu livro e rolando calmante os olhos pelas páginas. _ É fácil dizer como alguém é. Mas é difícil olhar para si mesmo e reconhecer suas próprias falhas. Helena, sobrinha do guarda da rainha, é uma garota de temperamento forte, sem educação, sem modos e sem controle da própria boca. Agir por impulso é um de seus maiores feitos... _ a rainha fechou novamente o livro me encarando de uma forma misteriosa nos olhos. _ É o que vão dizer se  você focar apenas nos outros...

   Estagnei, como se tivesse congelado ali mesmo sobre aquele banco. E como se tivesse sido engolida por uma escuridão, eu estava sozinha com aquelas palavras ecoando em minha mente. O que era isso? Que tipo de sensação ela causou em mim? Eu apenas sabia que tinha caido na manipulação inteligente daquela mulher.

   O barulho de sua xícara sendo retirada do piris me tirou de meus pensamentos. Ela ainda estava me olhando, como uma leoa, a xícara rente a boca, e eu alertei minhas mãos e cruzei meus dedos desinquietos.

— Não me importo com o que dizem! _ Resmungue e vi um sorriso sutil surgir em seus lábios.

— Então porque está tão irritada? Seus ombros estão rígidos, sua madibula tensa...posso ver a raiva em seus olhos de minhas palavras.

   Abri a boca por um momento para contesta-la e fechei ao ver a coroa em sua cabeça.

   A rainha cruzou os braços sobre a mesa e colocou seu queixo sobre eles.

— Diga-me Helena: como eu sou segundo a sua percepção?

  Novamente estagnei tensa e engoli em seco. Ela não me apressou, mas seu olhar em mim me dizia que esperaria pacientemente pela resposta.

— Vossa majestade é... _ parei, encarando a msdeira escura da grande mesa da biblioteca. _ É uma mulher ambiciosa, esperta, atenta, imponente sem precisar de palavras... Seus olhos são como os de uma águia, enxergam o mínimo medo ou  vacilo da pessoa que estiver a sua frente. Suas palavras como o rugido de uma leoa. Você brinca com seu inimigo, o faz acreditar em suas palavras com facilidade... Mas....

Respirei fundo e um sorriso surgiu no rosto da rainha, contornando seus lábios sem raiva ou qualquer outro sentimento indignado.

— Mas?

— Não usa de tais características para seu próprio bem. Usa para coisas boas. É uma boa mulher. Só é mais inteligente com suas emoções do que a maioria de nós. Digamos que, vossa majestade controla as próprias emoções, em prol de uma situação difícil que pode reverter para o bem daqueles que zela.

— Sabe o que eu vejo em você? _ ela fez uma pausa abrindo a boca e puxando suavemente o ar antes de falar. _ Vejo uma garota com grande esperteza, observadora, porém não pensa muito para falar o que passa em sua mente. É uma garota admirável, de caráter forte, mas que tem suas próprias inseguranças... Não acho quem não queria se casar com Dylan Bhontor, acho que tem medo do que ele pode priva-la.

O silêncio caiu novamente, enquanto podíamos ouvir alguns guardas circulando pelos corredores fora da biblioteca. Nos encaramos céticas por longos segundos até que ela voltou a falar.

— Eu gosto do seu temperamento. Não o mude porque seu tio deseja algo diferente para você, apenas o aperfeiçoe... Se torne a mulher que faria um duque a temer...

   Ela concertou a postura, se levantou sem pressa e sorriu ladino.

— Faz muito tempo que não tenho uma conversa tão interessante com alguém de minha idade. Estou feliz por isso... Espero que possamos ser grandes amigas, Helena. Pois eu desejo que assim seja.

   Ela maneou a cabeça e se retirou me deixando estagnada para trás. Apenas ouvi a porta se abrir e olhei em sua direção. Ela segurava a enorme porta, me olhando por cima do ombro com calmaria.

— Preciso ver meus bebês, você aceitará aprender algumas coisas? Será um prazer ensina-la...

— Vossa majestade é quem vai me ensinar?_ me levantei abruptamente de olhos arregalados. Ela sorriu abertamente, com seus olhos se fechando de um jeito doce quando ela concordou com firmeza. _ Bom, então... Não posso fazer desfeita para com a rainha.

Me curvei em uma reverencia tensa segurando com firmeza as saias de meu vestido.

— Obrigada minha rainha! Não vou descepcionar!

— Por que não pensamos nisso apenas como um bom momento entre amigas? Acho que será bem divertido.

   Ergui e sorri corada acenando firme. Ela maneou a cabeça e saiu fechando a porta logo atrás de si. Essa mulher era incrível!

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Rapaz... Helena trancou o c* e não passou nem sinal de wi-fi. Diante da nossa rainha quem não treme? 😂

Acho que a Eve ganhou uma amiga, hum 🥺🥰✨

Boa leitura!

❤️

Escolhida Pelo DuqueOnde histórias criam vida. Descubra agora