Capítulo 16

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Eu nunca te mandei carta alguma, Tobirama.

Na hora em que o ouviu, foi uma revelação tão grande que teve que expirar e inspirar algumas vezes para finalmente conseguir entender algo. Seus pulmões endureceram, uma ânsia se apossou no fígado e no estômago, como se fosse lhe fazer vomitar. Seu corpo inteiro doeu, por um segundo; e ainda conseguiu rir, achando que foi algum tipo de brincadeira.

— Como assim não enviou? Você já me mandou algumas cartas... Você... Não se lembra?

Izuna ficou o encarando, embasbacado. E fez o mesmo por um tempo, antes de entender que o silêncio era uma negação para sua afirmação, e isso quase lhe fez desmoronar ali. Não era possível. Como isso poderia acontecer? Como alguém o enviaria aquelas palavras como se fosse ele? Quem seria tão cruel a este ponto? Engoliu saliva, franzindo um pouco a face, fazendo uma cara de quem vai chorar. O Uchiha murmurou algo que não conseguiu ouvir, e não se deu ao trabalho, somente agarrou o ombro dele com força, mas não o puxou para abraço ou qualquer coisa, só se agarrou a ele como se o chão estivesse desaparecendo naquele momento.

De repente, o moreno levantou a cabeça, olhando-o com um misto de preocupação e ansiedade. Ele estava vermelho, muito vermelho.

— Como? — ele perguntou, e não o entendeu, por um instante — Não as mandei para você, como sabe delas?

— O quê...? — suspirou fundo, franzindo novamente o cenho, como se estivesse com raiva, contudo, o menor sabia que era somente um misto de frustração — Você as escreveu, então? — Izuna demorou, porém anuiu em consentimento, segurando a mão que o agarrava. Tobirama sentiu como se tivesse somente levado um grande susto de repente, a sensação ruim ainda estava percorrendo seus músculos, todavia, sabia que já não havia com o que se preocupar — Deus do céu, quase me matou do coração, Izuna. Não faça isso...

O puxou para um abraço no mesmo momento que terminou de falar, sentindo as mãos hesitantes dele em suas costas. Sorriu contra o pescoço dele, aliviado por ter pensado em coisas que não eram verdade. Ninguém faria isso consigo, além de cruel achava ser inusitado demais. Ninguém se daria ao trabalho de o atormentar daquela forma, mesmo que tenha sofrido quando elas pararam de chegar em sua porta.

— Você não deveria ter visto elas. — o ouviu novamente e suspirou, afrouxando o aperto do abraço minimamente. Conseguia sentir a face dele queimando — Nunca as enviei para você, como é possível? Eu- — se interrompeu de repente, apertando-o mais contra si, murmurando ainda mais baixo — Aquele filho da mãe...

— Izuna? — o chamou, acariciando os cabelos — O que foi?

— Desculpe. Eu... — hesitou por um momento, suspirando para lhe dizer — Quando escrevi as cartas eu já estava aqui. Mas ainda estava na época de mudança, então ia para Konoha algumas vezes para buscar minhas coisas. Tenho quase certeza que as deixei lá da última vez. Kyojuro ou Yuki devem ter pegado, achado graça e enviado para você. Desculpe, não deveria ter deixado isso acontecer.

— Ei. — sorriu para ele, mesmo que este não pudesse ver — Tá tudo bem, não é culpa sua. E acredite, fiquei muito feliz quando as recebi.

O Senju sentiu ele relaxar um pouco, no entanto, seus braços ainda estavam tensionados.

— Elas são vergonhosas demais. — o Uchiha afirmou e o albino riu

— Somente para você. Para mim, eram como um paraíso só de pensar em você falando aquilo. — acrescentou

— Tobirama... — no início, o chamado foi repreensivo, e o maior riu de novo. Entretanto, seu sorriso murchou um pouco após as próximas frases — Quantas cartas lhe enviaram?

Cartas das quais eu não sei de onde vem (TobiIzu)Onde histórias criam vida. Descubra agora