Capítulo 1

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 — Dunbar!

Todos os funcionários do grande saguão, dentre eles secretários e publicitários, ergueram os rostos de seus computadores, observando quando o homem de intensos olhos azuis levantou de forma desajeitada e esbaforida de sua cadeira, derrubando alguns documentos do chão e os pegando rapidamente, correndo para a sala de reunião, por onde o engenheiro e o paisagista que acompanhavam seu chefe discutiam os últimos pequenos detalhes da próxima obra de sucesso da Alpha's.

Scott fez uma expressão penosa para o mais novo assim que passou ao seu lado, deixando claro que o companheiro de trabalho não estava no seu melhor humor. O McCall, por leves segundos, cogitou a ideia de retornar para dentro da sala, ajudar o pobre coitado que não tinha a obrigação de ouvir o mau humor do amigo por conta dos gastos extras adicionais. Todavia, acabou apenas seguindo para a mesa do seu secretário, sabendo muito bem que se existia alguma figura presente dentro daquela empresa capaz de acalmar os ânimos do arquiteto, esse alguém atendia pelo nome de Liam Eugene Dunbar.

Liam, mesmo conhecendo o motivo da reunião, pensou em seus possíveis erros que poderiam gerar uma demissão ou uma ralhada capaz de ser ouvida por todo o andar. Relembrou slide por slide que fez as pressas meia hora antes para Scott, ou o modo como havia posto os clipes nos documentos enviados por Derek. Porque, acredite ou não, Theodore Karl Hale Raeken tinha uma intensa capacidade de fazer um segundo monólogo com os fatos históricos e prova surpresa da importância do clipe de papel na sociedade.

— Fecha as persianas e serve uma dose de uísque.

Foi a única coisa que o homem pediu, a cabeça tombada no encosto da cadeira de couro e a respiração profunda de quando estava a um fio de perder o controle. Liam o encarou por alguns instantes, o vendo erguer a mão e esgaçar a gravata, desabotoando o primeiro botão da camisa. Dunbar se moveu rápido para a lateral da sala, largando seu tablet, único objeto que sempre carregava consigo, em cima da mesa e abrindo o bocal do vidro com a bebida.

Theo suspirou, baixando os olhos para onde seu secretário estava, vendo o homem ponderar o gelo, se colocava ou não, antes de abandonar e virar-se. Raeken não sorriu, mesmo que o mais novo tivesse feito a escolha correta, mas, no final, fazia quatro anos que trabalhavam juntos. Liam pegou o descanso de copo, o colocando na frente do chefe com sua bebida, sempre pelo lado direito. Theo também havia o feito escutar quase meia hora até entender que não se pode servir bebidas pelo lado esquerdo da pessoa.

— Se eu não quiser ir nessa bendita viagem, em média, quão brava Laura ficaria e quais as chances de Alexander não encher a porra do meu saco?

Ele não agradeceu, nunca agradecia no final. Liam mordeu o interior das bochechas sobre o olhar atento do chefe, que bebericava sua bebida de forma lenta, os olhos fixos no homem a sua frente.

— Alexander certamente não mandaria mais as cestas natalinas, o que seria bem ruim, sendo eu que sempre acabo ficando com elas e... — as bochechas do mais novo avermelharam assim que Theo franziu a testa em deboche — Ele não ligaria, mesmo adorando falar com o senhor. Afinal, ainda é o casamento dele. Mesmo que o senhor, o senhor Hale e o senhor McCall tenham conseguido encaixar as visitas e planos da primeira guinada do Shooting Star para esse fim de semana.

— E Laura?

— Bom, sua mãe já está irritada com a ideia do senhor e o senhor Hale estarem usando o terreno da família para a criação do Shooting Star, mais a magoa de não ter comparecido no casamento, seguido dos últimos anos a evitando, junto com a cidade. Diria que muito tempo.

𝓠𝓾𝓪𝓷𝓭𝓸 𝓪𝓼 𝓮𝓼𝓽𝓻𝓮𝓵𝓪𝓼 𝓫𝓻𝓲𝓵𝓱𝓪𝓶 | 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐋𝐈𝐙𝐀𝐃𝐎Onde histórias criam vida. Descubra agora