O Nerd e o Popular

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As fanfic's precisam acabar.

Não me entendam mal, não tenho nada contra histórias independentes e gratuitas, na verdade, há grandes obras incríveis em plataformas digitais, porém, é inegável a grande quantidade de romance clichê e problemática que acaba, infelizmente, sobressaindo. No entanto, se fosse algo que ficasse apenas em sites e na cabeça de crianças, estava tudo - relativamente - bem, acontece que, por algum motivo, os badboys insuportáveis resolveram criar vidas e, consequentemente, atormentar a minha vida.

Sinceramente, não é muito difícil lidar com babacas nesse calibre, eu era administrador de um site de respostas do Amor Doce, sei exatamente como irritar uma cópia barata de Castiel na vida. Mas o que fazer quando a sua vida parece ser escrita por uma criança de, sei lá, treze anos?

Começando pela minha vida em si: meus pais morreram em um acidente de carro, há cerca de 5 anos. Atualmente, vivo em outra cidade com meus tios e, para não dar trabalho para eles, sempre me esforço na escola, evito confusões e, nas férias, arranjo um bico ali e aqui para ajudar nas despesas. Minha prima é uma patricinha mimada que vive enchendo meu saco, mas eu sempre relevo porque eu sei que meus tios sempre vão ficar ao seu lado.

Não bastando, também tenho minha vida acadêmica. Como eu disse anteriormente, sempre me esforço muito na escola, minhas notas são altas e os professores gostam de mim, não tenho amigos, não costumo interagir muito, apenas fico no meu canto com meus fones de ouvido, lendo algo ou estudando. Não é clichê o bastante? Então deixe-me vos apresentar Park Jimin, a cereja do bolo.

Impossível não notar sua presença, ele parecia um valentão norte-americano com traços orientais. Cabelo vermelho chamativo, piercing, jaqueta de couro, notas baixas, tinha uma moto e uma má reputação. Só de pensar que esse desserviço era da minha sala me dava vontade de vomitar.

Ah! Sim, ele faz parte do clube de música da escola e tem uma banda de rock com seus malditos amiguinhos populares.

Eu queria paz e recebi uma vida escrita por uma criança de 13 anos. Tem como piorar? Sempre tem.

— Jungkook! Onde pensa que vai sem comer? — ouvi minha tia gritar enquanto eu colocava meus sapatos e estava pronto para sair de casa e seguir para a escola.

— Já peguei uma maçã, tia. Não se preocupe — respondi, ajeitando minha mochila nas costas e já abrindo a porta.

— Nada disso! Jiwon, leve seu primo para a cafeteria com suas amigas e certifique que ele vá bem alimentado para a escola.

Jiwon era a minha prima, a patricinha babaca citada mais cedo. Ela estava retocando seu batom ao ouvir o pedido da tia e suspirou pesadamente, antes de responder em um falso tom manso:

— Não se preocupe, mamãe, irei cuidar bem do meu priminho! — Só por seu olhar raivoso em minha direção, já sabia que não iria rolar tomar café fora.

— Ótimo, gosto assim — disse minha tia, se aproximando de nós. Tirou a carteira do bolso e me entregou algumas notas. — Aqui, alimente-se bem.

Suspirei e agradeci, saindo de casa junto com a minha prima, que passava as mãos constantemente em seu cabelo loiro, possivelmente na intenção de arrumá-lo.

— Você sabe que não vai comigo, não é? — disse enquanto descíamos pela rua de casa, apenas concordei com a cabeça em resposta. — Ótimo, agora me dê o dinheiro que a minha mãe deu. Preciso mesmo de grana extra para comprar maquiagens e roupas.

A ênfase no pronominal possessivo fez meu peito apertar, por mais que meus tios cuidem de mim, é inegável que eles não são meus pais e não me devem nada além de teto e comida. Isso fazia eu me sentir tão... Sozinho.

Cafajeste || jjk+pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora