Alguns dias se passaram desde a aparição dos cinco Cavaleiros Negros que eram como nossas sombras. Quer dizer, mais ou menos...
O fato do Cavaleiro Negro de Peixe Austral ser, pra início de conversa, um homem, me fez perder algumas noites de sono. Será que era possível que, além de renegados, eles eram machistas? Não era possível não existir uma Amazona renegada sequer.
Além disso, outra coisa me incomodou. O fato de eu querer, sentir a necessidade de esconder essa informação dos outros. Eles mal tocaram no assunto dos Cavaleiros Negros nos últimos dias, pra falar a verdade. Seiya passava as noites se preocupando com o Shiryu, Hyoga estava com o seu orgulho ferido e se isolou em seu quarto na mansão e Shun, apesar de parecer ser o mais acessível para conversar, também não parecia estar muito a fim de socializar. Quem poderia culpá-lo?
As coisas por ali estavam ficando um pouco entediantes, pra falar a verdade.
Já era quase uma hora da tarde e eu ainda estava deitada na cama, fitando o teto. Me sentei e olhei pela janela. As crianças brincavam no pátio do orfanato. Sorri ao vê-las e abracei minhas pernas.
O diretor tinha sido muito gentil em me deixar passar um tempo ali e a Mino era um amor de pessoa em aceitar a dividir seu pequeno quarto comigo. Esses dois eram meus verdadeiros salvadores! Imaginem se eu tivesse que morar com o Seiya? Coitados dos vizinhos...
Continuei observando as crianças por mais um tempo. Aquilo só me fez lembrar em como eu e meu irmão estávamos nos distanciando do nosso objetivo. Como encontraríamos a Seika com tudo que estava acontecendo? Parecia até que o universo estava conspirando contra a gente. Deixei escapar um suspiro.
Resolvi me levantar e ir até a casa do meu irmão. Era uma perda de tempo ficar ali parada enquanto minha irmã estava em algum lugar lá fora.
Cheguei lá e, para a minha surpresa, me deparei com um certo alguém descendo as escadas do pequeno prédio.
"Saori?" Olhei para ela, curiosa "O que está fazendo aqui?"
"Ah, olá, Sayuri." Se eu não a conhecesse, diria que ela tentou sorrir "Que bom que te encontrei. Eu queria mesmo falar com você."
"Hm, sim..." Olhei para cima, vendo se meu irmão estaria nos olhando pela janela "Pode falar."
"O Shun comentou outro dia que você está morando no orfanato." Saori ajeitou uma de suas mechas lilás para trás da orelha "Gostaria de oferecer um dos quartos da mansão para que você ficasse mais confortável." Achei suspeito, mas deixei que continuasse "Lá você teria um quarto só pra você e não teria que se preocupar com nada." Ela deu uma pequena pausa "Poderia se sentir... Em casa, sabe?"
"Ah..." Era impressão minha ou ela estava tentando ser legal? Aquilo me assustou. A Saori legal era algo para o qual eu jamais estaria preparada "Obrigada... Eu acho..." Evitei o contato visual.
"Por favor, pense na minha proposta." Saori desviou o olhar "Gostaria de redimir com você de alguma forma, Sayuri." Dizendo isso, ela desceu as escadas e foi embora.
"Eu hein..." Pensei.
"Seiya!" Entrei no apartamento.
"Sayuri, o que faz aqui?"
"Eu acho que a Saori bateu com a cabeça." Disse rapidamente "Ela não está agindo normalmente."
"Ah, com você também?" Ele se sentou no sofá.
"Ela acabou de me chamar para morar na mansão, só que num quarto." Disse "Não seria aquela espelunca onde dormíamos antes. E também me veio com um papo de querer que eu me sinta em casa e..." Parei de falar por um instante. Me toquei que deixei passar algo muito importante "Espera aí, o que ela fazia aqui?" Cruzei os braços.
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Diário de uma Amazona
PertualanganSayuri é uma jovem e rebelde Amazona que retorna ao Japão após seis longos anos de treinamento para reencontrar seus irmãos Seika e Seiya. Com o desaparecimento de sua irmã mais velha e uma nova ameaça surgindo em suas vidas, Sayuri deve aprender tr...