seis, a quinta maravilha do mundo.

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seis, a quinta maravilha do mundo.


Sirius descobriu que o quarto de Remus ficava no corredor da frente. Arthur o contou isso enquanto o explicava como ele tinha chegado no próprio quarto. 

 Sirius bebeu e encheu a cara e foi incrível. E, mesmo que ele não se lembrasse de muita coisa, a sensação de felicidade e adrenalina ainda estava em seu subconsciente e Sirius não via a hora de fazer de novo. 

 Festejar. Sirius gostava disso. 

 Sem ternos apertados e sorrisos forçados. Com roupas casuais e risadas altas. Era diferente. Sirius tinha sentido algo diferente durante a madrugada. 

 Alguma coisa tinha mudado. 

 Sirius não fazia ideia o quê. 

 E ele não estava pensando muito nisso. E o único longo dia que ele ficaria na Jordânia não lhe dava muito tempo para fazer algo que não fosse aproveitar. 

 Aproveitar o clima quente e a sensação de nada. Aproveitar a paisagem desértica e o barulho do eco que era as pessoas sendo elas mesmas. Aproveitar as pedras e suas diversas cores e formas, umas tão naturais quanto outras eram esculpidas pelos seres humanos – Sirius não fazia ideia de como elas tinham sido feitas, de qualquer jeito. 

 O sítio arqueológico era belo demais para ser descrito em palavras. Então ela só poderia esperar que sua memória fosse boa o suficiente. 

 Mas então algo bem idiota estragou tudo:

 "Isso é um peixe!" Sirius quase berrou, irritado por Remus ser tão implicante. 

 "É um elefante!" ele estendeu os braços para a construção cor-de-areia-tostada. "Por Deus, isso é tão óbvio."

 Sirius fez uma careta, a distância entre eles diminuindo um passo. 

 "Um peixe. Se você não fosse tão cabeça-dura admitiria isso!" 

 "Eu?" Remus indagou, acusatório. "Você é o único que está teimando. Arthur concorda comigo!" apontou para o corpo encolhido ao seu lado. 

 Sirius arqueou as sobrancelhas. 

 "Bom," Arthur hesitou, olhando de Sirius para Remus e de Remus para Sirius. "Parece um elefante para mim." 

 Sua careta indignada fez Remus sorrir convencido. 

 "É um peixe!" Sirius bateu o pé. "Vocês estão armando contra mim."

 "Ah, me poupe."

 Foi isso, só isso que Remus falou antes de sair, arrastando o chinelo nas pedras cobertas de areia. 

 Sirius arregalou os olhos. 

 Procurando por Arthur em busca de respostas, ficou insatisfeito com o dar de ombros e a saída em busca dos outros turistas da excursão. 

 Batendo o pé, Sirius não conteve o franzir de cenho quando passou pela frente da construção. 

 Por que de repente ela era um elefante?




 Sirius odiava brigas. Mas mesmo assim ele estava sempre disposto a brigar se precisasse; gritos demais guardados por tempo demais esperando para serem arrancados de sua garganta; respostas afiadas na ponta de sua língua e força o suficiente para um escudo físico, os braços não o deixando apanhar tanto. Mas Sirius odiava brigas. 

 Sirius odiava coisas mal resolvidas, qualquer coisa mal resolvida. 

 E, havia algo que falavam na igreja, algo que ninguém na casa Black seguia: não se dorme brigado com alguém. 

 Por isso, e não pela sensação angustiante que era não ter Monny contando curiosidades nada importantes sobre o local que estavam, ou sendo gentil e sarcástico ao mesmo tempo ou só passando o tempo ali, lendo um livro qualquer do seu lado. Por isso,  por isso, Sirius andou um corredor a mais na hora de dormir. 

 Toc toc. 

 "Quem é?" 

 "Não é eu."

 A porta abriu. 

 Eles se encararam

 "A sua frase não faz sentido." Remus pontuou, a cara de tédio fazendo a mão de Sirius tremer. Só um pouquinho. 

 Ele não queria ter perdido o melhor amigo dele em uma discussão idiota.

 Ele não queria perder o melhor amigo dele. 

 "A nossa discussão também não." foi direto ao ponto.

 "É."

 Eles se encararam. 

 "Foi idiota." o coro das vozes repercurtiu pelas paredes finas, um resmungo soou do quarto vizinho e Sirius prendeu o sorriso. 

 "Então você não está bravo?" Sirius perguntou, querendo a garantia que a concordância de opiniões não significava algo errado. 

 "Não. Você tá?" 

 "Não."

 Remus assentiu, o movimento de seu corpo fazendo a porta ranger e mais um resmungo passar pelas paredes.

 "Então nós ainda somos amigos?" 

 Sirius tensionou os ombros. A careta que Remus fez não deveria significar que sim. 

 "Sim," ele respondeu, a gentileza sendo estranha aos ouvidos de Sirius. "Nós ainda somos amigos."

 "Ah," Sirius sorriu sem jeito, a frase sendo completada por acenos de cabeças repetidos. 

 Eles se encararam. 

 Sirius estava prestes a se virar quando a voz de Remus voltou a soar. 

 "Sirius," ele abriu a boca, querendo falar algo. Logo a fechou e a abriu mais uma vez, só para fechá-la de novo. Sirius o olhava com total atenção. Remus, no final, parecendo achar as palavras certas, contou: "Era a posição. Na frente, a pedra parece um elefante. De lado, um peixe. Se eu tivesse lido sobre antes, aquela discussão boba não teria acontecido."

 Ah, então era isso. 

 Sirius assentiu, desanimado. 

 "Eu estava certo então." sorriu. 

 Remus torceu os lábios. 

 "Vai dormir, Sirius."



 (andando para o seu quarto, Sirius teve a realização repentina de que a excursão estava acabando. amanhã eles já estariam em uma nova viagem para uma nova maravilha e para cada vez mais perto de Sirius ter que se estabilizar e esperar por Regulus. a excursão estava acabando e, a chance de Sirius encontrar o que nem lembrava que procurava também. 

 Sirius estava procurando sua alma-gêmea. Sirius estava procurando sua alma-gêmea. Sirius estava procurando sua alma-gêmea. 

Sirius estava procurando sua alma-gêmea.

 ele abriu a porta de seu quarto e, com outra realização repentina, Sirius parou:

 ele não tinha tocado Remus ainda.)

the wonders of the world, WOLFSTAROnde histórias criam vida. Descubra agora