Capítulo 3|O sim e a zona

66 11 216
                                    

Regra 2:
Art.3º- Cada clã deverá determinar a faixa etária para o alistamento e recrutamento de crianças.
- Lei dos clãs
*

      Clay ergueu seu rosto para encarar a menina. Ele olhou fixamente para aqueles olhos lilás, extremamente lilás, ele sabia da lenda que dizia que quanto mais forte a cor dos olhos de um delauano mais forte é seu dom. Talvez eles não estivessem tão reluzentes como antes, mas ainda sim estavam forte.

    — Olá também Vênus, como você está? — Ele ironizou.

     A jovem revirou os olhos e ele riu, gostava do ar de deboche que Vênus tinha, lembrava a uma pessoa. Talvez fosse a Mary, sua mãe.

     — Vi você treinando mais cedo e devo admitir que suas habilidades com a adaga são únicas! Diga-me como vai seu dom da verdade? Já te testaram esse ano?

     Ela sentou na cadeira e colocou seus pés na mesa demonstrando seu total desinteresse para qualquer que seja a conversa.

     — E você me chamou aqui apenas para me elogiar? — indagou desconfiada.

    — Eu te chamei aqui porque tenho uma proposta.

    — Não serei babá do Nyran!

Avisou arrancando uma gargalhada do comandante.

    — Não mesmo..... Você e Nyran juntos seria com certeza um dia sangrento, eu vi seu olhar pra ele lá embaixo. Eu salvei uma garota semana passada da fronteira de Virgo, ela não está colaborando muito.

A ladra juntou os olhos e arqueou a sobrancelha, intrigada.

É talvez ela se parecesse com Mary, a mãe do comandante era tão perversa e debochada quanto ela.

   — E o que eu tenho a ver com isso?

    — Você tem uma personalidade forte, é determinada! — explicou ele.

    — Você pode ir direto ao ponto? Ao ponto que vocês me propõem o absurdo só para eu negar.

     Ele arqueou as grossas sobrancelhas como Nyran costumava fazer, os dois se pareciam em quase tudo. Olhar para o comandante era a mesma coisa de olhar para o Nyran, o diferencial era o cabelo, o comandante Clay tinha cabelos grandes, tão grandes que ele os prendia em um coque, enquanto seu filho os mantinha baixo. Clay tinha os olhos lilás mais reluzentes e cicatrizes em seu braço musculoso demonstrando quantos inimigos já enfrentou.

O comandante não era velho, mas também não era novo, porém dava pra notar alguns cabelos grisalhos em sua cabeça.

     — Quero que você cuide da garota, ela é cabeça dura como você. Acho que vocês duas se darão bem. —Revelou.

      Clay estava nervoso e com medo da garota não aceitar sua proposta, havia resgatado Emma já fazia uma semana e não sabia o que fazer com a bomba que a menina era. Talvez ele se arrependeria daquela proposta mais tarde, mas ele implorava aos Magos e aos elementos para que as duas bombas se entendessem e ele não precisasse achar outro lugar para Emma.

     A risada da ladra ecoava pela sala a algum tempo, alta e esganiçada, o comandante Clay estava mesmo pedindo a ela para ensinar uma menina a se comportar? Ela, que não era e nunca foi referência para nenhuma criança do orfanato?

  — Terminou de rir, Vênus?

O comandante indagou e franziu sua testa, ele se sentia um tolo por pensar que poderia dar uma segunda chance a Vênus.

  — Calma — ela pediu entre risos. — Então quer dizer que pra ser recrutada eu não sirvo, mas para cuidar de uma pirralha eu sirvo? Chama o Derek, ele é seu servo fiel.

A Verdade de VênusOnde histórias criam vida. Descubra agora