Saori Kido

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CAPÍTULO 3

Cheguei na mansão exigindo respostas e logo me colocaram pra aguardar em uma das salas.

Apesar de fazer anos que eu estivera naquele lugar a arquitetura continuava a mesma: brega.

Eu realmente não entendo essa gente rica. Eles têm todos os recursos para construir um lugar lindo, mas não... Eles têm que deixar a breguice transparecer.

Já estava começando a perder a paciência quando um rosto conhecido finalmente apareceu.

Meu estômago deu uma leve embrulhada ao vê-la.

"Sayuri, mas que surpresa!" Disse com um olhar curioso. Ela, assim como Mino, provavelmente ficou sabendo do acidente. Ainda assim, as reações das duas foram bem discrepantes.

"E aí, Saori." Me levantei, tentando ser educada.

Saori Kido. Eu disse que ainda iria revê-la, não disse? Essa, como já mencionei antes, era a netinha mimada do velho Kido. Essa garota era um desafio a mais no nosso dia a dia.

Saori conseguia ser desagradável em todos os sentidos. Ela nos usava para satisfazer seus desejos e nos humilhava sempre, fazendo questão de nos lembrar todos os dias dos 5 anos que passamos lá que éramos crianças abandonadas e que deveríamos agradecer de ter a oportunidade de vivermos sob o mesmo teto que ela e seu avô. E ai de nós se a desafiássemos! Eu, como vocês já devem ter imaginado, fiz isso algumas vezes... E me dei muito mal.

"Quase não acreditei quando disseram que você estava me aguardando." Ela se sentou na poltrona oposta à minha e olhou para a urna "E com uma Armadura Sagrada."

Mesmo depois de seis anos, Saori continuava igualzinha. Continuava bonita, com cabelos ainda mais compridos e sedosos que antes. Seus olhos verdes eram lindos à primeira vista. A garota era a definição perfeita de lobo em pele de cordeiro.

Eu a encarei durante um segundo e um filme se passou pela minha cabeça. Um filme de terror, tá?

Eu devia ter por volta de uns dez anos quando tivemos uma de nossas brigas mais tensas. O motivo? Não façam perguntas difíceis.

"
Eu era apenas uma criança tentando me entreter da melhor forma que podia com meu irmão e os poucos amigos que tinha dentro das premissas da mansão quando a senhorita surtada veio na minha direção com uma tesoura em mãos.

Eu só percebi que ela se aproximava quando meu irmão me alertou.

"Ei, o que vai fazer??" Ele gritou.

Ao me virar, a pequena Saori Kido de onze anos cortou grande parte do meu cabelo que estava preso em um rabo de cavalo. Não só isso. Por eu ter me mexido, ela acabou pegando no meu rosto de raspão.

"Sayuri, está tudo bem?!" Seiya, como o irmão protetor que era, veio logo me ver.

Eu estava muito chocada para entender o que acabara de acontecer. Só me toquei quando vi os olhos de Saori cheios de lágrimas e um com um chumaço de fios ruivos em uma de suas mãos, enquanto a outra segurava uma tesoura.

Passei as mãos no meu cabelo para senti-lo todo desregulado.

"Say, você está bem?" Alguns dos meninos correram pro meu lado. Logo formou-se uma roda à minha volta.

"Por que você fez isso?!" Meu irmão gritou com Saori. Todos os olhares voltaram-se para ela.

Estavam todos incrédulos, mas ninguém, além de Seiya, teve a coragem — ou se deu ao trabalho — de enfrentá-la.

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