Never gonna leave this bed

Colin chegou na pousada completamente encharcado. A chuva que caía lá fora estava tão forte que em uma olhada para trás, ele mal via a rua que tinha acabado de estar. Não tinha estado tão frio durante o dia, mas a chuva trouxe uma queda de temperatura, e como ele estava molhado até os ossos, tremeu um pouco. Arrastou sua pequena mala até a recepção mas antes mesmo que pudesse cumprimentar a recepcionista, ele escutou os passos dela.

    Não. Não não não não não não não. Só podiam estar de brincadeira.

    Então Penelope Featherington parou ao seu lado, perfeitamente seca, também puxando uma mala de rodinha. Ela o encarou, olhando pra cima.

    — É claro que você também estaria aqui. — Colin sustentou o olhar. Como alguém tão pequena poderia ser tão insuportável, ele jamais conseguiria entender. Mas Penelope vinha sendo uma pedra no seu sapato há doze anos.

    Ok, não há doze anos. Houve um tempo em que ela era uma menina amável e legal e ele até gostava dela. Mas esse tempo passou há muito, e quase nunca era recordado. Foi substituído por anos de implicância, rivalidades e puxadas de tapete.

    — O que você está fazendo aqui?

    — Admirando sua cara feia que não é. — Ela se virou para recepcionista. — Boa noite. Eu tenho quarto reservado pela Entertainment Weekly, para Penelope Featherington.

    — Desculpa… — Ele olhou para o crachá da recepcionista e deu seu melhor sorriso. — Stacy. A senhorita deve ter visto que eu cheguei primeiro, e infelizmente meu estado requer um banho e uma troca de roupas urgente. — Ele apontou para si mesmo. Ela demorou mais um segundo a mais do que deveria olhando para camisa social branca de Colin que estava grudada ao corpo e sorriu. 

    — Claro. Só um momento, senhorita Featherington. O senhor…

    — Bridgerton. — Colin recostostou no balcão se sorriu novamente para a moça.

    — O senhor Bridgerton realmente chegou primeiro. E não queremos que ele pegue um resfriado, não é mesmo? — Colin, ainda recostado no balcão, voltou seu sorriso para Penelope, que resmungou algo que poderia muito bem ser “eu não me importaria” ou “desde que ele morra”. — A reserva está foi feita pela Rolling Stones? Uau. — Colin abriu o sorriso. — Dois figurões. Imagino que estejam aqui pelo casamento. Sabe, a cidade está completamente cheia. Hoje várias pessoas tentaram reservar um quarto, em cima da hora! — Ela riu. — Creio que não tenha um quarto disponível num raio de 100 quilômetros. Esse é o casamento do ano!

    E realmente era. Colin deveria imaginar que Penelope estaria ali. Eloise costuma dizer que era cômico o modo como os caminhos dos dois se cruzavam com tanta frequência, mas a verdade é que eles só trabalhavam no mesmo ramo: ambos eram jornalista do entretenimento. E por serem de revistas concorrentes estavam sempre brigando por furos. Uma vez ela conseguiu enganar o assistente dele e mandá-lo para outra cidade, de forma que ela tivesse uma exclusiva com a ex-namorada do Príncipe Harry. Ele talvez tenha trancado ela no banheiro em uma coletiva.

    — Certo, senhor Bridgerton! Seu quarto é o 204. Nós não oferecemos jantar, mas se você tiver interesse em comer alguma coisa, depois que  se trocar, eu ficarei honrada em te indicar os melhores lugares da cidade.

    — Ah, você pode ter certeza. — Ele piscou para a recepcionista, pegou sua mala e olhou para Penelope, parada, batendo o pé com impaciência. Ela usava um casaco azul escuro, que batia nas suas coxas. Ela era baixinha, mesmo com salto, não passava do seu ombro. Mas tirando isso, tudo nela era demais. Ela era ruiva demais. Seus olhos eram azuis demais. Ela falava demais. Sua presença o perturbava demais.