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Eu acordei com uma baita barulheira pronto pra arrancar a cabeça do Michael fora, existem poucas coisas no mundo que me tiram mais do sério do que ter o meu sono interrompido.

- Eu posso saber que porra é essa? - Berrei acendendo a luz da sala, me deparando com um Michael risonho estirado no chão não parecendo ter a menor intenção de levantar, ao menos não sozinho, e a minha parte que tem suportado ele cada vez menos tá berrando no meu ouvido pra eu só largar ele no chão e rezar pra ele acordar todo dolorido amanhã por ter dormido de mau jeito.

- Oi amor. - Ele soltou uma gargalhada assim que terminou a frase.

- Qual o seu problema?

- Acho que cai, pode me ajudar? - O cheiro de álcool é quase insuportável, eu vou arrancar a cabeça dele fora com certeza.

- Adorava quando você era silencioso e não um bêbado idiota. - O puxei pra cima pelo braços a contragosto forçado pelo último resquício de empatia que eu tenho e quase o arrastei até o quarto. - Eu vou te jogar na sua cama e você vai ficar de bico fechado e dormir.

- Tudo por você, amor. - Ele deixou um beijo estalado na minha bochecha antes de eu o soltar em sua cama, que nojo, será que a falta de noção dele é contagiosa?

Eu dei as costas por cinco minutos pra apagar as luzes que acendi pelo caminho e quanto voltei ele tentava arrancar os sapatos com os próprios pés, mas é óbvio que não se tira um coturno dessa forma, então como sou uma alma caridosa eu o ajudei, segurando ao impulso de arremessar o coturno na cabeça dele desejando profundamente que ele fique quieto? Sim, mas o que importa é que fiz uma boa ação. Só empurrei suas pernas pra que todo seu corpo estivesse na cama pra poder o cobrir, também tentando não o sufocar com o cobertor.

- Você vai ficar de bico fechado pra que eu possa dormir. - Eu me sinto dando bronca em uma criança.

- Só se me der um beijinho de boa noite. - Aparentemente ele é um bêbado risonho e ainda mais incômodo do que sóbrio.

- Você tem que agradecer por eu não ter te dado um soco.

- Obrigado por não ter me dado um soco. - Ele murmurou já de olhos fechados, se aconchegando em seu cobertor, com as pernas penduradas pra fora da cama mais uma vez, eu estou pouco me fodendo se ele vai acordar todo dolorido por ter dormido assim, inclusive espero que aconteça.

- Idiota.

Minha paz durou pouco, não estava sequer amanhecendo quando ouvi outro tropé na casa, e eu espero que dessa vez Michael esteja sóbrio pra que eu possa o matar, porque seria covardia atacar um bêbado quase inconsciente e indefeso, mas agora não vou perdoar ser acordado pela segunda vez.

- Michael Clifford. - Berrei pra que ele pudesse me ouvir de qualquer cômodo da casa.

Depois de seguir o som dos seus resmungos irritados, encontrei Michael agachado no chão da cozinha recolhendo os cacos de vidro do chão, um dos pés sangrava e seu rosto estava com uma careta.

- Me desculpa, dessa vez não foi intencional.

- Que merda você tá fazendo?

- Só vim procurar um remédio pra dor, acabei derrubando o copo.

- Você é um estupido, o que deu em você hoje?

- Más escolhas. - Ele se afastou quando me aproximei pra que eu pudesse o ajudar, ele se manteve sentado no chão ao meu lado enquanto eu limpava o estrago dele, suas mãos estavam trêmulas demais pra que ele fizesse isso e não quero outro corte pra respingar sangue no meu chão.

- Se machucou muito?

- Não, só um corte no dedo. - Ele disse baixo, de cabeça baixa, ele parecia constrangido pela cena que criou.

- Achou o remédio?

- Sim. - Eu estendi a mão pra que ele se apoiasse e conseguisse levantar, ele andou junto a mim com um pouco de dificuldade de volta até o quarto.

O corte parecia estar doendo mais do que ele dizia, o ajudei a limpar o ferimento porque não quero que manche meus lençóis, então ele se deitou calado e voltou a se embolar nos cobertores, os primeiros raios de sol já iluminavam o quarto e isso me deixa ainda mais puto, eu perdi praticamente a noite inteira sendo babá de marmanjo. Eu sinceramente podia imaginar que Michael fosse desorganizado quando o conheci, mas definitivamente não um bebado imprudente que gosta de atrapalhar o sono dos outros, principalmente depois de algum tempo de convívio.

- É sério Michael, o que deu em você? Você é bagunceiro e não tem o menor bom senso, mas não faz esse tipo de coisa, ao menos não fez no último mês. - Não que ele costume passar muito tempo em casa, mas quando está eu até me esqueço da presença dele, ele costuma ser silencioso.

- Me desculpe, eu não queria te acordar ou causar problemas.

- Tudo bem, só não faz de novo por favor, porque dividimos o aluguel, não sou pago pra cuidar de você. - Eu encerrei a conversa voltando para a minha cama.

- Obrigado por me ajudar.

- Tudo bem.

Eu não consegui pregar os olhos pela próxima hora, já Michael apagou no mesmo instante que fechou os olhos. Não consigo parar de pensar no quão frágil ele parecia, não digo da vulnerabilidade de um bêbado, mas realmente frágil, fisicamente e emocionalmente, suas mãos tremiam sem parar, como o corpo cansado de quem não repousa há dias, estava tão calado e constrangido que acho que não reagiria no caso de eu procurar briga, só aceitaria minha reação sem contrariar.

Ele parece o completo oposto do homem que vi mais cedo, antes dele ir pro trabalho, não muitas horas antes dele interromper meu sono, eu odeio aquela versão petulante e asquerosa, mas eu acho que também odeio essa, brigar com ele nessa circunstancia é o mesmo que chutar cachorro morto, e eu sinceramente preciso ter com quem brigar por conta da bagunça.

- Você não aproveitou enquanto eu dormia pra manchar todo meu banheiro não né? Olha Michael, eu juro que te deixo careca.

- Mas se eu fiquei bonito vale a pena, o que acha?

______xXx______

Oi gente, eu sei que eu disse que seria mais rápido, mas é que aconteceram alguns imprevistos e eu também queria publicar junto com as atualizações de Repeat e Chosen, mas acho que agora começa a ir mais rápido mesmo, estou concluindo ambas.

É isso, espero que gostem e que estejam todos bem.

Thinking of You ** MUKEOnde histórias criam vida. Descubra agora