Capítulo 4: "Eu preciso da sua ajuda"

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Ambos se levantaram e começaram a caminhar pela calçada, o vento gélido balança os cabelos negros de Safi, Taki colocou suas mãos no bolso em uma tentativa de amenizar o frio.

-Você não quer o moletom de volta? _ Perguntou ela ao perceber o ato do rapaz.

-Não não, não se preocupe _ Taki sorriu batendo o cotovelo no braço cruzado de Safi que sorriu de volta.

"Por que ele não mostra o rosto de uma vez" pensou Safi "isso me deixa curiosa".

Taki sempre mantinha sua cabeça erguida contraposta a lua, por tanto os raios tímidos da pálida lua não eram suficiente para mostrar os detalhes do rosto de Taki, apenas o brilho de seus olhos e o esboço de seu sorriso.

Caminharam por algum tempo em silêncio, por várias vezes Safi pensou em falar algo, mas não teve coragem.
Haviam pessoas um pouco mais adiante na parte iluminada do parque, "Ótimo agora vou ver seu rosto senhor mistério." pensou ela empolgada.

Chegaram a primeira luminária suspensa em um poste e protegida por uma pequena abóboda transparente que a livrava da chuva, Safi olhou rapidamente para o rosto de Taki, ela esperava ver o rosto do garoto com muitos detalhes.
"Como são seus olhos? Como é realmente seu sorriso? Será que ele é tão bonito quanto a voz?...pera quê??".
Ela sacudiu a cabeça tentando apagar da memória o último pensamento e olhou novamente para Taki, ele continuava de cabeça erguida, não pareceu se importar com o olhar curioso da garota.

"Droga, por que ele tem que ser alto?" Pensou Safi e baixou a cabeça para descansar o pescoço.

Taki sorriu.

-Você está realmente tão curiosa quanto ao meu rosto Safi?

A garota corou bruscamente "Pensei que ele não tinha notado!!!" Pensou antes de responder.

-Ah... não não, é que eu tava olhando pra lua. _ Foi a melhor desculpa que veio em sua mente.

Taki olhou para a garota sorrindo.

Caminharam por um pouco mais de meia hora até chegarem a uma casa com cerca branca e dois andares, haviam dois pinheiros no quintal amplo que davam a sensação de um castelo.

-Cheguamos! _ Disse Safi olhando para a casa.

-Bela casa _ Disse Taki admirado com o tamanho da mesma.

-Sim... aliás, Taki? _ Safi se virou para o garoto _ Esconde seu rosto por quê?

Taki respondeu ainda olhando para a casa espantado.

-Por que eu mostraria? É tão feio!

-Deixa disso, tenho certeza que você é bem bonito.

-Não teria tanta certeza assim.

-Olha aqui _ disse Safi cruzando os braços _ Você me fez ficar esperando por horas no banco da praça, o mínimo que pode fazer pra recompensar é me mostrar seu rosto!

-Você não vai desistir né? _ Taki olhou para a garota que se mantinha firme em sua frente.

-Não! _ Ela sorriu como uma criança travessa.

Taki ergueu o rosto lentamente deixando as luzes da rua e da lua revelarem sua aparência.
Safi observava com atenção cada detalhe, ela agora podia ver uma face parda, olhos castanhos escuros, apesar de ser diferente dos garotos que ela estava acostumada ver, cujos os cabelos eram lisos, peles brancas, e olhos claros, o padrão de beleza, aquele rapaz em sua frente de cabelos tão escuros quanto a noite, era atraente de uma forma totalmente nova para a garota, ele fez seu coração palpitar em piruetas desajeitadas, ela não conseguiu esboçar reação alguma, apenas ficou parada olhando aqueles olhos...

-Er... é por isso que não costumo mostrar meu rosto _ Disse Taki baixando a cabeça novamente _ não sou o padrão de beleza que as pessoas gostam...

-Ei _ Safi conseguiu falar, e em um ato de coragem ela sorriu e beijou a bochecha de Taki em despedida _ Te vejo amanhã não vejo?

-Eu não sei, estou suspenso.

-Até amanhã Taki! De um jeito de falar comigo! _ Safi sorriu novamente _ E o moletom agora é meu, perdeu playboy.

Safi falou com voz forçada e correu passando por cima do pequeno portão branco e indo em direção a porta da casa.

Taki observava sorrindo aquela pequena garota correndo pelo jardim como uma criança, ele virou as costas e começou a caminhar.
Safi chegou até a porta de sua casa, tocou a maçaneta e olhou para trás vendo Taki se afastar, ela virou para a rua para observar melhor, agarrou o moletom podendo sentir o perfume do rapaz.

-Até amanhã Taki... _ Ela sorriu e entrou para sua casa.

Alguns minutos se passaram e Taki ainda caminhava pela rua, até que resolveu entrar em um beco para cortar caminho, o beco estava escuro exceto pela luz amarelada que vazava pelas janelas dos simplórios apartamentos.

De repente parou no meio do beco.

-É o seguinte, eu percebi você desde que cheguei até na praça _ Disse Taki em voz alta mantendo os olhos fitos no chão _ Então eu pergunto, por que continuar se escondendo?

Uma sombra esguia se revelou de trás de alguns containers de lixo ficando parada atrás do rapaz que se virou devagar observando a silhueta.

-Quem é você?

Perguntou Taki em tom calmo.

-Meu nome é Tsuki. _ falou a garota com voz suave caminhando para frente do rapaz _ e eu preciso da sua ajuda!

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