Diário de uma Amazona

De Volta ao Japão

CAPÍTULO 2

Demorou uns dias, mas finalmente cheguei a minha terra natal.

A parte mais complicada foi deixar Rodes sem ser descoberta... Sirene, minha mestra, me proibia de sair da ilha por qualquer que fosse o motivo. Segundo ela, eu não estava pronta para sair mundo afora cumprindo os deveres de uma Amazona de Athena.

Não me entendam mal. Sirene é uma ótima pessoa. Ela me ensinou tudo o que sei hoje e me acolheu nos momentos mais difíceis. Mas às vezes eu tinha a impressão de que ela queria me manter naquela ilha pra sempre.

Enfim... Pela primeira vez em seis anos, desobedeci minha mestra. À essa hora, ela com certeza já deveria estar quebrando tudo quanto é rocha pra não acabar me matando quando me encontrasse.

Senti um súbito frio na barriga só de pensar em como ela estaria irada comigo naquele momento.

Pensei seriamente em voltar atrás e retornar à Rodes implorando que ela me perdoasse, mas aquilo era importante demais pra mim. Mitsumasa Kido foi bem claro em suas instruções...

"A partir de agora, vocês serão enviados para os seus respectivos locais de treinamento." Lembro-me como se fosse ontem da voz do velho Kido "Em seis anos, vocês deverão retornar com suas respectivas Armaduras Sagradas."

É, eu estava alguns dias atrasada... Mas tudo bem. O velho não iria morrer se esperasse mais um tempinho. Quem espera seis anos, espera seis anos e uma semana.

A primeira coisa que fiz ao desembarcar do navio, foi ir ao orfanato onde passei os meus primeiros anos de vida. Eu já estava com 18 anos, o que significa que Seika, sendo 6 anos mais velha, com certeza não estava mais naquele lugar. Isso não impedia, no entanto, de alguém poder me dar um direcionamento sobre onde ela poderia estar.

Cheguei ao local e a nostalgia logo bateu. O orfanato estava do mesmo jeito que há onze anos atrás. Contemplei o espaço por alguns longos segundos. Eu podia não me lembrar muito bem de tudo que passei lá pois era muito nova, mas sabia que haviam sido bons momentos. Deixei escapar um sorriso.

"Com licença, posso ajudar?" Uma garota, aparentemente da minha idade, se aproximou curiosa. Seu semblante era estranhamente familiar.

"Ah, olá!" Me virei para ela "Eu vivi aqui durante um tempo com os meus irmãos!" Apontei para o orfanato "Queria saber se um dos funcionários poderia me ajudar a encontrar a minha irmã."

"Sua irmã?" Ela ergueu uma sobrancelha.

"Sim, ela é mais velha." Disse "Com certeza já deve ter saído há alguns anos. O nome dela é Seika."

A garota então fez uma expressão de surpresa. Na verdade, ela ficou foi meio pálida.

"Sayuri?" Seus olhos se arregalaram "É-é você?" Ela me olhou como se tivesse visto um fantasma.

"Han..." Fiquei confusa "Como sabe meu..." Foi aí que liguei os pontos. "Mino?"

Aquilo com certeza me surpreendeu. Mino era uma das órfãs que vivia ali conosco. Assim como Seika, ela não estava entre as 100 crianças adotadas por Kido. Se me lembro bem, Mino vivia correndo atrás do meu irmão. Ela sempre era alvo das implicâncias do Seiya, já que ele nem sonhava em fazer o mesmo comigo.

"Sayuri, não acredito!" Ela me abraçou de repente, o que me deixou um tanto desconfortável "Você está bem! Você voltou!"

"Já faz muito tempo, né, Mino?" Retribui ao abraço, totalmente sem graça.

"Mas o que aconteceu?" Ela se afastou do abraço "Ouvi dizer que você sofreu um acidente no navio em que estava!" Mino finalmente conseguiu minha total atenção.