IV (Parte 2)

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Eu sabia que estava vivo ao ouvir a voz de Alice a gritar com alguém a dizer:

— Nem penses em aproximar-te daqui. Sai. Já fizeste estrago que cheguem.

Do outro lado só ouvi um riso de escárnio e alguém a bufar de raiva.

Senti uma mão na minha perna e uma cabeça na minha coxa e percebi que alguém estava a dormir em cima de mim.

Estava tão cansado que o meu cérebro desligou e ofereceu-me uma noite péssima com pesadelos que nunca mais acabavam.

Os pesadelos que tive desta vez não foram tão vividos quanto o último, mas foram muito intensos.

Primeiro sonhei que estava a ser arrastado pelo Xavier e o seu querido grupo para o mar e que eles me afogavam, suponho que sonhei isso por saber que o espírito do Xavier é um espírito marítimo e por ele nos querer ver mortos e enterrados.

A partir daí os sonhos mudaram e foram bem mais reais.

O sonho seguinte mostra que a Maya estava prisioneira ao meu lado e eu precisava de a salvar ou morreríamos os dois. Eu conseguia vê-la na cela dela e estava muito mal tratada cheia de hematomas e feridas abertas.

O pesadelo seguinte mostrava que eu, Maya e Richard estávamos no topo de uma montanha linda, a vista era única, as nuvens viam-se de perto, o céu limpo e azul era lindo de se ver, para além do céu e das nuvens a montanha estava coberta de neve que todos adoramos. De repente Maya escorrega e cai pela montanha abaixo para a morte.

Quando esse pesadelo chegou ao fim eu acordei sobressaltado e bati com a cabeça em algo.

— Au! — queixei-me eu. — Richard?

— Está tudo bem. Não te preocupes. Temos feito vigias e ficamos com vocês os dois para não acontecer mais nenhum incidente — disse uma voz no escuro baixinho — Vou chamar a Alice e o Jonathan — e foi-se aproximando e vi ser o líder Marcus com um sorriso alívio por estar acordado.

Eu acenei e tentei agradecer, mas não conseguia, a garganta estava seca e sentia-me mal.

Eu olhei em volta e vi que bati com a cabeça numa máquina e quase que bati no candeeiro.

Senti um peso na minha perna e olhei assustado e vi a Maya a dormir em cima de mim.

— Maya. — chamei eu com voz rouca.

Maya abre os olhos devagar, fica a olhar fixamente para mim e lança-se ao meu pescoço para me abraçar.

— Oh meu deus! Tobias eu lamento imenso. — diz Maya a chorar.

— Não te preocupes com isso Maya. Podes arranjar-me um copo de água? Estou cheio de sede. — pedi eu.

Maya foi buscar o copo e ficamos em silêncio à espera que Jonathan, Alice e Marcus voltassem.

Eu olhei para o lado e vi que Richard estava lá com a cara inchada da pancada que levara e tinha alguns hematomas nos braços e supus eu no peito e ainda dormia.

— Tobias, graças a deus. — disse Alice com um suspiro, abraçando-me. — O que se passou? O que vos fizeram? Richard está cheio de hematomas, tu também tinhas um na barriga, estou preocupada, conta-me por favor. — pediu Alice quase a gritar.

Eu não conseguia entender como uns pais não conseguem perceber que um filho está constantemente a apanhar porrada de outros mas ainda assim contei o que se tinha passado hoje.

— Aqueles quatro rapazes encurralaram-nos e empurraram-nos. Foi isso. — disse eu aborrecido porque tanto Richard como Maya estavam a ser vítima de bullying, e eles não repararam, embora um fosse física e outro emocional.

Os Irmãos De Sangue: Um Encontro InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora