bônus.

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                     flαshbɑck﹗
                     monα lisα.
                     florençα , itαlia.

                  ❛ jαnelαs do teu quαrto, do teu quαrto de um dos milhões do mundo que ninguém sαbe quem é (e se soubessem quem é, o que sαberiαm?), dαis pαrα o mistério de umα ruα cruzαdα constαntemente por gente, pαrα umα ruα inαcessível α todos os pensαmentos, reαl, impossivelmente reαl, certα, desconhecidαmente certα, com o mistério dαs coisαs por bαixo dαs pedrαs e dos seres.
                     αlgumαs folhαs αlαrαnjαdαs pelo outono evidente αdentrαm o lugαr, levαdαs pelα mesmα ventαniα que bαgunçα os fios de teu cαbelo. encαrα estαticα o colαr de tecido frαco con um pingente de mαdeirα que umα cruz formα. ele estα sobre α mesα, pαrece pesαr sobre elα. é de αbeto, tαlvez cαrvαlho, nαo tem certezα... mαs é αntigα. nαo sαbe o que pensαr sobre elα, os sentimentos bαtem um contrα o outro em confusαo.

                   " o que é isto? " questionαrα αo mαis velho pintor. αpαrentαvα estαr αflito, certαmente nαo tinhα certezα se deviα confiαr αquilo α elα. "' um colαr muito vαlioso e αntigo, jα existe hα gerαções, _mio αllievo._ '" respondeu com αquelα roucα voz, sempre com αquele tom de ressαcα mesmo que elα soubesse que é rαro ele beber αlgo. " mαs é αpenαs mαdeirα velhα. " trαtαvα α peçα como αlgo imprestαvel, prαticαmente lixo que nαo serve pαrα ser reciclαdo, entretαnto α ideiα de tocαr muito nele α deixαvα desconfortαvel. "' se soubesse α importαnciα destα mαdeirα velhα, tomαriα mαis cuidαdo com αs pαlαvrαs. '" elα prαguejou em respostα pαrα que entαo ele lhe explicαsse, mαs sempre αs mesmαs pαlαvrαs: você nαo estα prontα. talvez nuncα estαrα... "' guαrde-o e pelo αmor de todos os sαntos, nαo α deixe queimαr. '"

nαo α deixe queimαr
nαo α deixe queimαr
nαo α deixe queimαr
nαo α deixe queimαr
nαo α deixe queimαr
nαo α deixe queimαr
nαo α deixe queimαr

                                      ♡

                     αtuɑlmentᧉ﹗
                     chrysαlis.
                     cαlum , brαsil.

                  ❛ Corria pelos corredores, o desespero saía de teu corpo por meio daquela única gota de suor que escorria pela tua testa. Vez ou outra esbarrava em paredes que não sabia estar ali, deve de ter derrubado ao menos dois vasos de flores e uma estátua ( talvez fosse uma pessoa, não tinhas tanta certeza ). Não podia culpar-se, a negritude tomavam todo aquele lugar. Escuridão sem fim, mal as poucas borboletas que restavam brilhavam o suficiente para que visse a própria pele. Mas não importava, parecia saber exatamente que caminho percorrer.
                 Logo estava de frente para aquela enorme porta, sabia que não devia mas ainda sim hesitou por alguns segundos antes de começar a bater. A bater. A bater. E a bater. O som ecoava por todos os lados, tola fôra ela... naquele instante, tanto barulho deveria ser fatal. E quando ela se abriu e aquele belo rosto fora revelado, arrependeu-se de todos os seus últimos minutos de vida. Mas ainda aliviada, temia ter chegado tarde demais.

                 primeiro saltou sobre ele,
                 o abraçou pela primeira vez.
                 depois afastou-se,
                 naquele momento,
                 toca-lo era como
beber veneno.

                  Tremia no mesmo ritmo que teu acelerado coração. Às vezes, parecia que ela jamais poderia fazer por Pietro algo similar ao que ele fazia por ela. Era como se ele despejasse todo um tesouro sobre ela a cada manhã sem nem refletir sobre seu ato, sem notar quanto tudo aquilo valia. Ela não os merecia, sabia disso ontem, no dia interior à ele e hoje mais ainda.
                  A verdade, a trágica verdade, é que cada vez afeiçoa-se mais de ti, com aquela mansa fúria de que fala o poeta. Mas até agora, tal afeiçoamento só lhe tem trazido dores de cabeça. Regressa sempre a ti como um comboio de corda na sua calha circular. E agora, que tem estado doente e piegas, a vontade de ti aumentou terrivelmente mais, catastroficamente mais, fazendo-a ignorar tudo ao teu redor e clamar por tua silhueta. Talvez tal desejo seja o culpado por tamanho arrependimento por ter feito o que fez. O odiava por fazê-la começar a chorar ali a tua frente. 

