Capítulo 5

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— O quê você faz da vida? — Edgar se encosta no balcão.

— Faço faculdade de Fisioterapia. — Comento.

— Hm, parece interessante. Você sempre teve Fisio como primeira opção?

— Sim, achava impressionante essa área e requer muito tato com as pessoas e sensibilidade. — Tomo um pouco de sorvete. — Acho que essa é a profissão para mim, minha mãe quando eu estava no ensino médio falou para eu tentar fisioterapia no vestibular porque até então, eu tinha "mãos mágicas". — Riu ao lembrar do comentário. — Ela tinha que ter sugerido massagista né, mas enfim, ela só disse isso porque eu cuidava das dores da perna dela, passando exercícios e a auxiliando.

— Mãos mágicas, uh? — Ele ri.

— Eu sei que é horrível esse nome, mas foi isso que fez eu ir pra Fisioterapia. Estou no 3 semestre.

— É isso que importa. — Ele diz. — Quantos anos você tem?

— 19 anos. — Edgar se tivesse comendo algo, essa era a hora dele jogar tudo pra fora. Ele está de olhos arregalados e parecendo surpreso. — Tudo bem? — Pergunto.

— Não... quer dizer sim, estou bem. — Ele pigarreia. — É porque você é muito nova.

— Pensou que eu fosse velha?

— Não, só não pensava que você fosse tão... — Ele enfatiza a última palavra. — nova.

— Quantos anos Você tem?

— 33. — Ele passa a mão direta atrás da cabeça. — Muito velho?

— Não. — Digo, sincera. — Só fico pensando que você deve ter se casado novo, né? Porque com 33 anos já está divorciado...

Edgar fica ereto no banco e sua postura se intensifica. Percebo que não deveria ter falado nada, droga!

— Desculpa, parece ser um assunto delicado e não é da minha conta.

— Tudo bem, não me importo de falar disso. — Ele parece tranquilo agora. — Isso já vai fazer 3 anos.

— Não precisamos conversar sobre isso...

— Não tem segredos, mesmo que nós só se encontramos 3 vezes e nem somos amigos... ainda. — Ele diz, me fitando. — É bom falar dessas coisas.

Apenas assinto.

— Me casei cedo com minha ex mulher, éramos novos e achávamos estar apaixonados. Porém, tudo aconteceu mais ou menos 3 anos e meio atrás o meu divórcio, o meu casamento com minha ex-esposa foi caindo na rotina e ficando maçante. Eu trabalhava demais e ela sempre brigava comigo, dizendo que eu "só pensava no meu trabalho e a estava deixando de lado". Realmente, vendo depois desses anos, pode ser que eu fui negligente com nossa relação, mas ela também foi. — Ele umedece os lábios. — Nós dois parecíamos ter cansado de nós mesmo, parece que não éramos aqueles jovens de 25 anos que se apaixonaram e que logo se resolveram se casar. A separação foi consequência de um romance sem amor. — Ele continua. — Apareceu outra pessoa na vida dela e eu fui deixado de lado, porém, não se deixe pensar que eu sou o coitado, decidimos juntos a separação, pensando no nosso bem.

Eu não sei porque eu puxei esse assunto se não sei o que falar depois. Agora que escutei toda sua trajetória do seu casamento e rompimento em 5 minutos, percebo que não sou a pessoa adequada para saber disso e que fui uma entrona.

— Desculpa, esse papo é conversa pra 2 anos de terapia e eu fiz você reviver isso. — Me apresso a falar. — Deve ter sido difícil pra você ver sua mulher se afastando, gostando de outro e não poder fazer nada.

Na Melhor das HipótesesOnde histórias criam vida. Descubra agora