Querido Diário | Prólogo

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CAPÍTULO 1

Finalmente chegara a hora de voltar para casa.

Casa... Era tão estranho me referir àquele lugar dessa forma depois de tanto tempo longe. Me perguntava o que teria acontecido com os outros meninos e se, assim como eu, eles estariam arrumando as coisas para retornar ao Japão.

Meu nome é Sayuri. Sou a mais nova Amazona de Bronze de Peixe Austral – a constelação, sabem? –. Não foi nem um pouco fácil conseguir essa tal Armadura Sagrada.

Só pra terem uma ideia, minha vida inteira até agora se resumiu em treinar e me preparar para consegui-la. Segundo as histórias que me contaram, essa Armadura me permitiria fazer parte do poderoso Exército de Athena. E sim, a Athena!

Pode parecer um papo de louco, mas Athena realmente existiu na era mitológica. Bom, isso era o que falavam por aí. Eu acreditar nessa fofoca toda já era outra história.

Existindo ou não, meus sentimentos em relação à tal deusa que protegia a paz e o amor na Terra não eram dos melhores. Apesar de ter me esforçado para conseguir uma Armadura Sagrada, eu não conseguia deixar de pensar que Athena era o motivo da minha vida ser tão complicada.

É trauma que vocês querem? Sejam bem-vindos a minha história.

Eu e meus irmãos vivemos no orfanato durante sete anos. Foram sete anos divertidos, apesar de ter rolado muito estresse. Conforme fomos crescendo, eu e meu irmão mais velho, Seiya, começamos a despertar nossas similaridades e diferenças. E isso era uma fórmula exata para desastres.

Minha irmã, por outro lado, sempre tentava se manter plena e nos acalmar. Mas acho que esse era o papel da primogênita, não é? Enquanto eu e o Seiya éramos rebeldes sem causa e perfeitas pestes, Seika era a sensatez em pessoa. Se tivéssemos pais vivos, ela com certeza seria a favorita.

Viver num orfanato tinha seus defeitos, mas pelo menos eu e meus irmãos estávamos juntos. E não estávamos sós. Mantínhamos um bom relacionamento com as outras crianças também. Todos nós tínhamos idades próximas e isso colaborava para nos manter entretidos.

Bom, tudo isso acabou quando um homem chamado Mitsumasa Kido interrompeu a nossa paz e resolveu nos adotar.

Mitsumasa Kido era o CEO da maior rede de informações do Japão, a Fundação Graad. O velho morava em uma mansão enorme com todos os seus empregados e sua querida netinha.

Ele adotou a mim, Seiya e mais outros meninos que ele saiu recolhendo ao redor do mundo. Ainda assim, não foi capaz de manter três irmãos juntos e simplesmente deixou minha irmã de fora.

Vocês devem estar pensando "Nossa, que ingrata! Pelo menos você tinha uma cama quentinha e comida na mesa todos os dias.". Mas deixa eu explicar a história desse senhor com mais detalhes...

Chamem os protetores de menores, porque o cara era doente! O único motivo de Mitsumasa ter nos adotado foi porque ele precisava buscar pelas tais Armaduras Sagradas ao redor do mundo e achou que seria uma brilhante ideia montar um mini exército de crianças para tornar seus sonhos realidade.

Então foi isso. Fui uma das 100 crianças sortudas a ser adotada pelo maluco do Kido. Vendo por esse lado, Seika tinha era que levantar as mãos pro céu e agradecer por ter continuado no orfanato.

Depois da adoção, não éramos autorizados a sair das premissas da enorme mansão de Mitsumasa. Como também não podíamos receber visitas – não que crianças órfãs conhecessem muita gente por aí – eu e Seiya perdemos totalmente o contato com a nossa irmã.

Apesar de, na época, achar essa história de Armaduras Sagradas uma palhaçada, sabia que só conseguiria rever Seika se conseguisse entregar uma a Mitsumasa Kido. Nesse caso, não tive outra escolha a não ser me submeter às vontades daquela família doentia.

Sendo assim, meu treinamento e de todos os outros 99 garotos começou logo cedo. Com sete anos, eu era a mais nova. Seiya tinha uns 8 anos, assim como a maioria das outras crianças. Como se ser a caçula não fosse o suficiente, eu ainda era a única menina entre os adotados. Isso dava margem para muitos ficarem me zoando ou pior, ignorarem a minha existência.

Mas calma! Acha que está ruim? Então respira fundo aí, porque tem mais.

Nada disso poderia ser pior do que Saori Kido, a neta de Mitsumasa. Eu ainda estremecia só de pensar em seu nome. Se me permitem, gostaria de adiar falar dessa garota por agora – Infelizmente, tinha certeza de que ainda iria vê-la –.

Pois bem! Depois de passar cinco anos treinando na mansão Kido, fomos todos enviados para diferentes lugares do mundo para catar as tais Armaduras Sagradas. Só esqueceram de mencionar que o processo duraria mais uns seis anos. E mais uma vez, fui separada da minha família quando eu e Seiya fomos designados para locais diferentes.

"Sayuri, você está proibida de morrer!" As últimas palavras do meu irmão ainda ecoavam em minha mente "Nós dois temos que voltar vivos para reencontrar nossa irmã!" Apesar de tudo, Seiya sempre foi muito protetor em relação a mim.

É claro que muita coisa aconteceu nesses onze longos anos de treinamento. Tive momentos felizes também, não vou mentir. Durante o tempo que passei na mansão, meus irmãos deixaram de ser as únicas pessoas importantes pra mim.

Mas vamos deixar pra ir contando tudo aos poucos. Senão ninguém me aguenta também.

Agora, chegara a hora de eu retornar. Depois de seis anos longe da minha família e amigos, eu estava retornando para a mansão Kido, no Japão. Mal sabia eu que esse seria apenas o começo de mais uma longa jornada.

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