A História de Ikki

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"Hyoga!!" Gritei.

"Não!!" Meu irmão arfou e tenho certeza de que suas pernas queriam ir até o Cavaleiro de Cisne, mas o choque impedia que, não só ele, mas que todos nós nos mexêssemos.

Shiryu cerrou os punhos com força e rangeu os dentes e Shun estava com seus olhos verdes arregalados enquanto via o punho de Ikki, seu amado irmão perfurando mais ainda a Armadura Sagrada de Cisne e acertando o coração de Hyoga.

Meu estômago se revirou ali mesmo. Nunca imaginei que veria uma cena assim. Desde o início, sabíamos que, com as Armaduras de Bronze, vinham muitos perigos – e responsabilidades –; e eu evitava pensar todas as noites, quando me deitava, nos outros 89 meninos que nunca voltaram. Mas ter um amigo (se é que eu poderia me referir a Hyoga assim) morto à sangue frio bem na nossa frente, com certeza era algo que nenhum de nós esperávamos que fosse acontecer tão cedo.

No entanto, toda minha reflexão e preocupação pareceu ter sido em vão quando Ikki franziu sua testa repentinamente e retirou sua mão do peito do Cisne.

Hyoga estava bem. Estava vivo. Senti um grande alívio ao ver que ele continuava respirando. Ikki e todos nós ficamos surpresos quando vimos o que, supostamente, havia impedido seu punho de perfurar o coração de Hyoga.

"Um rosário?" O Fênix olhou para o objeto ensanguentado em sua mão.

Era um terço com a Cruz do Norte, símbolo da constelação protetora dele. Me lembrei na mesma hora que, diferente de muitos de nós, Hyoga havia sido criado no ocidente. Pelo menos até ser adotado por Mitsumasa Kido. Sua fé era bem diferente da nossa e o rosário que carregava junto ao seu peito só reforçava isso.

"Entendi..." Ikki sorriu "Foi por isso que você sobreviveu da última vez."

"Essa é a lembrança mais querida que guardo da minha mãe." Disse Hyoga, cerrando os punhos "A prova de amor que você tanto desprezou."

"Mas que lindo esse amor de mãe e filho." Ikki debochou e jogou o rosário longe.

Hyoga estreitou os olhos na direção do Fênix, que retribuía o olhar. Os dois se encaram em silêncio por um segundo desconfortável.

"Me diga..." Hyoga começou "Por que você não foi afetado pelo Espírito Diabólico?" A pergunta de milhões.

Ikki deu uma risada curta.

"Isso é fácil." Ele fechou os olhos "Eu já perdi tudo o que tinha de mais querido." Engoli o seco, tentando evitar olhar para o Shun "O Espírito Diabólico não precisa destruir minha alma porque ela já foi destruída."

Eita, aí ficou complicado... Ikki nos olhou com sangue nos olhos. Será que era tarde demais pra entregar a Armadura de Ouro pra ele e deixá-lo seguir feliz?

"Agora preparem-se para morrer!" Ele gritou "Acabarei com vocês cinco com um simples bater de asas!" O ar quente o envolveu, formando um turbilhão. A Fênix que apareceu atrás de Ikki estava tão nítida aos meus olhos que parecia até uma ave real "Ave Fênix!"

Olha, não sei quem foi que inventou essa história de que um golpe não funcionava duas vezes contra um Cavaleiro. Já era a terceira vez que recebia o Ave Fênix e ele continuava me acertando e continuava doendo!

Que massacre que foi. Tudo à nossa volta desmoronou com a intensidade do ataque de Ikki. Nenhum de nós teve nem tempo de tentar se defender ou desviar. Senti uma pressão enorme no peito enquanto aquele sopro tórrido me atingia. Como se isso não fosse o suficiente, o Cavaleiro de Fênix ainda apareceu do nada atrás de mim, me dando um chute doloroso nas costas com o seu calcanhar. A sensação aguda que senti percorrer por todo meu corpo me fez perder a consciência na mesma hora.

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