Esperanca na juventude subestimada

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"- A monarquia de envenenadores ocupam o trono desde muito antes de eu nascer. E vão continuar ocupando o trono muito tempo depois que você e eu estivermos mortos."

Essa frase ronda minha cabeça, cresci a escutando, é tão comum aos meus ouvidos quanto um bom dia.

Os envenenadores estão no trono por anos, fato que só aumenta o peso de sair vivo de Sigla–duelo do qual irei participar– este que irá acontecer logo após o natal.
Tenho a impressão que se eu sair pedindo um abrigo para qualquer morador de Aire, eles de imediato irão atender meu pedido, não por benevolência e sim pela possibilidade de perder o futuro do reino.

O futuro do reino é algo tão duro de se dizer, como um simples fedelho de 12 anos aceita essa responsabilidade? Simples, não aceita.

Não aceitava até a minha maturidade bater na porta e eu compreender que é ou é. Não tem a possibilidade de não ser, sendo Brian, meu avô, o último vencedor elementar, eu tenho a obrigação de não morrer.

Meu avô ainda consegue se lembrar de quando os elementais estavam no comando, ele dizia que o mundo era mais límpido e puro de se viver, acho que ele dizia isso mais por orgulho de ter vencido.

O amo, eu o amo, meu avô ainda é um dos últimos seres do qual me ergue toda vez que sou mais leve do que uma pena e sou levado pelo ar.

Aire, ar, Aire, ar, Aire, ar, Aire.

Aprecio o nome de minha terra, é como se fosse o ar que me mantém. Existem muitos pontos soltos que são como se fossem ligados internamente a mim, como o nome de minha pátria, ou o fogo que mantém as casas aquecidas ao anoitecer.

Muitas circunstâncias me conectam a essa terra, fatos esses que me lembram diariamente sobre o último suspiro de meu pai, Robin.

Chamo Desmond de pai mais por conveniência, na realidade não carrego seu dna e nem o considero como um.

Meu avô sempre diz que meu pai foi um homem bravo e honesto, lutou até o último segundo e nunca abaixou a cabeça. E eu acredito, acredito mesmo. Meu pai partiu enquanto eu tinha 5 anos de idade, sei que dizem que as memórias são algo influenciáveis e movidas as circunstâncias em que são colocadas que as influenciam diretamente.

Mas tem uma memória da qual eu tenho plena exatidão, certeza.

Anne e meu pai estavam a caminhar, uma mão gelada se alinhava à minha, provavelmente de Anne. Era uma tarde agradável de outono, eu ainda detinha pouco conhecimento da minha capacidade, então eu só fazia graça em levantar algumas folhas que caíram com o passar da estação.

"Harry, pare querido isso não funcionará" Anne dizia de forma jovial.

A boquinha de Harry se entornou em um beiço fofo e que derretia corações. "Mas mamãe, as árvores não as querem mais? É isso? Como elas podem simplesmente deixar com que elas caem, é tão injusto"

Harry tentava a todo custo fazer com que o ar levasse as folhas de volta a seu devido lugar, rente com os galhos.

Lembro que meus pais cantarolavam alguns versos simples.

"Tesouro infinito, precioso e mais bonito, amor, meu grande amor
Carinho e meu amado, por tantos desprezados, amor, meu grande amor
Como responder a tal entrega e paixão Teu amor?"

desenlace ✧ l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora