CADA MINUTO QUE EU TE VEJO É POUCO PRA ESSA VONTADE QUE EXPLODE AQUI DENTRO

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(Alex)

Aqueles dias pareceram infinitos e me devastaram. Henry não respondia minhas mensagens, nem atendia minhas ligações. A mãe dele, por outro lado, me procurou na advocacia e me contou toda a verdade sobre o tempo que passaram com Mary, pediu que eu tivesse paciência e que confiasse na nossa história juntos, repetiu várias vezes que tudo ficaria bem e eu me forcei a acreditar.

Aquela família era cheia de segredos, e isso não me agradava, mas amava o Henry, amava tudo nele, seu sorriso, seu coração gigante, sua coragem, sua inteligência e humildade, o quanto ele era lindo e o quanto me fazia feliz. Não iria desistir dele, nem de tudo que poderíamos construir juntos.

Passei tanto tempo com medo de entregar meu coração novamente, enquanto ele permaneceu sempre ao meu lado, me apoiando e compartilhando os bons e maus momentos, esperando até eu estar pronto. Parecia que estávamos juntos há uma vida, mas a verdade é que não pensei direito, agi por impulso e acabei por quase estragar a vida que poderíamos ter.

Durante aquela semana, senti tanto a falta dele que meu coração parecia sangrar. Acostumei a dormir ao seu lado e acordar com aqueles lindos olhos azuis olhando pra mim e seu cabelo bagunçado, os fios dourados caindo pelo rosto, brilhando na luz fraca do sol que entrava pela janela toda santa manhã.

Meu dia só tinha cor quando começava com um beijo dele, e pensar que podia ter arruinado tudo isso me quebrava. Henry comprou uma casa para nós, me pediu para compartilhar a vida com ele, e eu traí sua confiança, mas não desisti, mantive a esperança de reconquistá-lo e trazer de volta aquele sorriso lindo para seus lábios, pois pensar que o fiz chorar me deixava sem chão.

O olhar decepcionado dele me vinha à mente quando ia dormir, ele tinha um dos corações mais bonitos e eu o quebrei. Mas então, ao fim daquela semana torturante, meu celular tocou.

⸺ Baby? ⸺ perguntei ao atender.

⸺ Oi, amor ⸺ ele respondeu com a voz baixa e cansada.

⸺ Ah, Henry ⸺ suspirei ao ouvi-lo me chamar de amor. ⸺ me desculpa, eu estou com tanta saudade, por favor, podemos nos ver?

⸺ Também estou com saudades. ⸺ Meus olhos marejaram e pisquei rápido, segurando as lágrimas. ⸺ Liguei para ouvir sua voz.

⸺ Por favor, vamos nos encontrar ⸺ repeti o pedido, eu queria tanto vê-lo. ⸺ me deixa consertar as coisas.

⸺ Eu quero tanto te ver, mas tenho medo.

⸺ Henry... Baby, por favor, só me dá mais uma chance ⸺ não tive vergonha de implorar, eu faria qualquer coisa por aquele homem. ⸺ eu te amo.

⸺ Eu também te amo ⸺ respondeu, sem hesitar.

⸺ Por favor... ⸺ pedi, novamente.

⸺ Vem em casa hoje à noite ⸺ ele cedeu, após um longo suspiro.

⸺ Vou, prometo! ⸺ falei, rápido demais, não podia decepcioná-lo outra vez.

Quando ele desligou, sem perceber, comecei a chorar, não sei se de alívio ou felicidade, afinal, ele aceitou me encontrar, estava me dando outra chance e eu não podia vacilar.

***

Às 20:00 horas em ponto, toquei a campainha da casa de Henry e em poucos segundos a porta se abriu. Ele estava lindíssimo em seu conjunto fofo de pijama azul claro, e eu só queria abraçá-lo, mas não sabia se podia.

Nós ficamos parados, olhando um para o outro, sem conseguir dizer uma palavra sequer, talvez não houvessem palavras adequadas para aquele momento, mas ele abria e fechava a boca, angustiado, até que fechou os olhos e respirou fundo, então venceu a distância que ainda havia entre nós e me abraçou.

⸺ Baby! Me perdoa ⸺ eu disse por fim, abafado com o rosto contra seu pescoço. Ele também estava chorando.

⸺ Eu senti tanto a sua falta. ⸺ Ele me beijou e eu o beijei de volta, sentindo o gosto salgado das lágrimas que não paravam de escorrer por nossos rostos.

Entramos em casa aos tropeços, não queríamos nos soltar. Eu o segurava firme pela cintura, juntando nossos corpos e o abraçando como tanto quis durante aquela semana longe. Ele trancou a porta e arrancou meu casaco, deixando cair no chão da sala, e seus lábios não desgrudaram dos meus enquanto me segurava pela camisa e puxava escada acima em direção ao quarto.

***

(Henry)

Falar com Alex fez meu corpo todo estremecer, era incrível o poder que ele tinha sobre mim. Não queria pular em seus braços logo que abri a porta, pretendia conversar, esclarecer algumas coisas, mas as palavras simplesmente não saíram, eu estava com tanta saudade, queria tanto senti-lo junto a mim novamente, nunca imaginei amar alguém assim, tão perdidamente, será que era isso que chamavam de alma gêmea?

Não consegui resistir, nem tentei, na verdade. A falta dele estava me matando lentamente, sufocando toda a felicidade que descobri ser possível sentir nesses meses que estávamos juntos. Devia estar louco, mas não importava, eu só queria o Alex, queria seus olhos em mim, seus lábios nos meus, seu cheiro nos meus lençóis, sua pele quente me aquecendo, seus cabelos bagunçados e seu corpo junto ao meu.

Mamãe e Bea haviam saído, foram ver os fogos da virada de ano na praça da cidade, e eu agradeci a privacidade, nós precisávamos muito.

***

Sexo com Alex nunca era igual, mas naquela noite, depois de uma semana longe, com toda a saudade acumulada, o perdão e as lágrimas, tudo se misturou entre nossos corpos enroscados, suados, contorcidos numa dança tão íntima e tão nossa. Ele era tudo que eu sempre sonhei e quis e eu sentia em cada olhar, cada toque, que era recíproco.

Nós ainda precisávamos ter uma conversa séria, esclarecer muitas coisas e como ficaríamos depois de tudo, e ainda tinha a questão da casa, mas naquele momento só existia eu, ele e o nosso amor.

Era noite de ano novo, uma noite de recomeços, por isso passamos a virada juntinhos na cama, eu deitado sobre seu peito e os braços dele ao meu redor. Os fogos começaram a estourar quando estávamos quase pegando no sono, naquele limbo entre a consciência e os sonhos. Ele beijou meus cabelos e me desejou feliz ano novo, disse que me conhecer foi seu maior presente naquele ano e que queria passar o resto da vida comigo. Me pediu, por favor, para compartilhar a vida com ele, então peguei a caixa com o anel e a chave na gaveta e o entreguei, como planejei fazer no natal, e nós choramos novamente, mas por um motivo bem diferente.

Por fim, encerrei mesmo o ano chorando, mas foi de felicidade, meu coração já o havia perdoado. Nós dois erramos e tivemos que aprender a acertar juntos, pois dividir a vida exige diálogo, e compartilhar o futuro exige também compartilhar o passado, por mais difícil que seja.

 Nós dois erramos e tivemos que aprender a acertar juntos, pois dividir a vida exige diálogo, e compartilhar o futuro exige também compartilhar o passado, por mais difícil que seja

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Corações desatentosOnde histórias criam vida. Descubra agora