Capítulo 4 - Rosas Cor-de-rosa.

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No dia seguinte, segui minha rotina como o esperado.

Após as aulas, que passei observando o comportamento de Bastiel de longe, segui até a floricultura para ajudar Eponine, que estava atolada em tantos pedidos sem vovó na gerência, que permanecia doente.

Um pouco distraída, tenho certeza que após algumas horas dei mais trabalho do que ajuda para minha tia, que precisou chamar minha atenção de cinco em cinco minutos.

— Alguém está no mundo das nuvens hoje. — alega ela, me ajudando a terminar uma encomenda nos fundos da loja.

Suspiro pesadamente, ajeitando os lírios na nova embalagem do senhor Wood.

— Sabe... — decido desabafar. — não vou mentir, é estranho que a garota que vende as flores às receba.

Por mais que eu tenha desejado isso durante todo esse tempo...

Eponine dá uma risada irônica, me passando o último, que eu delicadamente arrumo sobre os outros.

— E por quê diz isso?

Dou de ombros e pego o buquê, sendo seguida por ela até o balcão.

A fila aumentou ou é só impressão minha?

Senhor Wood arqueia as sombrancelhas brancas quando me vê, e eu estendo as flores para ele com violência que não é do meu feitio.

— Está bom o suficiente? — debocho dele, que ri fraco.

— Nada mal. — cheira. — Praticar faz bem aos jovens.

Reviro os olhos para o homem a quem direciono todo meu mal humor, que sai da loja dando risada.

Nada de fiasco, pelo menos.

O próximo cliente vem. Tenho a impressão de que já a vi em algum lugar antes.

— Olá. — sorrio, e ao perceber que está um pouco cabisbaixa, brinco: — Com que flor posso alegrar seu dia hoje?

Ela dá uma risada a contragosto e prende uma mecha do cabelo preto atrás da orelha. Só então noto como é bonita. Acho que nunca tinha a visto aqui antes, no meio de tantos clientes que vem todo mês. Sua pele é morena, de um tom que combina de maneira singular com o batom vermelho que usa nos lábios.

O jeito que a garota ri e pisca os cílios longos na minha direção me faz querer continuar fazendo ela rir.

— Um buquê de rosas cor-de-rosa, por favor. — ela pede.

Pego o que estava amostra no balcão atrás de mim e a entrego, revelando o preço.

— Elas são lindas. — elogia a garota após pagar, com um sorriso fraco.

Concordo com a cabeça e guardo as notas, em seguida apoiando meus braços no balcão.

Me sinto ousada quando resolvo perguntar seu nome.

— Como se chama? Acho que já...

— Sou Luna. — sua voz aveludada sai doce. — Nos conhecemos da escola.

Nossa conversa termina com outra troca de sorrisos doces, e antes que eu faça qualquer adendo, Luna já está saindo porta afora.

— Estranho. — Eponine murmura baixinho atrás de mim, e eu mando o próximo cliente passar.

— Acho que ela é do terceiro ano. — conto, vendo uma sombra sua atravessar a rua pela grande porta de vidro da loja. — Mas não tenho certeza.

Já é bem tarde quando fecho a floricultura por conta própria pelo segundo dia consecutivo.

Bastiel apareceu de novo lá hoje, o mesmo pedido de ontem. Talvez eu esteja ficando louca. As flores não devem ser dele.

Na verdade, deve ser uma pegadinha.

Mas essa idéia vai embora quando chego em casa e a primeira coisa com que me deparo é outro buquê, dessa vez de rosas cor-de-rosa.

— E o stalker ataca de novo. — vovó retruca, sentada de frente para a TV. — Seja quem for, deveria parar.

Varro o apartamento a procura de Eponine, que já deve estar dormindo com Cécile.

Observo a beleza das flores, que se assemelham muito às nossas: o jeito que são fechadas, mas não demais. O perfume doce que te faz querer saborear uma pétala, mesmo sendo impensável. O tom de cor-de-rosa claro em cima e escuro mais para baixo.

Bastiel comprou um buquê desses. Exatamente esse.

É ele. Não tem como não ser ele.

Bastiel me ama. Como em todos os meus sonhos. Ele me ama?

Sem nem pensar, me jogo em cima das flores e puxo o cartão, passando meus olhos pela letra bonita agilmente:

Você é perfeita do seu próprio jeito. Não deixe ninguém dizer o contrário.

Eu gosto muito de você, só que é uma pena que ninguém mais identifique isso como amor.

Inclusive você.

Sem assinatura.

— Quem diabos é você?

Rosa Cor-de-rosa: representa delicadeza, beleza, harmonia, ternura, juventude e amor

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Rosa Cor-de-rosa: representa delicadeza, beleza, harmonia, ternura, juventude e amor.

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