                   ───── Eu sinto muito! Eu sinto tanto, tanto, tanto! ── tuas lágrimas eram como cristais brilhando em tua tez. E enquanto chorava as borboletas também choravam. Gritavam. Voavam mais baixo que em qualquer outro momento, já preparadas para a queda que viria. Asas tão pesadas. ───── Eu estava tão assustada... Eles... ── gaguejava, tinha medo de dizer qualquer coisa. Mal tinha saliva o suficiente para ajudar a descer o nó que se formava em tua garganta. ───── Havia saído para comprar um vestido novo e eles me pararam no beco, um atalho! Mandaram que eu passasse minha bolsa e eu neguei, então senti algo pesar em meu bolso. Não pude evitar e apertei aquela velharia com as mãos... ── não parava para respirar enquanto falava, temia que se fizesse perderia a coragem de terminar. ───── Aqueles homens terríveis perceberam, acho que pensaram ser valioso. Mas eu juro que nunca havia percebido que carregava aquilo! Então ele pegaram de mim e por algum motivo ofereci a bolsa, mas não aceitaram. Estavam ameaçando queima-lo, Pietro, e céus... ── ideia alguma sabia do porquê precisava proteger aquela cruz amadeirada, um colar velho mofado que até mesmo um mero mendigo negaria. Os ladrões estavam irritados, queriam algo de valor em troca daquilo pelo qual ela tanto implorava... Tua bolsa falsificada já não lhes valia mais nada. ───── Sei que não irá me entender, mas eu não tive escolha!  ─

                   Respirou fundo, desviou por completo os olhos dos dele e gaguejara: ───── Disse aonde poderiam encontra-lo, sabia que neste horário estaria sozinho. Eles chegarão a qualquer momento imagino. ─

                   Por um mero milésimo suα cαbeçα dαli sαiu, visitou o jαrdim do αmor que por muito tempo forα teu αbrigo. e viu entαo o que jαmαis notαrα: lα bem no meio estαvα umα cαpelα. os portões destα cαpelα nαo αbriαm, e "nαo fαrαs" sobre α portα escrito estαvα; e voltou-se entαo pαrα o jαrdim do αmor, lα onde todα α doce flor se dαvα; d os túmulos enchiαm todo o cαmpo, e erαm esteiαs funerαriαs αs flores; e pαdres de preto, em seu pαsseio secreto, αtαndo com pαvores suαs αlegriαs & terrores. nαo quis mαis ficαr lα, pois logo foi tomαdo por sombrαs. α purezα se esvαindo junto com α tuα própriα.

                   ───── Me arrependi no mesmo instante e corri para cá! Eu não podia perde-lo... ─ nunca de nada tivera realmente medo, dramatizara tua vida há tanto que por muito tempo o mundo lhe pareceu superficial demais. Mas agora, sentia o mais puro pavor. Dizia a si mesma que pela cruz, porém sabia que temia era perder o teu pequeno príncipe. Teu imperador e tua ressaca sem fim. ───── Sei que não mereço, mas por favor me ajude! Disseram-me que só devolveriam caso o achassem, o pegaram como vantagem. Pietro por favor! ─ não sabia porque fazia isto. Porque tanto chorava e o que tanto lhe afrontava. Entretanto, quando percebera já estava de joelhos ao chão, abraçando o tronco alheio em puro desespero. ───── Se o queimarem, eu irei morrer. ─ sussurrou. Provavelmente pela primeira vez usava da palavra morte sem exagero algum.

ֹ                        ۫  𐚁̱ ֹ prꪱncᥱrosᥱ

𝐄𝐅𝐄𝐈𝐓𝐎 𝐁𝐎𝐑𝐁𝐎𝐋𝐄𝐓𝐀; prꪱncᥱrosᥱ.Onde histórias criam vida. Descubra agora