cinco, a quarta maravilha do mundo.

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cinco, a quarta maravilha do mundo.

Primeiro.

 "Vocês vão ter que dividir o quarto."

 Isso foi o que Arthur disse quando eles chegaram no novo hotel barato que passariam a semana. E, pra ser sincero, Sirius nem pensou em reclamar – ele gostava da companhia de Remus e se Deus quisesse Remus também gostava da sua. Eles eram colegas, Sirius achava. Eles conversavam e faziam piadas e passeavam juntos e não seria problema nenhum dormirem juntos também. 

 Remus também não hesitou, só levantou a sobrancelha brincalhão e saiu correndo, um eu escolho a cama saindo por seus lábios bem desenhados e fazendo Sirius fazer uma careta. 

Agora, deitado, Sirius não achava que a careta tinha sido necessária. 

 Remus estava sentado sobre a cama, o livro em suas mãos sendo lido por causa da luz amarelada que passava pela janela e fazia Remus parecer uma foto antiga, com cheiro de café e vela queimada por algum motivo que Sirius não sabia qual. 

 "Você lê demais." Sirius soltou do nada, procurando não se arrepender por ter interrompido Remus e sua leitura diária. 

 "É." ele concordou, os olhos se erguendo para Sirius por um milésimo de segundo enquanto assentia.

 "Por que?" Sirius perguntou baixo, preparado para calar sua boca se Remus não quisesse conversar agora.

 Remus parou, encarou a parede e voltou a olhar o livro. Dobrou um cantinho da página que estava e se deitou, espelhando Sirius. 

 Os olhares se encontraram. 

 "É legal." disse simplista. "É como se tudo o que falta na minha vida fosse encontrado em livros. Aventura, alegria, adrenalina, amores." 

 Sirius ergueu uma sobrancelha. 

 "Você quer dizer que sua droga são os livros?" 

 Remus riu, enterrando a cara no travesseiro. 

 "Eu tô falando que é viver!" se explicou animado. "É como ter um milhão de vidas diferentes, sabe. Cada uma tão conectada com os personagens que não dá pra não sentir o que eles sentem. Ou sentir totalmente o contrário deles. É como ser um repórter viajando por mundos… é bom."

 Sirius piscou, um pouquinho fascinado. Para si, ler era só ter dor de cabeça e encher o cérebro de informações que ele não podia lidar. 

 "Repórter viajando mundos… poético. Você acha que eu posso virar um? A história de um ladrão que tá tão ferrado que tem que fugir de país em país parece um bom come-" sua fala foi interrompida por um travesseirada na cara.

 "Vai dormir, Sirius!" Remus esganiçou entre risadas, se virando para o lado da janela. "E eu só tô fugindo de 70 países." berrou com graça. 

 Os olhos de 'Askov Azul' brilharam no escuro e Sirius sorriu torto, encarando o teto mal pintado.

 Ele não tinha entendido a piada de Remus. 



 Segundo.

 (o sol não estava fervendo e o sorvete em sua mão não derretia. 

 Sirius podia escutar o grito que sua mãe daria se o visse ali, com algo que fugia do planejamento alimentar que ele era obrigado a seguir e com alguém que fugia do ciclo social que ele era obrigado a ter. 

 Sirius podia imaginar a casquinha sendo tomada de sua mão com força e sendo substituída por um aperto forte, o puxando para longe. 

 Sirius podia sentir o choro preso na garganta, sufocando tanto quanto as mãos de Orion e a prisão mequetrefe de Walburga. 

the wonders of the world, WOLFSTAROnde histórias criam vida. Descubra agora