Quase lá.

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Semideuses - eu já li essa expressão em algum livro de mitologia. Quando Poppy disse isso eu não soube o que pensar. Obviamente eu não acreditava em deuses gregos e achei uma loucura, mas, também era loucura ver vampiras com pernas distintas ou fazer coisas explodirem com o pensamento e essas coisas aconteceram comigo. Sendo quem sou e tendo visto o que vi não achei tão absurdo então eu aceitei a teoria.

Poppy disse que há um acampamento pra pessoas assim e que existem muitas pelo mundo, lá eles treinam, aprendem a usar armas como espadas e lanças e também participam de jogos de guerra. Ela disse que sempre vai pra lá no verãoe que provavelmente eu teria que ir também.

- E se eu não quiser ir? - perguntei.

- Não há escolha. Agora que você sabe, os monstros também saberão e virão atrás de você. O acampamento é essencial se você quer sobreviver.

Depois pegamos um taxi, ela foi comigo pra casa. O antigo plano era estudar matemática, mas agora havia algo mais importante, confrontar mamãe. Como de costume ela não estava então ficamos conversando enquanto esperávamos que ela chegasse - o que podia demorar um monte.

- Você disse que também enfrentou monstros, então pode me contar sua história?

- É melhor não, não se pode ficar falando esses nomes por ai - não entendi o que ela quis dizer com isso. - Então, você acredita?

- Não tenho certeza - passamos um tempo em silêncio até que eu perguntei.- Semideus significa meio humano e meio deus, certo?

- Sim.

- Então quem é seu pai?

- Meu pai é um empresário como o seu, na verdade minha mãe que é Hécate, deusa da magia. - Nesse momento Melanie entrou pela porta rapidamente.

-Claere! Então você já sabe sobre os deuses? - perguntou num tom preocupado. Ela estava ouvindo atrás da porta?

- Quer dizer que você também sabia? Sabia e nunca me contou? - eu disse muito irritada, eu confiava nela.

Melanie disse que se eu soubesse as coisas seriam piores e que ela e mamãe nem imaginavam que eu já tinha enfrentado algum monstro, pensavam que eu estava segura, mas agora que eu sabia precisava ir imediatamente para o acampamento.

- Mas Poppy disse que só é preciso ir durante o verão e ainda faltam algumas semanas.

- Normalmente sim, mas não você, não agora. - Melanie começou a arrumar uma mochila rapidamente.

- Mas e a escola? Se eu faltar essas últimas semanas vou ficar reprovada!

- Sinto muito Claere, mas esse é o nosso menor problema agora - disse Melanie.

- Eu vou com vocês - Disse Poppy - não me importo... Se não passar de ano.

- Tudo bem - Melanie disse. - passamos na sua casa no caminho pra você pedir pro seu pai, ok? - Poppy concordou.

- E mamãe? - Perguntei pensando se ela concordava com isso.

- Eu a conto quando voltar, ela vai entender.

Minha mãe era meu único parente, eu não queria ter que ir sem me despedir, na verdade eu não queria ter que ir pra o acampamento.

Melanie me deu a mochila e foi pegar as chaves do carro lá em cima. Poppy disse:

- Desculpa Claere,se eu não tivesse te contado ia ficar tudo bem.

- Não é culpa sua, eu ia acabar sabendo de alguma forma.

Melanie voltou e nos conduziu rapidamente até o carro. Enquanto dirigia ela nos contou mais alguma coisa até que chegamos à casa de Poppy. A casa era grande, um pouco antiga e lembrava um pouco o estilo grego de arquitetura com algumas colunas e tal. Poppy entrou em casa e saiu cinco minutos depois com apenas uma mochila como a minha, voltou para o carro e então seguimos para o temível acampamento.

Nós fomos de carro por longas estradas rurais. Enquanto nósseguíamos em silêncio eu pensava em minha mãe, o que ela pensaria de tudo isso, ela realmente sabe? Então me lembrei da conversa entre ela e aquele cara, eles citaram um acampamento, disseram que eu viria pra Long Island pra estar perto dele. Então ela realmente sabe e acredita em tudo isso.

A estrada estava calma e vazia até que ouvimos um "Boom!" Melanie acelerou "Boom!" novamente, aparentemente o barulho nos seguia. Melanie e Poppy pareciam apavoradas e eu fiquei também, O barulho parecia um elefante correndo com sapatos de chumbo, passos pesados. Melanie disse:

-Por favor, Só mais um pouquinho.

Nesse momento estávamos chegando perto de uma colina com um enorme pinheiro no topo. O barulho ficou mais alto e mais alto, quando olhei na direção de onde achei que vinha o barulho o vi. O sol impedia um pouco a minha visão, mas consegui distinguir uma silhueta aparentemente humana, mas tinha uns cinco metros de altura fácil.

O carro parou e nós corremos o mais rápido que podemos em direção à colina.

- Corram e não olhem pra trás! - disse Melanie.

Quando estávamos quase chegandosenti uma força imensa me esmagando, o monstro me segurou pela cintura e suspendeu-me no ar. Agora eu pude ver, ele tinha um nariz esmagado, um único olho no meio da testa e o cabelo escuro emaranhado. Apalavra "ciclope" me veio à mente neste instante. Eu me debati nas mãos do monstro, mas ele não hesitou. Melanie e Poppy haviam parado de correr e tentavam atacar o monstro.

- Claere! - gritou Melanie, ela me jogou uma adaga enquanto Poppy estava atacando o ciclope com uma espada. Eu consegui pegar a adaga no ar e golpeei contra a mão do monstro fazendo um grande corte. Ele fez um grunhido pela dor e me jogou para o lado, caí no chão perto do pinheiro e senti a dor do meu antigo - não tão antigo assim - ferimento na cabeça voltar enquanto meu estomago se contorcia com náuseas. Poppy disse "Vá!", mas elas não estavam indo bem e eu jamais as deixaria. Levantei-me, ignorei a dor e corri na direção do ciclope.

Nós lutamos em conjunto, Melanie, Poppy e eu com nossas adagas e espada - que eu não sabia de onde surgiram - atacamos ao mesmo tempo. Ele rugia com a dor, mas ainda se mantinha de pé. Então algo aconteceu, Melanie ficou meio assustadora, os ventos se agitaram ao seu redor eela ficou quase invisível como se fosse feita de névoacom expressões meio élficas, orelhas pontudas. Ela flutuou até a altura da cabeça do ciclope e o atacou.Poppy olhou pra mim e perguntou sem som"o que ela é?", mas eu estava tão surpresa quanto ela e apenas acenei com a cabeça.

Depois da transformação as coisas ficaram menos difíceis, mas não era suficiente, daí tive uma ideia. Enquanto as garotas distraíam o Ciclope eu comecei a escala-lo. Segurei-me primeiro pela calça e fui subindo até as costas, o ciclope se mexia muito tentando me derrubar ao mesmo tempo em que tentava se esquivar dos ataques de Poppy, mas me segurei o melhor possível com uma mão e com a outra finquei a adaga bem no meio de suas costas, ele respondeu com um grito caindo inconsciente no chão, eu caí junto com o monstro e meus ossos ardiam e queimavam por dentro como se tivesse quebrado cada vertebra do meu corpo, tinha esgotado todas as minhas forças. Melanie - agora em sua forma normal - me ajudou a subir o restante da colina enquanto Poppy deu um último golpe no monstro que se desfez em poeira. A última coisa que lembro antes de apagar é ter visto um homem num cavalo branco vindo em nossa direção.

A filha de Apolo - Official.Onde histórias criam vida. Descubra agora