Seja bem vindo, meu pequeno(a) coveiro(a).

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Olá, tudo bom? Claro que não que tolice minha, se estivesse você não estaria aqui, e vou avisando de antemão isto não é um livro ou poesias, são as torturas de uma noite tão sem graça e solitária quanto eu e você.

Mas que grosseria da minha parte, deixe-me apresentar-me, me chamo Andarilha, aquela que vaga pelo mundo sem vida, mais morta que um morto, e tão morta quanto você. Sou apenas algo que habita um corpo inexistente, que gradualmente vai morrendo(e espero que logo). Quero deixar avisado que, se você é uma pessoa feliz não leia isto, geralmente pessoas felizes detestam minhas escrituras, e particularmente pergunto-me como seria isso? Ser tão feliz ao ponto de odiar alguma tristeza, penso que sou tão triste ao ponto de odiar alguma felicidade, já se perguntou em algum momento quais benefícios os dois trouxeram para você? Bem no meu caso, os poucos momentos em que eu tivera felicidade fora seguido por algo vazio e indiferente, agora em relação aos meus momentos de tristeza, posso apenas lhe dizer que adiante eu sentia paz, estranho não? E se me perguntar-me como estou me sentindo agora, a única coisa que posso lhe dizer é, eu estou morta.

E agora uma das minhas torturas para vocês, esta foi a primeira vez em que morri e sabia haver morrido.

O andarilho e o coveiro.


Sinto um vazio melancólico em mim

Mesmo fingindo o sorriso vívido

Tentando esconder o nítido

Calando a voz que reside em mim.

Há um frívolo, há um nada.

Há sorrisos falecidos, o viver adormecido.


Uma verdade mentirosa, exposta o amargo da veracidade morta.

Oque sou? Em que eu me tornei?

Eu me deixei cair, eu me perdi, assassinei a criança que habitava em mim.

Aquela que podia sorrir verdades, e viver os dias de felicidade.


Sou feliz? Estou feliz?

Vivo a base de belas ilusões, forçada a acreditar em palavras vis,

Sábias mentiras cegam corações

Para onde eu fui? Quem eu fui?


Estou bem, estou bem?

Carregue este disfarce, tome esse cálice!

Não há lágrimas neste enterro

Nem os meus.


Oque morreu? Quem se foi?

Morri duas vezes, me enterram apenas uma.

Pois, aqui continuo neste cadáver ambulante.

Quem fui, já se foi...

E o não sentir a dor, doí em quem finjo que sou.


Quem sou agora, não é vivo.

É vazio; enxergo o meu passear no limbo.

Nem que fosse por segundos...

Eu queria aquele defunto, ao invés de algo nulo.


Ser humano é sentir

Oque sou então? Apenas a andarilha em meio à multidão.

Sinto algo parecido com a tristeza, mas sempre suspeito que sejam apenas camadas...


Quem é você? Quem estou sendo?

Quem eu era ontem?

Quem estou sendo hoje?

Quem está nesse lugar?


Uma linha do destino.

Em tons escuros, uma criança ferida pelo mundo.

Oque substituiu à antiga?

Se esta agora nunca esteve viva.


Uma foice que se apossou da minha mente

Um coveiro inteligente, que previu o meu corpo doente.

Sou um andarilho ambulante.

Que neste instante, procuro um semblante enterrado.


Ó! Coveiro sábio, pelas suas mãos fui desenterrada.

Agora sou um andarilho inconsciente

Com uma alma inconsistente

Que se foi, se perdeu e desistiu!

Vejo-me apenas, como um andarilho vil.


Ó! Coveiro louco, que possui o meu corpo morto.

Quem me enterrou e desenterrou

Amaldiçoou-me e tornou-me um andarilho

No fim das contas, o coveiro sou eu.

Imagino que devam estar se perguntando, porque nos chama coveiro então? Ora, olhe no espelho e verá, o único que pode te enterrar e desenterrar. Bem espero que tenham gostado deste início, eu voltarei em breve (talvez, se este corpo já não estiver em teu devido lugar), deixem suas opiniões e caso gostem, eu trarei mais, até breve meu pequeno coveiro. 

Quero agradecer ao meu melhor amigo, Dan pela capa e por me motivar a expor aquilo que sinto, obrigado por tudo. 

Pessoas felizes não gostam dos meus poemas, Escrito por A.Onde histórias criam vida. Descubra agora