dois, a primeira maravilha do mundo.

1.1K 102 190
                                    

dois, a primeira maravilha do mundo.

A lua brilhou no céu até o nascer do sol, brilhou até Sirius chegar na cidade mais bonita da Inglaterra, Londres.

 Sirius passou a noite inteira pensando no que iria fazer e como iria fazer e chegou a conclusão nenhuma, no fim. Mas agora ele podia fazer o que quisesse por longos dois anos e, então, se fingir de comportado quando Regulus finalmente chegasse. 

 Sirius passou a noite inteira pensando, as palavras de Dumbledore ecoando em sua mente sem parar igual quando ele tinha doze anos de idade, a certeza de um Deus que se importava com ele e o aceitava, um Deus que o deu esperança para passar pelas paredes acinzentadas e ir em busca de sua felicidade. Agora, com recém dezoito anos, Sirius não tinha certeza se esse Deus existia, não do jeito que ele tinha imaginado antes – barbudo e velho e indignado com quem usava seu nome para fazer o mal –, mas ele sabia que tinha alguém que se importaria e o aceitaria. Alguém que o entenderia e o daria sopa quando ele estivesse doente em vez de dizer que Sirius só queria chamar atenção.

 Sua alma gêmea estava em algum lugar do mundo. Perto ou longe, isso não tinha como saber. Mas se fosse preciso, Sirius rodaria o mundo para encontrá-la.

 Sirius passou pelas cadeiras ocupadas e foi direto para o banheiro. Fechou a porta da cabine, os mictórios vazios não o fizeram se sentir mais confortável. Ele tirou a mochila das costas e a colocou em cima da maleta apoiada no chão, se sentando na tampa da privada e cruzando suas mãos.

 Sirius sabia que para sua segurança não poderia ficar andando por aí com notas de dinheiro na mão e jóias que pareciam verdadeiras demais. Ele tinha que arranjar um lugar para ficar porque, por enquanto, ficar em lugar nenhum não era uma opção. Sirius precisava vender as jóias e arranjar um terno para arranjar um emprego. Ele precisava respirar, porque sua garganta estava se apertando conforme Sirius apertava suas mãos uma na outra e seu peito estava doendo mais e mais a cada pensamento. Ele estava com fome e devia levantar e ir comprar algo enquanto podia e depois procurar algum lugar para passar a noite, quando ela chegasse.

 Sirius precisava prestar mais atenção nas coisas, o fora de casa sendo muito mais agitado do que ele pensava que seria e o fazendo pular quando a porta da entrada do banheiro bateu.

 Sirius arregalou os olhos quando o som de passos se aproximou e, de repente, uma cabeça passou por baixo da porta, os olhos chocolate o mandando calar a boca e Sirius obedecendo sem nem pensar direito. 

 “Sem nem um piu.” o cara – provavelmente era um, já que estava no banheiro masculino – colocou um dedo em frente a boca, e por mais que Sirius até quisesse piar, só de brincadeira, ele não poderia: sua garganta tinha se fechado de vez e se ele falasse, pedisse por socorro ou o mandasse ir embora, havia noventa e nove porcento de chance de ser um sussurro fanho, falhado. 

 Sirius nunca foi uma pessoa que tinha o ato de pensar antes de agir na sua essência. Na verdade, ele aprendeu isso com os anos, que algumas atitudes tomadas erradas podiam prejudicar não só ele (lembra de Andrômeda? Sirius não escapou do seu quarto sozinho para beijar um de seus primos na frente de todos os conhecidos e amigos da família Black. Andrômeda que destrancou a porta e Bellatrix viu, contou para seus pais e hoje Andrômeda estava em algum lugar do mundo, vagando por aí com a desonra – ou honra – de ter sido deserdada.), como os outros. E com os anos, Sirius vinha tendo cada vez mais certeza de que pensar demais não era algo que ele podia fazer, porque sempre dava errado. Veja só, Sirius foi parar para pensar e agora estava com um estranho cheio de cicatrizes no rosto lhe mandando calar a boca. 

 Sirius deveria parar de parar para pensar, é.

 O cara encostou na porta trancada, sua bolsa velha sendo escondida por seu corpo e seus trapos largos balançando com o vento. O barulhos de passos rápidos chegaram ao ouvido de Sirius antes mesmo de chegarem ao banheiro.

the wonders of the world, WOLFSTAROnde histórias criam vida. Descubra agora