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Willy

   As preocupações de um pai são validas para um tio. Helena é o que me restou de família. A negligenciei por muito tempo, a mantendo longe de meus olhos.

  A menina nem ao menos tem educação, não sabe ler ou escrever, mas é portadora de uma inteligência impressionante para aprender coisas novas.

   Eu e minha irmã nos tornamos órfãos muito cedo. Ao mudar a minha vida, me tornando guarda do rei, eu mudei a vida da minha família também. Sempre que podia, com a autorização de Archie, eu ia visitar Helena e seu pai. Mas não faz muito tempo que meu cunhado veio a falecer, deixando minha sobrinha sozinha no mundo...

— Oh!_ exclamou entusiasmada, olhando com espanto e admiração o interior do castelo. _ Tio Willy, esse castelo é muito mais grandioso do que aquela fortaleza velha.

— E você, mocinha, trate de se comportar! _ a repreendi previamente. Ela fez uma careta e revirou os olhos, e a dei um tapa leve atrás da cabeça. _ Tenha mais respeito e modos também!

— UF! _ resmungou com o lábio arqueado em desgosto.

    Estiquei os lábios em desaprovação enquanto caminhamos pelos corredores do castelo. As vezes, ao me lembrar de Helena  também me lembro de Evelyn quando chegou a Dazzo.

   Era uma garota silenciosa, graciosa, de caráter respeitável e coragem. Não posso dizer exatamente as mesmas coisas de minha sobrinha, que um tanto atrapalhada, de temperamento forte, mas também corajosa. O que me trás a lembrança semelhante as duas, é a força distinta que cada uma tem para lutar por si mesma.

    Como um tio preocupado, devo garantir que minha sobrinha receba boa educação, e se case bem. Se ela atraiu os olhos de um homem de poder como Dylan Bhontor, isso deve ser bem usufruído. Minha sobrinha terá uma vida boa e diferente das criadas do castelo.

— Tio Willy, é verdade que os homens da guarda real não podem se casar?

— Sim! Juramos lealdade e proteção ao rei. Um casamento é uma distração e tenho pena dos que precisam o fazer.

— Oh! Mas está me condenando a tal ato deplorável para si mesmo! _ Helena apertou os olhos e balançou o indicador em minha direção.

— É diferente para você! Não é da guarda real! É uma mulher! O que espera de seu futuro, Helena?

— Eu não preciso me casar! Estou bem sozinha! _ praguejou cruzando os braços abaixo dos seios.

— Está? Então me diga, quanto tempo durará sem a proteção de um marido? Quanto tempo levará até que as pessoas passem a olhar para tu com maus olhos? Como viverá sem onde cair morta? Não me terá para sempre, minha cara! Por mais que sempre estarei por ti enquanto viver... Mas no que sucederá a ti, no momento em que meu corpo se esfriar na cova?

    Ela me encarou, suavizando sua expressão, antes emburrada agora estoica e pensativa.

— Me teve até então para livra-la de problemas. O simples fato de meu nome associado ao seu, mantinha-lhe levemente segura dos perigos da vida de uma mulher. Eu sou o guarda do rei, mas o que será você quando o meu título for enterrado comigo?

— Eu ...

— Esquecemos por hora esse assunto. Ajuda na cozinha até que eu possa falar com a rainha. Ela poderá te dar um trabalho melhor, onde eu possa manter meus olhos perto de você. Enquanto isso, pense em minhas palavras. Tem a chance de ter um título, viver bem, usufruir de luxos que muitas querem... Se dúvidas, pergunte a Fena ou qualquer outra criada, o que elas gostariam: ser para sempre serviçal ou duquesa de Bhontor?

Escolhida Pelo DuqueOnde histórias criam vida. Descubra agora