Capítulo 4 |Bem vinda a zona

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Art 6º- Todos os estudantes de Zonas serão convocados em caso de guerras.
- Leis dos clãs
*

    A Zona era bem diferente do que ela pensava, não era um centro de treinamento em si. As estradas não eram desajeitadas como na vila, o ar era limpo e não fedia a esgoto, parecia até um outro clã, a jovem se deparou com um enorme castelo antigo de luxo, ao passar pelo portão de entrada, o cheiro dos lírios invadiram o local, haviam flores pra todo canto, ela nunca tinha visto tantas espécies como aquelas, havia crisântemos, girassóis, tulipas, orquídeas e as mais belas rosas.

     A primeira coisa que notou ao olhar para aquele lugar era que a pintura amarela da parede estava completa, longe de ser como no orfanato. A mansão tinha enormes janelas cravejadas em diamantes que brilhavam quando o sol batia em cima, em cada andar havia o circulo roxo, o símbolo de Delaunay, exposto por todo canto, no topo da estrutura haviam torres altas e mais símbolos.

     — Preciso revistá-la.

Um dos muitos guardas avisou antes de começar a apalpar seus bolsos.

     Em cada andar o luxo era estampado até nas persianas. Vênus teve nojo, nojo de como eles viviam, nojo do contraste entre a Zona e o resto do clã, nojo da desigualdade.

   — Tudo certo, aqui esta seu manual.

    Ela pegou o papel das mãos do guarda e abriu para ler, os recrutados eram divididos por andares: O primeiro andar eram todos de nível zero ao um; o segundo era do nível dois ao três; o terceiro andar era de quatro a seis e o quarto junto da cobertura era do nível sete a oito.

   Como a ladra era uma sênior foi colocada no terceiro andar, mesmo que muitos daqueles que moraram no orfanato assim como ela estivessem no quarto andar, Vênus entendia que os treinos do orfanato não eram o suficiente para colocá-la no quarto andar junto de Peter e Líria.

   — Seja bem vinda a Zona! — uma mulher preta, saudou. — A propósito, meu nome é Alika.

Era uma guerreira? Pensou Vênus.

   A mulher tinha cicatrizes de garras nos olhos e diferentemente do povo de Delaunay, ela não tinha os olhos tão lilás, estava mais para um rosado. Seu cabelo escuro estava todo trançado como em dreads e seu corpo era definido como uma guerreira nata. As vestes comprovavam a teoria, ela vestia um uniforme de couro nórdico e um colete com o broche de Delaunay.

   — O meu é Vênus! — Respondeu e apertou a mão da mulher.

   Alika a avaliou de cima a baixo o que deixou Vênus desconfortável. A guerreira já tinha ouvido falar da jovem encrenqueira e seus olhos vívidos, mas não imaginava que ela fosse tão angelical para alguém com a fama de tirar o comandante do serio.

   — Ah, outra encrenqueira. — constatou e em seguida cobriu a boca espantada com o que tinha falado.

  —Pelo visto estou famosa.

    Vênus havia usado o dom da verdade contra ela, mas como? Alika sempre conseguia disfarçar que não pertencia àquele clã, mas com Vênus só bastou um toque para revelar uma verdade.

  — Eu não quis dizer isso! — confessou.

  — Como eu consigo arrancar a verdade de você, se é uma Delauana?

  —Sou uma Artemise! — Alika revelou.

   A guerreira abaixou a cabeça, nunca havia falado aquilo em voz alta. Todos sabiam quem ela era então nunca precisou falar.

  —Oh, sinto muito.

   Graças ao Fenry, Vênus já tinha ouvido várias histórias sobre as Artemises, eram mulheres que foram traficadas por homens como forma de pagamento. As famílias que não tinham dinheiro, vendiam suas filhas ou davam em garantia para mercadores, já que os meninos não podiam porque eram úteis para seus pais, muitas crianças até conseguiam voltar para suas famílias quando os pais pagavam a dívida, mas outras, viravam Artemises. Não pertenciam a nenhum clã, apenas onde servia.

A Verdade de VênusOnde histórias criam vida. Descubra agora