2. Sim, está tudo bem

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Acordei cedo e resolvi limpar aquela bagunça. Juntei tantos cacos que nem ousando medir esforços, conseguiria calcular. Quis fazer um simples café da manhã, achei que uma omelete e um pouco de arroz me seria suficiente, mas mesmo me sentindo um pouco pesado, eu merecia comer bem, então caprichei um pouco mais.

Eu não podia dar espaço às preocupações, ontem havia sido um dia horrível, mas eu também tinha o direito de recomeçar. Embora estivesse um pouco cansado agora, não me via tão perdido no momento, pois tinha algumas economias e elas poderiam me salvar por um período.

Hoje é quinta-feira, e quando criança, papai e eu sempre costumávamos sair bem cedo e alimentar alguns pombos no parque. Depois que ele faleceu, passei a fazer isso sozinho, era como se fosse sagrado para nós, então não poderia abrir mão daquilo. Por vezes me parece uma memória triste, pensar nele, sabe?! Ele parecia ser a única pessoa que me ouvia, fazia eu me sentir seguro em um mundo tão frenético. Mas, admito, não tão distante, papai nunca deixou de ser a minha melhor memória.

Vesti algo confortável e finalizei meu vestuário com um par de tênis. Peguei os fones, a bicicleta e pedalei até uma padaria para comprar pão e distribuir aos pombos. Já no parque, me aproximei do banco de ferro, o único dali, que costumávamos nos sentar, permitia alimentar os pombos e ainda observar o rio Han, que também percorria por ali. Esquecer o dia de ontem era o que eu mais queria, e a sensação de estar naquele lugar era mais do que reconfortante.

A brisa batia sobre o meu rosto e a música lenta nos fones me trazia as boas energias que eu estava precisando. Ousei dizer que tudo aquilo era uma tolice, no final das contas eu só estava tentando não chorar, ainda não o havia feito, doía um pouco por dentro. 

Olá, Quinta-feira!Onde histórias criam vida. Descubra agora