Capítulo 10

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Quando eu acordei na manhã de sábado, confusa e de ressaca, meu cérebro me presenteou com a lembrança do que havia acontecido na noite passada. Grunhi em frustração e sentei na cama. Na mesinha de cabeceira havia um copo com água, uma cartela de tylenol e um papel dobrado ao meio com um grande "Leia-me" escrito. Peguei o papel com as sobrancelhas franzidas e o abri.

"Eu sabia que você acordaria de ressaca. Me agradeça almoçando comigo hoje. Vou cozinhar para você.
Beijos, D."

Revirei os olhos e depois grunhi de novo, sentindo minha cabeça doer com o movimento. Sinceramente, Draco estava me saindo melhor do que a encomenda. Eu nunca imaginaria que ele fosse assim, tão cuidadoso e quase um cavalheiro. Talvez fosse por isso que a rotatividade de mulheres na casa dele fosse tão intensa. Desse jeito eu não tinha certeza se aquela coisa de amizade colorida daria certo. Eu tomaria tão lindamente bem no meio do meu cu quando me apaixonasse por ele. E eu sabia que isso aconteceria. Por que eu era idiota e estúpida.

Eu tinha que acabar com aquilo? Sim, eu tinha. Eu o faria? Absolutamente não.

Tomei dois comprimidos e a água. Verifiquei as horas e fui tomar banho. Eram quase nove, cedo demais para almoçar, mas lembrei que precisava levar Lizzy no veterinário. Que por acaso, era o próprio Draco. Depois, iria até uma revendedora de automóveis resolver o problema da minha falta de carro com urgência.

Me vesti com um jeans e uma blusa folgada, peguei a caixa de transporte de Lizzy do armário e amarrei o cabelo em um rabo de cavalo. Peguei minha gatinha e saímos juntas. Draco havia me mandado a localização do seu consultório por mensagem. Peguei um uber e mostrei o caminho. Pouco tempo depois ele me deixou no local. Entrei pela porta de vidro e fui até a recepção, onde uma moça ruiva muito bonita me atendeu.

O lugar era todo pintado de cores sóbrias, como branco o amarelo bem claro. Havia uma grande prateleira com coleiras, brinquedos caninos e caminhas. Havia cartazes de campanhas de vacinação colada em uma das paredes e um quadro com o alvará de funcionamento. Ao lado do balcão da recepção havia uma fila com cinco cadeiras para espera. Em um canto, havia bacias com água e ração, e até alguns brinquedos para animais. Quando eu falei meu nome para a recepcionista, ela olhou no notebook e depois sorriu gentilmente.

— Ah, claro. Pode entrar, o doutor Malfoy já vai atende-la.

Dei um sorriso em agradecimento e segui por onde ela havia indicado com a mão. Havia apenas uma porta de madeira no final de um pequeno corredor. Dei duas batidinhas e uma voz grave me mandou entrar.

Eu a abri e entrei lentamente, engolindo em seco quando vi Draco usando um jaleco branco por cima de uma camisa social azul clara e calças de alfaiataria pretas. Ele ficava um grande gostoso com aquele jaleco. Draco estava atrás de uma mesa de ferro alta, como se fosse uma maca, virado parcialmente de lado e mexendo no computador. No rosto havia um óculos de leitura com aros quadrados. Ele levantou a vista e abriu um sorriso quando me viu.

— Granger. Como está a ressaca?

Fiz uma careta, me aproximando e colocando a caixa protetora de Lizzy em cima da maca.

— Me desculpe por ontem, de verdade. Eu não costumo beber daquele jeito.

Falei com vergonha, sentindo meu rosto esquentar. Draco deu uma risada discreta e abriu a caixa, tirando minha gatinha lá de dentro.

— Não se preocupe, já lidei com mulheres em estados piores que aquele.

Franzi as sobrancelhas, ligeiramente incomodada com o que ele havia dito.

— Humm.

Resmunguei. Draco deitou Lizzy na mesa de barriga para cima e fez um festo pra eu segura-lá. Ele puxou um instrumento grande junto com uma tela pequena em cima. Passou um gel e o aproximou da barriga peluda dela. Ele estava sério e concentrado e aquilo de certa forma, era sexy demais.

The Fake Love / DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora