III (parte 3)

6 2 5
                                    

Maya estava à minha espera sentada na cama com um saco de gelo para eu aplicar na cara, e fez um gesto para eu me sentar ao lado dela.

— Deixa-me adivinhar, o Richard desculpou o comportamento do meu pai? — perguntou Maya a revirar os olhos.

Eu fiz sim, com a cabeça. A verdade é que a cara doía-me cada vez mais e começava também a doer-me a cabeça.

— Se não quiseres falar eu percebo. Só te quero agradecer por teres-me defendido. Eu ouvi e agradeço. O meu pai não tem tempo para mim, vocês também não, os meus amigos odeiam-me, até a Eliane me odeia. — Continuou ela a falar.

Quando olho para cima vejo lágrimas a escorrerem pela cara dela e limpo-as com os dedos.

Maya olha-me nos olhos enquanto lhe dou festas na cara como forma de carinho.

— Ela supostamente não é a tua melhor amiga? — perguntei eu retirando a mão da cara dela para colocar o gelo na cara, o que ajudou logo com a dor.

— Disseste bem. Supostamente... — confirmou ela com ar triste.

Houve duas coisas que notei nesse instante, a primeira era que à medida que ela falava ia ficando cada vez mais próxima de mim, a segunda era que eu queria que ela o fizesse.

— Maya... — tento eu dizer, mas ela coloca um dedo por cima dos meus lábios e avança, beijando-me.

Não posso dizer que foi um beijo apaixonado porque não foi, foi um beijo de carinho, onde também se sentia amor.

Eu não sei dizer exatamente o que senti, sempre que pensava nela era apenas como irmã, mas não a queria magoar, nem fazê-la pensar que a usei de alguma forma para me distanciar dos problemas, a verdade é que gosto demasiado dela, mas não acredito que ela seja a ideal para mim.

— Maya, pára. — pedi eu depois do beijo.

— Porquê? Não gostaste? — perguntou ela, afastando-se de imediato.

— Gostei Maya, mas a verdade é que te vejo como uma amiga, és a minha melhor amiga e não queria destruir a nossa amizade por tentarmos algo mais que isso. Mas não penses que não gostei porque gostei, mas tu e eu pertencemos a outras pessoas. Vais ver. — expliquei eu — Tu vais encontrar a pessoa certa para ti, acredita em mim.

Ela observou-me depois deu-me um abraço e um beijinho na testa e eu senti-me completo.

Precisava dela na minha vida sem dúvidas nenhumas, mas na forma de confidente e irmã, não de forma de namorada.

- Temos de arranjar um modo de todos nos ouvirem. Nós somos humanos, somos crianças tal como eles, e mais importante eu e o Richard já nos conseguimos controlar um ao outro, já não precisam de ter medo. — disse eu estarrecido

— Temos de ir para as aulas e tentar fazê-los ouvir e ver isso.

Quando chegamos à sala de aula, a aula estava quase a acabar.

Ficamos do lado de fora à espera do professor e desculpámo-nos por faltar e logo a seguir entramos na sala e trancamos a porta.

Eu chego-me à frente e tento fazer-me ouvir:

— Olá pessoal, só quero que me ouçam um pouco porque esta situação já vai longe demais, não falam connosco, ignoram-nos, passam por nós e dão-nos encontrões, falamos com vocês fazem de conta que não ouvem. Isso é incorreto, nós somos crianças. Sim, é verdade que eu e o Richard explodimos a nossa sala e quase destruímos a casa ao fazer isso, mas andamos a treinar para não magoarmos mais ninguém.

Eu faço uma pausa e olho para todos e na cara deles só viam medo.

— Acreditem, nós andámos a treinar durante meses porque me sinto horrível pelo que aconteceu. Além disso, a situação foi comigo e com o Richard é injusto deixarem de falar com a Maya só por ela ser nossa irmã, não a devem punir por algo que é culpa nossa. — tentei eu explicar, mas rapidamente vi que não valia a pena.

Todos estavam a olhar para mim, mas com ar de poucos amigos e de pouco interesse, alguns olhavam para a Maya, incluindo a suposta melhor amiga, a Eliane. Todos se começaram a mexer e houve um mais corajoso que disse:

— Queremos sair da sala, já te ouvimos, mas não temos nada a dizer, sai da frente.

Eu não me desviei então ele empurrou-me para o chão, passou-me por cima, abriu a porta e saiu e todos correram atrás dele. Quando todos saíram da sala levantei-me atordoado e senti a Maya a tremer e a chorar ao meu lado.

— Eles odeiam-nos mesmo... Maya não fiques assim. Vamos resolver. Confia em mim. — disse eu passando o braço a volta dos ombros dela.

Ela tirou o braço gentilmente e disse:

— A forma de resolver isto é eu afastar-me de vocês, só assim consigo recuperar o controlo da situação e os meus amigos de volta. Estou farta de ser tratada como uma rejeitada, de ter perdido todos os meus amigos. Odeio isto! — gritou Maya para o ar, mas sem olhar para mim.

Eu não sabia o que dizer, ela viu que nem eu, nem o Richard íamos dizer nada então saiu a correr pela porta.

— O que se passou entre vocês? — perguntou Richard tentando ignorar a situação.

— Beijámo-nos. Mas a situação ficou esclarecida… Eu vejo-a como melhor amiga, e confidente, penso que ela me beijou porque se sentia sozinha e eu dei-lhe atenção e defendi os interesses dela e isso confundiu-a. — admiti eu.

Richard riu-se com vontade e disse:

— Acreditas que ela te beijou por se sentir sozinha? Então és mesmo tapado. Ela beijou-te porque gosta de ti. Mas eu sei que fizeste o correto, senti o teu desconforto possivelmente depois do beijo, foi estranho era como se tivesse sido eu a ser beijado. — Refletiu ele.

— Vamos embora daqui. Quero ir para casa descansar, tenho uma dor de cabeça que nem imaginas. — disse eu revoltado com esta situação toda.

Saímos da sala de aula, mas logo à porta da escola estavam quatro rapazes altos que pareciam já estar lá a algum tempo, e pelo brilho dos olhos deles quando nos viram tinham visto o que procuravam, que infelizmente éramos nós.

- Aqui estão eles! Os salvadores do mundo! - disse o rapaz da frente.

Rapidamente percebi que aqueles eram os rapazes que importunavam muitas vezes o Richard e que eu já vi baterem-lhe, isso fez-me perceber que estávamos em grandes apuros e sem nenhum professor, amigo ou colega, íamos servir de saco de boxe para estes quatro rapazes.

Rapidamente percebi que aqueles eram os rapazes que importunavam muitas vezes o Richard e que eu já vi baterem-lhe, isso fez-me perceber que estávamos em grandes apuros e sem nenhum professor, amigo ou colega, íamos servir de saco de boxe para est...

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

M

ais um capítulo lançado!

Maya e Tobias têm uma relação muito especial, é lindo de se ver não é?

Maya beijou o Tobias, mas não foi correspondida será que isso a vai fazer quebrar ainda mais?

Tobias tentou falar com os colegas de turma, mas não valeu de nada, eles não quiseram ouvir e ainda o atiraram para longe.

O que será que vai acontecer agora que estão encurralados?

Fiquem desse lado e não percam os próximos capítulos!

Os Irmãos De Sangue: Um Encontro InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora