◆ 05 ◆

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POV LENA

Era a semana cinco. Eu marchei para dentro da caverna, desejando que Kara apenas me deixasse inconsciente de novo ao invés do que eu sabia que estava vindo. Minha transformação, cortesia de uma vampira.

Ela não estava empoleirado na sua pedra de costume. Talvez ela ainda estivesse dormindo. Eu estava mais ou menos dez minutos adiantada. Não demorei muito dessa vez para dar à minha mãe, a mais recente de uma longa linha de mentiras sobre onde eu estava indo. As primeiras semanas, eu disse a ela que tinha pegado um emprego de garçonete, mas como eu estava sempre quebrada, eu sabia que tinha que conseguir algo mais criativo. Por final, eu escolhi dizer a ela que tinha me inscrito em um programa de exercícios intensivos para preparar pessoas para acampamentos. Ela tinha ficado horrorizada com o pensamento de mim exposta aos militares, mas eu a assegurei que tudo o que eu queria era o treinamento para ajudar com as minhas atividades extracurriculares. Atividades muito extracurriculares, desde que matar vampiros não estava em nenhum curso da faculdade sobre o qual eu já tivesse lido.

―Kara? -Eu gritei, andando mais para dentro da caverna. Uma lufada de ar veio de cima de mim. Eu me equilibrei sobre um pé e golpeei com força com o outro, jogando meu atacante para o lado. Então eu abaixei a tempo de evitar o punho que disparou direto para o meu rosto, e dei um salto mortal para trás saindo do alcance do próximo soco relâmpago.

―Muito bom! -A satisfeita voz pertencia a minha treinadora morta-viva.

Eu relaxei.

―Me testando de novo, Kara? De onde você veio, afinal?

―Lá. -Ela respondeu, apontando para cima.

Eu segui o seu gesto e vi uma pequena fenda na rocha a cerca de trinta metros acima. Como no mundo ela conseguiu chegar lá em cima?

―Assim. -Ela respondeu a minha pergunta não dita, e se impulsionou direto para cima como se tivesse sido empurrada por um elástico. Eu estava de boca aberta. Cinco semanas e ela nunca tinha feito nada parecido antes.

―Wow. Bom truque. Algo novo?

―Não, amor. - Ela disse assim que desceu com graça.

―Algo velho, como eu. Lembre-se, só porque um vampiro não está na sua frente não significa que não está em cima de você.

―Entendido. -Eu murmurei. Cinco semanas atrás eu teria corado como uma louca. Agora eu nem mesmo pisquei com a possível insinuação.

―Agora, então, vamos para a nossa fase final. Transformar você em uma sedutora.
Provavelmente vai ser a nossa maior dificuldade até agora.

―Puxa, obrigada. -Nós chegamos no que era a improvisada sala da família, que parecia bastante normal, se você não considerar as paredes de calcário e estalagmites. Kara tinha pirateado eletricidade de uma caixa de energia que ficava nas proximidades e habilmente desviado para dentro da caverna. Assim ela tinha lâmpadas, computador, e uma televisão combinada com sofá e cadeiras. Ela até tinha um aquecedor para quando se cansasse da temperatura natural da caverna de mais ou menos dez graus. Despendure algumas pinturas e acrescente algumas almofadas decorativas, e poderia ser considerada uma sala subterrânea na House Beautiful. Kara pegou o seu casaco jeans e me levou de volta para a entrada da caverna.

―Venha. Nós vamos para um salão, e eu acredito que isso vai demorar um pouco.

―Você não pode estar falando sério. -Eu a olhei com uma mistura de repulsa e descrença o meu reflexo no espelho de corpo inteiro que Kara tinha encostado contra a parede. Cinco horas no Hot Hair Salon tinha me dado a noção exata de como era passar por máquina de lavar e secar. Eu fui lavada, encerada, puxada, cortada, secada, manicurada, pedicurada, lixada, esfoliada, cacheada, enfeitada, e depois coberta por tons de maquiagem. Eu não quis nem mesmo me olhar na hora que Kara tinha voltado para me buscar, e me recusei a falar com ela todo o caminho de volta para a caverna.

𝑵𝒊𝒈𝒉𝒕 𝑯𝒖𝒏𝒕𝒓𝒆𝒔𝒔 (𝑺𝒖𝒑𝒆𝒓𝑪𝒐𝒓𝒑 𝑮𝒊𝒑)Onde histórias criam vida. Descubra agora