ɑquꪱ lᥱꪱloɑ-sᥱ o ɑmor.

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A borboleta se vê envasada em desespero e lama. Todo o antigo fulgor, que tivera na alma boa; Abandona-te a glória; a ambição lhe atraiçoa. Livrando-se da própria dignidade por bens desejados. Pausada ao alto do palco de madeira antiga e barulhenta, o cheiro do próprio perfume lhe embriagando, se vê sob todos mas ainda menor que a maioria. A destra envolvendo tuas curvas, enquanto tentava respirar com calmaria por de baixo da máscara. Não estava nervosa, exalava como sempre aquela confiança que inventa a todo instante. Naquele momento o céu da mais bela primavera possuía o mesmo tom da pele de Morgane.
O homem ao teu lado trajava um terno escuro, baixo e com aquele bigode que se arrebitava nas pontas. Sua voz era grossa, em contraste com teu pouco tamanho, quando soava no microfone surpreendia até quem já lhe conhecia. Era o escolhido para anunciar as garotas que de tão bom grado ofereceram-se para um bem maior, uma instituição de caridade para a limpeza dos oceanos e preservação da vida marinha, entretanto Lis achava besteira. Pensava que os próprios animais podiam limpar tuas casas, afinal teu pai muitas vezes xingava o vizinho de animal e a casa do mesmo estava sempre impecável. Por isso não sentiriam falta do dinheiro que ela por si mesma arrecadaria.

O rapaz não apresentava as jovens, deixava para que teus futuros companheiros descobrissem por si próprios sobre a vida delas. Então simplesmente começara a anunciar os lances. Iniciaram baixos... Mais do que ela esperava; " Quem da 50? " ────── Cinquenta? Acha que valho apenas isto? ── resmungou baixo para o homem, com um tom grosseiro o suficiente para que aumentasse as leiloadas. " Eu ouvi duzentos? " - A verdade que poucos eram os que se interessavam por uma garota que sequer mostrava o rosto, e ainda mais estando rodeada por borboletas. - Lis cruzava os braços, impaciente e bem menos animada do que antes estava. Apenas dois senhores de muita idade disputavam por ela, com preços tão baixos que mais pareciam estar caçoando com a mesma.

" Eu dou mil! " praticamente nada comparado ao que as outras conseguiram, mas alto o bastante para fazer com que os dois homens desistissem. Parte da loura torcia para que se tratasse de um galã bem apessoado, mas certamente não seria tão sortuda. O dono da voz parecia ter entre 50 e 99 anos ( ela não tinha certeza ), cabelos negros mas tantas rugas que seus traços faciais quase sumiam por inteiro. ────── Não, não, não! Não pode deixar esse velho me levar para sair! ── mas o anunciador à ignorou por completa, voltando a falar ao microfone: " Mais algum lance? Dou-lhe uma, dou-lhe duas... "

A blusa bordada a mão em algo que aparenta ser minúsculas jóias presas à costura, o cobre desde o pescoço até os pulsos. Não é uma coroa que recai sobre os fios castanhos, mas algo como uma tiara feita de galhos espinhosos e folhas murchas. Gélidos anéis brincam nas falanges empalidecidas, e lápis de olho modula as orbes, escondendo o que quer que haja por trás do luxo que tanto desfruta. Entendia-se, antes de morrer tendo o vislumbre singular das borboletas, e renascer esquadrinhando as curvas que seus corpo fazia naquilo que ela, Chrysalis, chamava de vestido.

────── Espere! Eu dou mil, e um centavo. ── risadas abafadas tomam o ambiente, por cima de murmúrios incrédulos sobre o pronunciamento do imperador. É a primeira vez que participa, e apenas acrescenta um centavo. O senhor que tanto lhe queria, lançou um olhar de súplica a Pietro, como se pedisse para que parasse de besteira, e quando apenas recebeu um dar de ombros como resposta, aumentou o valor.

Não podia ver, ninguém podia, mas com o soar da voz de Pietro, que decerto qualquer estúpida alma agraciaria-se, tua expressão não tomou um formato de gratidão pelo salvamento das mãos do velho, na verdade ambas de tuas sobrancelhas se franziram junto ao abrir de boca extremamente ofendido com o que foi dito. Fora uma missão quase impossível não bater os pés contra o piso amadeirado como uma criança birrenta e arrumar uma maneira de jogar baldes d'água em todos aqueles que caçoavam dela. Nunca odiou tanto ter tentado ser caridosa como naquele instante, mais cedo teria tentado dar um petisco - para cachorro - para um gato e tendo como resposta um arranhão em sua tez. Pensava que se pudessem teu rosto ver, certamente não estariam rindo desta maneira e sim implorando por tua atenção.

𝐄𝐅𝐄𝐈𝐓𝐎 𝐁𝐎𝐑𝐁𝐎𝐋𝐄𝐓𝐀; prꪱncᥱrosᥱ.Onde histórias criam vida. Descubra agora