𝓠𝓾𝓪𝓷𝓭𝓸 𝓪𝓼 𝓮𝓼𝓽𝓻𝓮𝓵𝓪𝓼 𝓫𝓻𝓲𝓵𝓱𝓪𝓶 | 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐋𝐈𝐙𝐀𝐃𝐎

Capítulo 3

Era por volta das duas quando Liam chegou. O arquiteto estava acordado, arrumando os últimos detalhes da maquete de madeira para a mãe, mesmo que fosse apenas uma desculpa para esperar o secretário chegar. E ele não poderia negar o pequeno sorriso que surgiu em seus lábios.

— Não parece bêbado.

— Por que não estou surpreso que ainda esteja acordado? — Liam sorriu, abandonando a ideia de seguir para as escadas e se aproximando do chefe — No final, sempre imaginei o senhor trabalhando até as 4h e acordando as 8h pro serviço.

— Quatro horas de sono?

— Foi a única explicação provável para seu costumeiro mau-humor.

— Scott me disse que meu estado mais humorado é quando você está perto.

— Disse? — Liam perguntou com um sorriso, vendo a mão do arquiteto bater no espaço ao seu lado.

— Aparentemente você é a única pessoa capaz de me deixar bem humorado.

— Acho isso difícil.

— Eu concordo com ele.

— O senhor fica bem humorado comigo?

— Você nem imagina o quanto influencia na minha vida, Liam.

Se alguém perguntasse ao secretário o motivo para seu corpo ter pendido na direção do chefe, ele culparia as duas garrafinhas de ice ao qual bebeu, enquanto conversava com Lydia e Isaac. Todavia, ele sabia que não era isso. Era aquela vibração estranha e magnético que sempre o levava para perto de Theodore.

— Como foi na Nefertiti?

— Legal. — ele não entendia o motivo de estar sussurrando — Lydia estava me explicando como seu apartamento alagou e Isaac explicando como Stiles estava arrumando o apartamento para minha chegada.

— Irá ficar com Isaac e Stiles?

Theo também estava sussurrando, sentindo a respiração acelerada do secretário bater em seu rosto. Eles estavam tão malditamente próximos agora.

— Não gosto de morar sozinho, fora que minhas economias não bancariam um apartamento seguro em qualquer lugar próximo ao centro.

— Precisa de um aumento?

— Mais do que já recebo? — um sorrisinho surgiu no secretário, o fazendo desviar sua atenção, conhecendo a si mesmo ao ponto de saber seus limites para aproximação com o seu chefe — Os outros iriam comentar.

— Mais do que já comentam?

— Alguém lhe contou sobre os comentários?

Liam não entendia o motivo de suas bochechas estarem quentes por saber do conhecimento do arquiteto quanto aos comentários sobre um romance entre os dois.

— Eu sempre soube.

Theo era o único que sabia a ambiguidade de suas palavras. Ele conhecia os boatos e sempre soube que o homem sentado ao seu lado era seu, como os demais falavam. A pena, infelizmente, era que o Dunbar ainda não parecia entender isso. Mas ele iria, em algum momento iria.

— Eu sinto muito por isso, senhor.

— Pelo quê?

— Pelos comentários maliciosos.

O Raeken estava em um pequeno dilema, se poderia ou não acabar com o conflito interno já enraizado em sua mente e deixar sua vontade acontecer.

— Eu gosto.

O arquiteto confessou, a mão agindo de forma quase automática para se aproximar do mais novo, encostando na pele macia e, naquele momento, avermelhada de suas bochechas. Liam suspirou com a resposta, de forma discreta e lenta, levando o corpo mais para perto do outro, diminuindo a distância. Theo encarou os lábios desenhados, as bochechas avermelhadas e, até mesmo, os fios loiros que desciam pela testa do secretário, mas, sem dúvida nenhuma, o que mais chamava sua atenção era aqueles olhos.