Capítulo 26: O maldito choro

784 76 6
                                    

Se antes eu já estava alterada por conta das dores estranhas, agora estava ainda mais. Meu sangue fervia, não sabia ao certo se era raiva, fome ou simplesmente efeito nesse sintomas infernal que veio de repente. Naquele momento só conseguia pensar em sangue, e por mais que eu estivesse me torturando para me distrair eu não conseguia, minha mente não deixava, é como se tudo estivesse contra mim, e isso me apavora. Não conseguir me controlar, não conseguir controlar meu próprio corpo é apavorante , dá impressão que ao qualquer momento eu posso fazer uma burrada  e só vou me dar de conta depois de tudo se destruir. 

Abro a porta do banheiro com força e não espero um segundo para dá passos depressa indo em direção a saída. Ignoro os empurrões que levo e foco só em ir para um lugar seguro que não estivesse ninguém. Escuto uma risada familiar e não consigo passar despercebido. Acompanho o som me dando a visão do meu irmão abraçado ao risos com Elena. Não consigo deixar de lado e continuar, eu fazia questão de me torturar vendo o quanto eu era uma idiota. Ver eles rindo parecendo que estão vivendo em um conto de fadas me irritava, parecia que eu era a única infeliz, parecia que só eu não encontrava a felicidade. Não importava para eles que tudo estava se repetindo, eles só se importavam em ser felizes de novo, mesmo que isso fosse um erro. Aquilo me dava raiva, ver eles se negando a verdade me irritava, ver eles fazendo eu passar por tudo de novo me fazia querer surtar. Eles estavam me abandonando, de novo.

Não aguento isso, não aguento ter que olhar isso novamente e fingir que no final quem vai levar culpa sou eu. Não importa de quem vai se magoar com essa história, no final vai ser só mais um trauma. Saio dali quando percebo que estou igual uma estranha parada em um transe depressivo. Ando pela a floresta afastando todas lembranças horríveis e só foco dos meus pés pisando da terra molhada. Em um silêncio assustador meu celular toca ecoando por todo ambiente. Tiro no bolso apesar de não ter a mínima vontade de atender, me surpreendo com o nome de Klaus aparecendo na tela, e como eu queria desligar e continuar andando até tudo passar, mas por causa de um maldito instinto eu atendo colocando do alta voz.

- Finalmente atendeu, eu te mandei milhões de mensagens. - Nem vi isso - Sei que minha irmã foi atrás da sua piedade, onde ela está? E é melhor não neg.. - O interrompo não aguentando mais sua voz.

- Ela está morando em uma casa do meio da floresta. É só seguir a trilha. - Desligo o telefone antes de qualquer outra enrolação que pudesse me estressar mais do que já estou.

Me sento no pé de um árvore me escorando no tronco a busca de ao menos tentar me acalmar. Eu não tinha condições de ir para casa, além de ser longe eu com certeza pararia meu trajeto para vomitar ou até mesmo para cometer uma chacina de tanta fome que sentia. Olho a volta respirando o cheiro de terra molhada e aprecio aquele lugar que eu tanto amava no passado, incrível como agora eu só sentia desprezo.

Tudo parecia me incomodar, tudo que estava ao meu redor me estressava de alguma forma, e ainda tinha minha maldita mente que não me deixava em paz, parecia que meu cérebro se divertia me torturando com lembranças que se pudesse, apagaria na minha memória para sempre. Minha respiração era ofegante junto com meu coração acelerado, minhas mãos trêmulas que me faziam parecer que estava com frio, e também contava com meus lábios tão secos ao ponto de ficarem cinzas e rachados. Levantei minha cabeça olhando ao céu percebendo a lua se tornar presente, estava anoitecendo, finalmente.

De repente meus ouvidos são preenchidos por outro barulho, mas nesta vez não era o som de celular, mas sim de um insuportável choro de bebê. Aquilo era impossível, não tinha como ter um bebê aqui, ao não ser que realmente tudo esteja acontecendo de novo.

1864

CLARRYSSE SALVATORE 

Nada mais fazia sentido, minha existência não fazia mais sentido, nem o fato de meu coração  ainda bater fazia sentido. Eu não tinha ao menos palavras para descrever oque tinha acontecido comigo, não sabia nem se aquilo era verdade ou eu só estava delirando igual uma louca, não sabia de nada, estava completamente fora mim. Meu corpo de algum jeito andava, sem rumo, mas andava, e pelo menos aquilo eu tinha consciência. Andava pela a floresta lutando para não cair por causa da fraqueza, tentava parar de andar para pensar oque eu podia fazer mas por algum controle eu não conseguia, não tinha controle sobre meus membros.

Um amor através de um anel | Klaus Mikaelson Onde histórias criam vida. Descubra agora