V (Parte 1)

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A noite passou tranquila e antes das oito da manhã estávamos todos acordados só para ouvir o aviso.

Assim que às oito da manhã chegaram o aviso passou na televisão de todas as casas e dormitórios.

Fomos para cima para nos vestimos e quando chegámos lá, Maya já estava vestida à nossa espera.

Assim que nos viu deu-me beijo na bochecha e pediu para a perdoar por aquilo que disse ontem e por os ter deixado sozinhos.

Eu afastei-a ainda magoado com a reação dela de ontem de manhã, mas disse:

— Maya se tivesses estado connosco também podias ter sido vítima deles. Eu preferia apanhar mil vezes sozinho do que te ver a sofrer nas mãos de alguém. Pensei que já tinhas percebido isso... E eu já te perdoei ontem à noite quando estavas lá ao pé de mim e ajudaste-me a trazer o Richard de volta.

— Tens razão, mas queria fazer o pedido de desculpas de maneira mais oficial e para vocês os dois. — explicou Maya.

— E eu não mereço um beijinho nem um pedido de desculpas? — perguntou Richard a rir-se em tom de brincadeira.

— Claro que sim maninho! — disse Maya que foi ter com o irmão abraçou-o forte e deu-lhe um beijo na bochecha. — Vá agora despachem-se. Tenho a sensação de que o dia hoje vai ser diferente.

Ela começou a sair do quarto, mas antes de sair perguntou:

— Tobias... Disseste que o Micael não estava na visão do Richard e ele também não vos bateu?

— Sim, exatamente. Porquê? — perguntei eu curioso.

— Por nada... Só curiosidade mesmo. — respondeu Maya e saiu do quarto.

— O que pensas que ela quis dizer com sensação que o dia hoje vai ser diferente? E que conversa é aquela sobre o Micael? — perguntou Richard irritado.

— Pode ter a haver com o que se passou ontem. De termos enfrentado os outros. O teu pai disse ontem antes de acordares que nós não éramos os únicos intimidados por eles. Maya pode acreditar que as pessoas olham de maneira diferente para nós agora. Não sei. — respondi. — Quanto ao Micael não faço ideia, vá-se lá entender a cabeça das garotas não é? — disse eu de maneira irónica.

— De maneira diferente? Mais do que já olham? — perguntou Richard de forma irónica. — Mas e ... — começou ele a dizer, mas acabou por ser interrompido por um grito de Maya.

— RICHARD, TOBIAS, DESPACHEM-SE!!! — gritou Maya do andar debaixo.

— Mas que raio? — perguntei. — Anda despacha-te antes que ela venha aqui e nos enfie a roupa à força pela cabeça abaixo.

Richard riu-se, mas não discutiu. Dois minutos depois já estávamos no andar de baixo à mesa a comer o pequeno-almoço que quase fomos obrigados a engolir devido à Maya.

- Meu deus Maya tem calma. Do que estás à espera? Que todos venham falar connosco como se nada tivesse acontecido? Como se não nos tivessem virado as costas? E se fizerem isso? É suposto esquecer e perdoar? Não sei se vou conseguir. — disse eu a revirar os olhos.

— Vamos ver o que vão fazer e depois logo veem como reagir. Eu se as desculpas forem boas e se continuarem do meu lado vou perdoar, agora não se esqueçam que não devem lutar sozinhos... Eu compreendo se não perdoarem logo. — comentou Maya pensativa. — Agora mexam-se. Temos de ir para as aulas. — disse Maya sem querer discutir ou dizer o que achava devermos fazer.

Nem imaginam a minha surpresa ao chegar à escola e ver que Maya tinha razão, as coisas estavam diferentes. Eles já não nos olhavam com medo, olhavam com respeito.

Um deles foi falar com o Richard:

— Vi que eles te batem, também já fizeram isso comigo. Lamento que também tenhas sofrido como eu. — disse ele e depois tocou no braço dele, virou-se para mim e disse. — E tu Tobias, defendeste o teu amigo e sei que se fosse algum de nós também o farias. Só queria agradecer por os teres enfrentado e gostava de pedir perdão em nome de todos nós pela forma como vos tratámos. Sei que não fomos justos, mas tínhamos medo de vocês e do que significava o vosso poder. Se algum dia nos puderem perdoar vamos ficar todos agradecidos, sei que é agora muito cedo, principalmente depois do discurso que fizeram ontem e que nós não quisemos sequer ouvir. — continuou a desculpar-se.

— Não vos vou conseguir perdoar, pelo menos por agora, isso parece que vocês são interesseiros só porque vos ajudamos também com o Xavier e o grupinho de trogloditas. — respondi eu amargurado.

— Entendo. Espero fazer-vos mudar de ideias. — disse o rapaz com um sorriso.

O professor entrou na sala e a conversa acabou, a aula decorreu sem problemas.

Maya voltara a falar com a Eliane e estavam com as cabeças juntas a cochichar.

Eu não conseguia entender como Maya conseguia perdoar tão rápido Eliane, mas depois pensei que se me chateasse com o Richard assim que ele viesse falar comigo e pedir desculpa eu iria logo perdoar como se nada tivesse acontecido, não conseguia guardar rancor.

As aulas continuaram pelo resto da manhã e o professor foi embora rapidamente para estar pronto a tempo para a reunião dessa tarde.

Infelizmente para nós, os eventos do dia anterior podia ter-nos dado amigos, mas o grupo do Xavier ainda estava por nos dar muitos problemas, como, por exemplo os de agora.

À porta da sala estavam três deles, reparei que Micael não estava lá e vi que todos do grupo tinham raiva no olhar, principalmente o Rui e o Xavier.

— Ele não está com o grupo. — repara Maya.

— Ele quem? — pergunto eu com medo.

— O Micael. Ele não está ali. Pergunto-me onde é que ele está... — diz Maya pensativa.

— Eu diria que temos problemas maiores que esse. — respondi eu.

— Ah que ótimo! Estão todos aqui. Bem vindos ao inferno. Espero que se divirtam nele... — começa Xavier a dizer. — E que morram. — conclui ele com um riso maquiavélico.

Graças a Deus que os meninos tiveram uma noite descansada concordam?

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Graças a Deus que os meninos tiveram uma noite descansada concordam?

Tobias e Richard já passaram por tanto... O que será que os espera?

Porque será que Maya está interessada em saber coisas sobre o Micael?

Maya tinha razão na parte de achar que os colegas iam mudar o comportamento com eles... Tu aceitaria as desculpas?

O grupo do Xavier voltou... O que será que vão aprontar desta vez?

Os Irmãos De Sangue: Um Encontro InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora