Capítulo 4

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Nas ruas da cidade de ferro o que mais se ouve são os burburinhos das pessoas, as fofocas indo e voltando.

- Eles perderam um recipiente. -é o maior assunto dos sussurros.

Me aproximo de um grupo de feéricas fofoqueiras, observo os sabonetes e shampoos, os ouvidos atentos.

- O rei anjo está furioso até onde sei, ao que parece, aquele deve ser o último resistente.

- Agora ele está a solta, e estamos a mercê de seu poder maligno.

Eu pisco algumas vezes, escolhendo um pequeno cesto de sabonetes de lavanda, pondo em seguida alguns frascos de cristal, onde shampoo e condicionador brilhantes estão ali.

A cidade de ferro tem seus inúmeros defeitos, mas eles nunca erram na fabricação destes shampoos.

- Vou levar estes. -digo.

- Seis macos de ouro. -diz a fada.

Quase um rim, mas vale a pena depois do banho.

Ponho as cinco moedas de ouro que tamborilam no balcão, eu pego a sacola, acenando com a cabeça para a fada antes de sair.

Até agora, nada que indique o rei anjo estar com três prisioneiros novos, significa que ele não está com os meus irmãos, ou, foi sigiloso demais ao ponto do povo não saber o que está se passando no castelo da capital de illyria.

Eu passo em uma pequena venda de doces, comprando ali torta de nozes, é a preferida dele, isso vai compensar os doces que comi.

Se eu ao menos soubesse controlar a essência de magia, eu poderia usar isso ao meu favor para a busca dos meus irmãos. Se aquela bendita emboscada não tivesse ocorrido, estaríamos na cidade de bronze neste momento, escondidos, seguros.

Fecho a tampa do boeiro e desço pelo o escorregador, eu deveria ter um modo de controle quanto a essência de magia, mas eu não consigo.

Me choco contra o colchão, Alice deve ter alguma pista, ela disse que tentaria outra vez.

- Alice, você...

Eu paro, aquele cheiro de ferro impregnando minhas narinas, eu alcanço o arco do túnel, encarando diante de mim, um mar de sangue.

Senti tudo em mim congelar, a garganta se fechar e a boca secar, eu deixei as sacolas irem ao chão, o que havia dentro delas se estilhaçando e sendo banhado no sangue.

Eu caminho devagar, encarando muitos corpos, os corpos dos rebeldes, não pode ser.

Eu ergo meu olhar, encarando o corpo da rebelde debruçado sob a pedra da feiticeira, os olhos sem vida fitando o sangue.

Meu coração bate fortemente, eu cambaleio para frente, meus pés pisoteando as poças vermelhas.

Eu ergo o meu olhar, encarando o trono de engrenagens e peças, o trono do rei rebelde.

Eu sufoco o grito, os olhos ardendo e o desespero me tomando por completo.

Vejo o rei rebelde ali, seu corpo sentado no trono, sua boca cortada de ambos os lados, seus olhos, onde havia olhos castanhos, agora não passam de dois grandes buracos sangrentos, uma coroa de lata está em sua cabeça, sua mão direita sem a maior parte dos dedos está segurando um cetro de espinhos de ferro.

Seu peito, há um grande buraco em seu peito, eu vomitei no chão, vendo ao lado dele uma bandeja de prata com o seu coração.

- Sam. -soluço.

Ele está morto, morto, ele, todos, eles estão todos mortos.

Eu cambaleio até o mesmo, tocando o seu rosto ensanguentado. Eu grito horrorizada, a dor me atingindo como uma espada no peito.

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