Capitulo 15

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Draco Malfoy

Eu sabia que era um idiota. Um babaca sem coração que fez uma das pessoas mais legais do mundo sofrer. Eu sabia disso tudo. Mas tudo isso tinha uma boa razão.

Minha infância inteira eu passei acreditando que o casamento dos meus pais era perfeito e que eu queria aquilo um dia. As fotos na parede da nossa grande casa mostravam uma família completa e feliz. Sempre com sorrisos de orelha a orelha e aquele brilho que apenas pessoas satisfeitas com a vida que levavam tinham.

Meu pai foi um neurocirurgião brilhante, dono das mãos mais caras desse país, e eu sonhava em ser médico também. O problema era que ele quase nunca estava em casa. Sempre viajando pelo mundo, fazendo especializações ou procedimentos complicadíssimos. E nas raras noites em que ele estava em casa, ele se trancava no escritório e ficava lá até tarde da noite.

Minha mãe, uma jovem senhora, doce e amorosa sempre estava muito sozinha. Eu não entendia por que ela não convidava algumas amigas pra lhe visitar. Quando eu finalmente cheguei à adolescência, foi que a ficha caiu.

Na primeira vez que eu me dei conta do que estava acontecendo, eu não quis acreditar. Afinal, meu pai nunca me fez mal algum. Ele era amoroso e me olhava com orgulho quando estávamos juntos. Ele era incapaz de tocar um dedo em mim, ou na minha mãe.

Mas em uma tarde ensolarada de setembro, quando eu cheguei da escola, eu vi minha mãe chorar baixinho no banheiro do primeiro andar, depois que meu pai tinha chegado de uma viagem longa. Eu tinha 14 anos na época, não era mais uma criança, mas ainda assim, minha mãe quis me proteger.

— Mãe?

Perguntei, ouvindo o choro baixinho que vinha do outro lado da porta. Dei duas batidinhas e girei a maçaneta. Minha mãe estava sentada na beirada da banheira. Os olhos vermelhos, a cara inchada devido ao choro, e um pequeno corte no lábio inferior. Eu franzi as sobrancelhas e corri até ela, me abaixando na sua frente.

— Mãe, o que houve? Você está bem?

Ela enxugou as lágrimas rapidamente e me deu um sorriso fraco.

— Tudo bem, querido. Está tudo bem.

— Como você se feriu?

Perguntei, analisando seu rosto. Não havia nada de diferente ali, exceto aquele pequeno machucado.

— Eu bati com o rosto na porta do armário. Não foi nada demais. Sou tão distraída!

Estranhei aquilo, mas não suspeitei de nada. Afinal, meu pai amava minha mãe, ele não teria coragem... Balancei a cabeça para afastar esse pensamento ridículo e ajudei minha mãe a limpar o rosto e colocar um curativo no lábio. Ela me assegurou de que estava bem e subiu para seu quarto. Mas tarde, naquela noite, meu pai chegou com um buquê de narcisos brancos para ela. Os seus preferidos. E me culpei por pensar algo tão terrível de um homem tão bom.

Então, quando eu tinha 16 anos, voltei mais cedo de uma festa na casa de um amigo. Era pra eu ter dormido lá, mas tinha esquecido o carregador do celular e havia decidido voltar pra casa. Da varanda mesmo, eu pude ouvir os gritos do meu pai. Franzi as sobrancelhas e corri para a porta, o abrindo rapidamente e entrando em casa. Os dois estavam no escritório e meu pai gritava a plenos pulmões que minha mãe era uma vagabunda.

O chão foi arrancado dos meus pés naquele momento. Eu travei no lugar, apenas ouvindo a briga. Mas quando uma tapa soou e algo foi quebrado, que fui puxado do estupor e escancarei a porta, vendo o exato momento que meu pai enforcava minha mãe no pequeno sofá. Meus olhos encheram de lágrimas ao ver o terror no rosto da minha mãe quando ela me viu.

— Lucius!

Ele murmurou, olhando-o por cima do ombro. Eu queria ter feito alguma coisa. Eu juro que eu queria. Mas eu era incapaz de acreditar naquilo que meus olhos viam.

The Fake Love / DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora